No mês de junho assinalamos o aniversário de um dos maiores cantores e compositores da história brasileira, Chico Buarque, que completa oitenta anos no dia 19.
Aproveitando esta data especial, não poderia deixar de prestar uma merecida homenagem a este artista que tanto admiro.
Persona
Durante toda a sua carreira, Chico não apenas criou uma obra vasta, matizada e singular, mas também se destacou como uma figura de resistência, compaixão, ética e consciência social.
A sua música e arte reflectem o seu compromisso em captar as realidades, os sonhos e dilemas do povo brasileiro, deixando um legado perpétuo que, para nossa alegria e para desagrado dos conservadores, perdurará ao longo das gerações.
Chico e as bandas sonoras
Além do teatro e da literatura, a carreira de Chico Buarque destacou-se pela sua contribuição nas bandas sonoras. No IMDB, ele possui 33 créditos como compositor e participou em 53 bandas sonoras para cinema.
Chico iniciou-se na composição de bandas sonoras em 1967 com o filme “Garota de Ipanema” (1967), de Leon Hirszman. Nesta banda sonora, dominada Tom Jobim e Vinícius de Moraes, Chico contribuiu com duas músicas: “Chorinho” e “Noite dos Mascarados”.
A estreia de Chico como compositor solo ocorreu no mesmo ano, em “O Anjo Assassino” (1967), de Dionísio de Azevedo. A banda sonora foi composta por ele em colaboração com Gabriel Migliori, conhecido por suas contribuições em clássicos brasileiros como “O Cangaceiro” (1953), de Lima Barreto e “O Pagador de Promessas” (1962), de Anselmo Duarte.
Contudo, foi nos anos 70, com “Quando o Carnaval Chegar” (1972), de Cacá Diegues, que Chico Buarque alcançou sucesso como compositor no cinema. Para este filme, ele criou canções clássicas como “Mambembe”, “Quando o Carnaval Chegar”, “Partido Alto” e “Bom Conselho”.
Depois de “Quando o Carnaval Chegar”, ele voltou a colaborar com Cacá nas músicas-tema de “Joana Francesa” (1973) e “Bye Bye Brasil” (1979).
Para além de Diegues, Chico estabeleceu parcerias memoráveis com Hugo Carvana, para quem compôs o hino da malandragem carioca “Vai trabalhar, vagabundo!”, que deu título a um filme em 1973, Miguel Faria Jr., com quem colaborou repetidamente e mantém uma relação próxima até hoje, e Bruno Barreto.
Entre as dezenas de músicas compostas para obras de Miguel Faria Jr., podemos destacar “Não sonho mais” para “República dos Assassinos” (1979), e “Imagina”, “Tanta saudade” e “Samba do grande amor” para “Para viver um grande amor” (1983).
Já para Bruno Barreto, Chico compôs a extraordinária “O que será?”, que integra a banda sonora de um dos maiores êxitos do cinema brasileiro: “Dona Flor e seus dois maridos” (1976). Neste filme, Chico criou três versões de “O que será?”, as quais pontuam diferentes momentos da trama: “Abertura”, “À flor da pele” e “À flor da terra”.
Nos anos 80, Chico voltou-se para o universo infantil e para a comédia ao compor as músicas para “Os Saltimbancos Trapalhões” (1981), realizado por J. B. Tanko. Entre as músicas do projecto, destacam-se “Hollywood”, “Piruetas” e “História de uma gata”.
Para resumir, “A noiva da cidade” (1978), de Alex Viany, “Perdoa-me por me traíres” (1983), de Braz Chediak, “Ópera do malandro” (1985), de Ruy Guerra, “A ostra e o vento” (1997), de Walter Lima Jr., e “A máquina” (2005), de João Falcão, foram outros filmes que contaram com composições de Chico nas suas bandas sonoras.
Aproveitando a abundância de composições de Chico Buarque para o cinema como forma de homenagem, decidi listar as minhas 7 favoritas.