Ciclo de Cinema Aberrações: “Plan 9 From Outer Space” (1959) de Ed Wood

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Edward D. Wood (1924-1978, morreu de ataque cardíaco aos 54 anos de idade) foi um dos mais extravagantes e bizarros realizadores que Hollywood já teve, e também o pior realizador de todos os tempos. A isso deve-se ao (in)sucesso do infame “Plan 9 From Outer Space”, que é hoje o ícone do trash movie. Em 1980, o crítico Michael Medved indicou-o no seu livro “The Golden Turkey Awards” como “the worst film ever made”. Desde então que é conhecido e apelidado como “o pior filme da história do cinema”, o que lhe permitiu reunir muitos seguidores.

“Plan 9 From Outer Space” é um filme de culto, bastante divertido, bizarro, e quase experimental, muitas vezes citado, recordado em paródias ou filmes de terror. Conta a história de uma invasão alienígena. Os extraterrestres tentam conquistar a terra ressuscitando os mortos.

É um filme divertido precisamente por todas as falhas que reune. Falhas tão graves como as passagens da noite para o dia na mesma cena, ou seja, as falhas de “raccord”, a continuidade de uma cena para a outra, cortes incompreensíveis, diálogos bizarros, efeitos especiais artesanais e toscos, onde o meio usado para o efeito é notório e quase que assumido (as nave extraterrestres são feitas de pratos de papel, presas por um fio de pesca), os cenários são muito pobres, assim como todo o elenco que tenta dar vida a estas personagens bizarras.

No seu elenco reune nomes quase clandestinos como Criswell (The Amazing Criswell, o narrador), Maila Nurmi (a Vampira), Tom Mason (que fez de duplo de Bela Lugosi), Tor Johnson (o inspector) e, claro, Bela Lugosi (o homem velho). Ed Wood nutria grande admiração pelo mestre do terror, Bela Lugosi, pela sua icônica interpretação em “Drácula”. Juntos ainda fizeram “Glen ou Glenda” (1953), o seu primeiro filme e o mais pessoal, e “Bride of The Monster” (1955). “Plan 9 From Outer Space” reúne imagens de arquivo do ator húngaro, sendo aqui substituido em algumas cenas por um duplo (Tom Mason). É a última vez que Bela surge num filme. Morreu em 1956, muito antes de o filme ter sido terminado (em 1959).

Curiosamente 1959 é um ano forte para o cinema. Nesse ano estrearam filmes tão importantes como “Os 400 Golpes”, “Quanto Mais Quente Melhor”, “Sombras”, “O Mundo de Apu”, “O Acossado”, “Ben-Hur”, “O Carteirista”, “Hiroshima Meu Amor” e “Rio Bravo”. É fácil ignorarmos o filme de Ed Wood num ano em que tanto cinema bom surgiu. Ed Wood teve sempre muitos azares na sua vida e este pode ter sido só mais um. O realizador ficou imortalizado num filme biográfico sobre uma fase da sua vida, em “Ed Wood” (1994) de Tim Burton, interpretado por Johnny Depp.

Este filme de ficção cientifica foi descreditado pela crítica e até mesmo pelo público aquando da sua estreia. Só hoje é que tem o cunho de filme de culto e um grupo de seguidores especifico. Não é um filme comercial de grandes públicos, mas sim para um especifico grupo de admiradores deste tipo de cinema “trash”, por simpatizantes e cinéfilos.

Este é um filme que pode ser visto como o pior filme da história do cinema ou pode ser visto como um bom entretenimento, onde todos estes erros são assumidos e muitas vezes divertidos. “Plan 9 from Outer Space” deve ser visto por aquilo que realmente é, um filme divertido de tão mau que é, e pela paixão e ambição de Ed Wood em querer fazer filmes de série B com orçamentos muito reduzidos. A sua personalidade conturbada, excêntrica e megalomaníaca fazem dele um louco ou um génio, ou ambos. Com recursos financeiros quase mínimos e muita criatividade, mesmo que com muitos erros, “Plan 9 from Outer Space” continua ser visto e revisto quase 60 anos depois.

Nota: Este filme integra o Ciclo de Cinema Aberrações

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