O mundo do espião mais famoso de sua majestade já deu voltas e voltas ao longo de 23 filmes que se espalham por um período de 50 anos, dando-nos alguns momentos bastante memoráveis e também outros bastante olvidáveis. No entanto “Skyfall” parece servir como uma celebração da longevidade de Bond (que comenta mesmo no filme em jeito de piada que tem como hobby a “ressurreição”) e de todas as suas aventuras. Um dos mais bem sucedidos e sem duvida o mais duradouro franchise cinematográfico conseguiu em 2012 chegar a um dos seus pontos mais altos; “Skyfall” entra directamente no panteão dos melhores filmes sobre o agente 007 (se não mesmo o melhor) e tudo se deve a um fantástico trabalho do realizador Sam Mendes, do elenco liderado por Daniel Craig e Javier Bardem (e que vilão que ele é!) e acima de tudo pela direcção de fotografia de Roger Deakins, que creio ser merecedora de mais uma nomeação ao Óscar (a décima da sua carreira).
“Skyfall” abre com um prólogo entre as ruas de Istambul onde Bond (Daniel Craig) e a agente Eve (Naomi Harris) perseguem um mercenário que acabou de roubar um disco rígido com toda a informação sobre todos os agentes secretos britânicos espalhados pelo mundo. A perseguição, talvez a forma encontrada por Mendes para dizer ao público que ele também pode fazer boas cenas de acção, vai então dando voltas e voltas até nos levar á sequência de créditos inicial onde o tema do filme é cantado por Adele, enquanto o ecrã é inundado de imagens um tanto surreais que nos dão um vislumbre do tom e do charme que o filme terá daí para a frente. Os dez primeiros minutos abrem então o apetite e colocam o público à mercê do filme.
A partir desse momento acompanhamos então James Bond numa viagem por Macau, Xangai e Reino Unido, resolvendo puzzles, conhecendo Femme Fatales e claro está lutando contra o vilão do filme, Raoul Silva, um dos vilões mais carismáticos, engenhosos e divertidos da saga 007 protagonizado por um fantástico Javier Bardem. Silva coloca não só Bond à prova como também todo o MI6, levantando mesmo algumas questões na forma como as guerras são travadas hoje em dia e quais os melhores métodos para descobrir quem é o verdadeiro inimigo de uma Nação. Tudo isto enquanto vemos não só o regresso da brilhante Judie Dench no papel de M, mas também o regresso do mítico Aston Martin DB5 (o mais famoso de todos os carros de James Bond) bem como o regresso da personagem Q (Ben Whishaw) o eterno fornecedor de gadgets e armamento da MI6 que esteve de fora dos últimos dois filmes da saga 007 e que volta de forma bastante sóbria e eficaz, sem nada de muito vistoso ou “impossível” mas bastante focado na coerência realística que Sam Mendes quis dar ao seu filme.
No seu geral, “Skyfall” é um para todos, tanto para os fãs como para o público mais casual. É um celebrar dos 50 anos de James Bond, com várias piadas e referências que remetem a filmes passados, mas é também um celebrar do futuro da personagem que perdeu um pouco daquele seu lado de super-herói invencível mas que ganhou toda uma nova dimensão mais íntima e vulnerável que o torna mais humano; diria até mais credível. É um filme que continua a manter-se fiel ao espirito dos seus antecessores mas que eleva sem dúvida nenhuma as fasquias a nível técnico e artístico e deixa bastante expectativa em relação ao futuro 24º filme de uma saga que se mostra bem viva e cheia de saúde.
Realização: Sam Mendes
Argumento: Neal Purvis, Robert Wade
Elenco: Daniel Craig, Judi Dench, Javier Bardem, Ralph Fiennes, Albert Finney,Naomie Harris, Tonia Sotiropoulou, Helen McCrory, Bérénice Marlohe, Ben Whishaw, Ola Rapace, Rory Kinnear
EUA/2012 – Ação/Aventura
Sinopse: Daniel Craig está de volta como James Bond em 007 – SKYFALL, a 23ª aventura do maior franchise de filmes de todos os tempos. A lealdade de Bond a M é testada quando esta é assombrada pelo seu passado. Quando o MI6 é atacado 007 tem de encontrar e destruir a ameaça, a qualquer custo.