Com um status ímpar na história do cinema sul-coreano e asiático do século XXI, “Oldboy” do renomado realizador Park Chan-wook brilhará novamente no ecrã das principais cidades e capitais do Brasil a partir do dia 14 de setembro, graças à sua reexibição através da distribuição da Pandora Filmes.
A obra de Chan-wook teve sua grande estreia no Festival de Cannes de 2004 e já foi lançada em diversos países em sua versão restaurada. De acordo com a Pandora Filmes, esta versão de “Oldboy” passou por um processo de restauração e remasterização a partir do negativo original em 35mm, sob a supervisão direta do diretor Park Chan-wook.
Em Portugal, “Oldboy” regressou aos cinemas em 2021 pelas mãos da Films4You.
Sob a presidência de Quentin Tarantino, que se tornou um grande admirador do trabalho de Chan-wook, o Festival de Cannes concedeu-lhe o disputado Grande Prémio do Júri. Além disso, o filme foi laureado com prémios em Hong Kong, Coreia, Inglaterra, Itália e também no Fantasporto, em Portugal, entre outros reconhecimentos.
Na Coreia do Sul, o filme foi o mais assistido no ano de seu lançamento original, em 2003. Mais recentemente, a nova versão figurou entre as 10 mais vistas nos EUA durante a reestreia, registrando uma média de público por sessão que só foi superada por “Barbie”, de Greta Gerwig.
Com Choi Min-sik no papel de Oh Dae-su, o filme segue a jornada de um homem misteriosamente aprisionado por 15 anos. À medida que ele desvenda os acontecimentos, descobre que sua esposa foi assassinada, tornando-se o principal suspeito. Após finalmente ser libertado, Dae-su tem apenas cinco dias para identificar seu sequestrador, desvendar a verdade e buscar sua vingança.
Na época do lançamento do filme nos EUA, em 2005, Park disse ao Seattle Times, que Tarantino o procurou pessoalmente para conversar sobre o longa. “Ele era capaz de descrever cada cena do filme. Ele lembrava de todos os detalhes sobre enquadramento e montagem, que até eu mesmo havia esquecido. Ele estava tão empolgado que parecia estar falando de um filme que nem era meu. Ele me fez querer rever meu filme”, se diverte o diretor relembrando a ocasião.
Baseado em um mangá de Garon Tsuchiya e Nobuaki Minegishi, e adaptado por Park Chan-wook, Chun-hyeong Lim e Hwang Jo-yun, o realizador afirmou em uma entrevista de 2022 à Entertainment Weekly que esta é sua obra favorita dentro de sua filmografia.
Park, cuja carreira teve início em 1992, já era um realizador sul-coreano respeitado, embora pouco conhecido internacionalmente, quando “Oldboy” se tornou um sucesso global após o Festival de Cannes.
Desde então, o realizador produziu uma série de filmes e séries, incluindo “Thirst – Este É o Meu Sangue”, “Segredos de Sangue”, “Decisão de Partir” e a minissérie “The Little Drummer Girl”.
Ele também acumulou uma impressionante coleção de prémios ao redor do mundo, incluindo um BAFTA por “A Criada”. Em Cannes, recebeu o prémio de Melhor Realizador por “Decisão de Partir” e o Prémio do Júri por “Thirst – Este É o Meu Sangue”. Além disso, no Festival de Berlim, foi homenageado com o Prémio Alfred Bauer de Contribuição Artística por “Eu Sou um Cyborg, e Daí?”.
Seu estilo é caracterizado por uma estética visual marcante, porém também pela brutalidade da violência, particularmente evidente em filmes como “Oldboy”, “Vingança Planeada” e “Mister Vingança”, que juntos formam o que o ele se refere como sua Trilogia da Vingança. Quando questionado a respeito, ofereceu a seguinte resposta:
“Acho que é mais fácil ser muito individual porque cada pessoa vem de origens diferentes, e as influências que afetam uma pessoa serão diferentes da próxima. Portanto, você não pode deixar de ser diferente e individual, mas é tudo uma questão de ser honesto consigo mesmo e, se você for capaz de fazer isso, a individualidade aparecerá naturalmente. Mas você pode se perguntar, então, ‘por que existem tantos filmes por aí que você não consegue distinguir, não consegue ver nenhum traço de individualidade?’ Minha resposta para isso seria simplesmente, os cineastas não estavam sendo honestos com eles mesmos.”
Em 2003, a questão da moralidade de “Oldboy” gerou intensos debates em festivais de cinema, com mais de um crítico acusando o diretor de sadismo. Park, no entanto, afirmou que nunca teve a intenção de utilizar táticas de choque apenas para provocar seu público.