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«As Crianças de Paris» – A França a tentar redimir-se

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A argumentista francesa Rose Bosch, que escreveu o argumento de “1492: Cristóvão Colombo” (1992), de Ridley Scott, estreou-se na realização em 2010 com um filme dramático sobre um dos períodos mais delicados da história francesa. “As Crianças de Paris”, é um filme dramático que recria os terríveis eventos que decorreram em Paris, no Verão de 1942. Este momento da história de França é conhecido como “rafle du Vélodrome d’Hiver”.

A ação passa-se em Paris, em 1942, durante a ocupação Nazi, e segue Joseph, um jovem judeu de 11 anos que vivia relativamente feliz com a sua família. Até que, na madrugada de 16 de julho, centenas de polícias fizeram a maior rusga de sempre em França, levando cerca de 13 mil judeus para o recinto desportivo do Vélodrome. Daqui, os judeus foram divididos por vários campos de concentração em França. Joseph é uma das mais de 4 mil crianças que foram levadas.

O Holocausto continua a ser tema para o cinema, sendo que existem dezenas de filmes que abordam esta temática, quase sempre com histórias e perspectivas diferentes. Muitos destes filmes são realizados de forma simples, sendo o único interesse neles a “lição de história” e a sua recriação. “As Crianças de Paris” é mais um desses filmes, que recria um dos acontecimentos mais bárbaros da história da humanidade do século XX, mas de forma simples. A realizadora dá-nos em alguns momentos o ponto de vista de algumas crianças e o papel da polícia francesa na rusga da madrugada de 16 de julho de 1942.

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Esta é uma história que os próprios franceses não gostam muito de falar, pois para eles representa um dos momentos mais vergonhosos da história da França. Franceses contra franceses, é do que isto se trata e o filme mostra isso muito bem. Os franceses tentam redimir-se com este filme, ao perderem o medo e a vergonha deste acontecimento, tentando homenagear as 13 mil pessoas que foram presas naquela noite, de onde apenas 25 sobreviveram. Segundo o texto introdutório do filme, “todos os eventos neste filme, até os mais dramáticos, aconteceram mesmo no Verão de 42.”. De modo geral a recriação está bem feita, mas o filme não contem assim tantos momentos dramáticos e que sejam fortes. Há sim três momentos bastante dramáticos que não conseguimos ficar indiferentes: a ajuda dos bombeiros no Vélodrome, a separação das crianças das suas mães e pais e a cena final, o reencontro de algumas personagens.

No geral, em termos técnicos, o filme é medíocre, pois cria um ritmo acelerado, do estilo de telefilme, onde tem muita informação e personagens para apresentar, não deixando as cenas respirarem com calma. O elenco é outra característica medíocre deste filme. Nem mesmo as participações de Jean Reno, que foi pequena, e de Mélanie Laurent, conseguiram sustentar o filme. As personagens, estereotipadas, não são muito aprofundadas psicologicamente, acabando por conhecermos pouco delas. Já para não falar da personagem de Hitler que é totalmente absurda e nada credível. Se as cenas de Hitler e a sua família e conselheiros fossem cortadas, o filme ganhava bastante com isso.

“As Crianças de Paris” é assim, mais um filme mediano sobre o holocausto, que vale a pena ver apenas pela história e pela sua temática importante, que não deve (nunca) ser esquecida.

53570b9719b1a40cf4f0f7a73e203392 4Realização: Rose Bosch

Argumento: Rose Bosch

Elenco: Jean Reno, Mélanie Laurent, Gad Elmaleh

França/2010 – Drama

Sinopse: 1942. Joseph Weismann tem 11 anos de idade. Na manhã de 6 de Junho, de 1942, é obrigado a ir para a escola com uma estrela amarela presa ao peito. O novo decreto anti-judaico do governo francês acaba de entrar em vigor. À semelhança de todos os judeus na França, Jo descobre que está proibido de ir a parques, cinemas, feiras e jardins públicos… Mas ainda assim, Jo e sua família vivem em felicidade Até o amanhecer de 16 de Julho, de 1942, quando essa frágil felicidade é destruída… às 4 da manhã, com gritos e murros nas portas. Homens de uniforme preto entram de rompante nos apartamentos. Jo e a sua família são retirados das suas camas e colocados em autocarros… por polícias franceses! Para grande desespero de uma comunidade profundamente ligada à sua nova pátria. 13.000 Judeus são enviados para o Velódromo de Inverno em Paris. Esta é a maior rusga da História praticado pela…. polícia francesa! Cinco dias sem água, comida ou cuidados de saúde. O Dr. Sheinbaum, (Jean Reno) apanhado na mesma situação de todos os outros, faz o que pode. Annette Monod (Melanie Laurent), uma enfermeira protestante da Cruz Vermelha, está chocada com o racismo do governo do seu país.

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