A Academia rejeitou “Apollo 10 1/2: A Space Age Adventure”, o filme de Richard Linklater estreado este ano na Netflix, para a categoria de animação, mas o realizador já recorreu da decisão.
O filme revisita o momento da aterragem na lua pelos norte-americanos em 1969 através das memórias e perspetiva de um rapaz que se imagina a si próprio a viajar na capacidade de astronauta. Teve estreia mundial no Festival de Cinema SXSW em março deste ano e estreou na Netflix um mês depois.
Na sua construção, Linklater utilizou uma mistura complexa de tipos de animação em 2D e teve uma equipa de quase 200 animadores a trabalhar no filme, em Austin e Amsterdão, durante praticamente dois anos.
Em julho deste ano, a Academia que atribui os Óscares e admite os filmes a concurso, na pessoa da comissão nomeada para avaliar os filmes de animação submetidos, rejeitou o projeto produzido pela Netflix para a categoria de Melhor Longa-Metragem de Animação.

A justificação avançada pela comissão prende-se com o facto de as técnicas de animação utilizadas não se adequarem às regras que se encontram em vigor para aquela categoria, pelo uso de muito material live-action.
Basta, contudo, ver o filme para que se possa perceber que o uso desse material é apenas usado para referência e não chega a ser usado no filme. Por isso, Linklater e a Netflix pediram recurso da decisão no início do mês de setembro e aguardam ainda uma resposta.
Na perspetiva do seu realizador de animação, Tommy Pallotta, esta decisão tem mais a ver com os preconceitos relativos à rotoscopia e o facto de muita gente não a considerar animação, mas considera irónico que essa técnica tenha sido utilizada em apenas 20% do filme.

Os animadores utilizaram um programa específico para delinear as imagens de live-action dos atores, mas todos os outros pormenores foram desenhados de raiz, como os fundos, a luz, cor e outros movimentos.
Richard Linklater, por outro lado, lamenta que as nomeações para a categoria a que se candidatou se foquem em filmes de animação voltados exclusivamente para o mercado infantil e deixa de fora a animação para adultos.
Em 2002, quando a categoria foi criada, Linklater procurou que o seu recente filme “Acordar para a Vida” fosse considerado, mas desde então a tradição mantém-se exatamente a mesma, criando receios nos realizadores quanto ao financiamento de projetos semelhantes no futuro se não são considerados com justeza.