25 de Abril

10 escolhas a não perder nos canais de streaming

Jim e Andy 2017 1 1 Jim e Andy 2017 1 2

Estes são os 10 diamantes em bruto que queremos partilhar com os leitores. As escolhas menos óbvias e que estão mesmo à distância de um click num tempo que nos parece infinito nas plataformas de streaming Filmin, Netflix e HBO.

1. LOVE – Netflix (Série)

Basta ter Judd Apatow como um dos criadores para já termos vontade de consumir no imediato. O produtor da série Girls junta-se ao casal Paul Rust e Lesley Arfin para criar uma comédia adulta (inspirada na vida do casal, mas queremos acreditar que apenas no seu começo) onde a intimidade, a confusão e a desilusão se cruzam com o desvairo em alegria levado ao limite ao som de uma banda sonora choruda.

2. Better Call Saul – Netflix (Série)

Em 2013, Vince Gilligan quebrou-nos o coração como nunca ninguém nos tinha feito desde a nossa adolescência. Isto porque foi o criador de uma das melhores séries de sempre, Breaking Bad (que continua com um impecável 9,5 no IMDb, 4.ª melhor série de sempre para os usuários). Breaking Bad trouxe-nos a alegria de podermos ansiar pelo advogado com as melhores gravatas e com o sentido mais apurado de problem-solving, Saul Goodman. A série passa-se antes do advogado se estabelecer em Albuquerque, Novo México, relatando as suas peripécias ainda como Jimmy McGill e servindo de base para a apresentação de outras personagens que veríamos em Breaking Bad. Bob Odenkirk no papel de Saul prova-nos porque é que não nos cansamos deste universo, ao contrário do que foi assistir a “El Camino” (filme que nos deu a conhecer a continuidade da personagem de Jesse Pinkman e que preferíamos que não o tivesse feito).

3. Um Profeta – Filmin (Cinema)

O filme de 2009 de Jacques Audiard, responsável por um dos maiores remakes feitos até hoje e com o melhor título, “De Tanto Bater o Meu Coração Parou”, deixa-nos uma réstia de esperança que tanto precisamos para manter a sanidade mental. Nem a propósito, Malik El Djebena, o mais frágil dos reclusos, vê-se obrigado a fazer algo que o vai mudar para sempre. Até onde a salvação nos permite ir vivendo na culpa que atormenta a nossa mente? A confiança continua a ser a nossa maior arma para torcer o que o destino nos reserva.

4. Pulp: Um Filme Sobre a Vida, a Morte e Supermercados – Filmin (Cinema)

Sheffield é a terra natal dos Pulp e em 1988 tentaram fazer um concerto onde tudo correu mal. Em 2012, regressam onde já nada tinham a perder para mostrar que a saudade se serve num carrinho de supermercado capaz de espalhar elegância por todas as prateleiras. O filme conta com depoimentos de membros da banda, fãs e habitantes radiantes de os voltar a ver. Uma oportunidade única para vermos Jarvis Cocker a mudar um pneu, enquanto nos elucida sobre amor, sexo, morte e fama com os seus Clarks shoes made in England.

5. Succession – HBO (Série)

É a trama da família Roy, com o seu magnata Logan Roy a manipular toda a sua família e empregados, onde os seus quatro filhos especulam quem será o próximo sucessor num enredo em que conhecemos o primo que sempre desejámos ter, Greg. Uma comédia negra onde o cinismo e a hipocrisia passeiam de mãos dadas em aviões privados, enquanto as penthouses se enchem de vazio quando os egos acabam. Inspirada na família Murdoch, esta série filmada em película serve-se fria e o cinismo não pede licença para entrar.

6. Coleção Working Class Heroes – Filmin (Cinema)

Nesta coleção encontramos títulos como “Eu, Daniel Blake”, onde Ken Loach mais uma vez nos condena a sermos humanizados para o resto das nossas vidas sem podermos soltar uma lágrima perante tanta crueldade; “A Lei do Mercado”, de Stéphane Brizé, onde Thierry se vê numa encruzilhada entre a precariedade laboral e a moralidade que compromete os seus colegas; “Que horas ela volta”, da brasileira Anna Muylaert, retrata o relacionamento de mãe e filha assombrado por uma desigualdade social e um distanciamento emocional, quando se fizeram escolhas que nos marcam para o resto das nossas vidas. Uma lição de amor e de justiça social que não nos deixa cair o que ainda nos resta, a nossa liberdade.

7. Crashing – Netflix (Série)

Phoebe Waller-Bridge deve ter sido dos nomes mais pesquisados em 2019 e, se não foi, deveria ter sido. Foi o ano de reconhecimento para a série criada por si, Fleabag, onde a comédia dá lugar a um drama que só a solidão nos conhece quando somos expostos. Crashing retrata a vida de 6 pessoas na casa dos 30 anos que partilham as suas vidas num hospital abandonado. A história é simples e não inventa a pólvora, o que importa notar aqui é a sensibilidade da escrita para diálogos incríveis onde as frustrações tropeçam nas alegrias e de como ainda nos é difícil aceitar responsabilidades que não impliquem compromissos. Queremos continuar livres, mas não vamos ter redenção. 

8. Diamante Bruto – Netflix (Cinema)

Se não foi o melhor que viram no começo do ano, então não sei o que andaram a fazer. Até Martin Scorsese sabia que o seu dinheiro teria que entrar nesta produção e seria um gozo ver como os irmãos Safdie conseguiriam orientar Adam Sandler em precipício. Uma corrida frenética para ser gerida em doses pequenas no meio de berros, ou quando não acontece, Oneothrix Point Never ensina-nos a ouvir como deve soar.

9. Jim e Andy – Netflix (Cinema)

Não temos a certeza se Jim Carrey continua a fazer a sua quarentena por Lisboa, mas o seu Instagram continua a afirmar que sim e achamos que ele é digno desta lista também. “Homem na Lua”, de Milos Forman, no qual foi protagonista, remonta a 1999 e transformou por completo o ator. Foi por isso que Chris Smith decidiu documentar a preparação de Jim Carrey para o papel de Andy Kaufman em Jim e Andy, que viria a ser estreado na Netflix quase 20 anos depois. O ator, ao encarnar a personagem de Kaufman, famoso comediante americano dos anos 70, não sabia o quanto lhe ia custar interiorizar tamanha dimensão de um ser que não sabia quando a piada ia acabar, confundindo a realidade com a performance. Este é o verdadeiro relato de como nem o próprio realizador conseguia perceber o que se passava no set de filmagens ou quando é que o ator não estava em personagem levando toda uma equipa a uma loucura em que Jim Carrey mergulhou durante anos até voltar à superfície.

10. Os Amantes da Ponte Nova – Filmin (Cinema)

Ainda é o amor que nos une e este vai continuar a ser sempre o maior chavão de todos os tempos. O filme de 1991 de Leos Carax é uma ode às emoções subordinadas e de como o massacre nos assola quando o medo da perda é maior que o caudal do rio Sena submerso. Com uma Juliette Binoche quase cega que pinta o impossível e Denis Lavant, um junkie perdido nas ruas despidas, o filme mostra-nos a vertigem da dependência quando o amor fala sempre do degrau mais alto. Uma das mais belas histórias de amor que o cinema já viu contadas.

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