Doce Novembro (2001) – Agridoce
Novembro é sinónimo de frio, nostalgia, aconchego. Novembro são noites com uma manta quentinha, um bom filme e uma boa companhia.
Mas, já alguma vez se questionaram porque é que umas pessoas nos marcam tanto, mesmo que num curto espaço de tempo, enquanto outras nem por isso. Será ela uma pessoa realmente especial? Ou será que todas as outras estão no sítio errado, há hora errada? A nossa dissipabilidade emocional não nos deixa, muitas vezes, aproveitar as pessoas que temos junto de nós. Por outro lado, podemos acabar por sobrevalorizar alguém que acaba por nos desiludir.
O certo é que de uma forma ou de outra a maioria das pessoas que deixamos entrar na nossa vida nos ensina e transmite alguma coisa importante, mesmo que num curto espaço de tempo.
Em “Doce Novembro” (“Sweet November”) Nelson (Keanu Reeves) é um publicitário workaholic que conhece Sara (Charlize Theron), uma bela e irreverente mulher que promete mudar a sua vida, em apenas um mês.
Sara é tudo o que Nelson se esqueceu que podia ser: simples, genuína e apaixonada pela vida. Ela pretende, portanto, fazê-lo lembrar que a vida é para ser loucamente aproveitada, e é nessa viagem que embarcamos. Nelson vê o seu dia-a-dia sofrer drásticas alterações, distanciando-se do seu carácter obsessivo e obstinado, abraçando a riqueza dos sentimentos que os pequenos detalhes da vida o fazem sentir. A abordagem de Sara é um conceito estranho, e até considerado um pouco promíscuo, mas no final tudo faz sentido.
Este filme, com realização de Pat O’Connor e argumento de Herman Raucher é um remake de “Doce Novembro” de 1968, que lhe imprime algum modernismo mas deixa permanecer o romance inocente da época. É um drama romântico que, como tantos da sua categoria, dificilmente consegue arrecadar elogios da crítica, mas que, ao contrário de muitos, nos envolve, e nos faz acreditar na paixão entre as personagens.
“Doce Novembro” é apaixonante, e tem, para mim, uma das cenas mais românticas da história dos filmes de amor, e estes pormenores tornam-no especial, mesmo não tendo nada de mais. Faz-nos relembrar como é importante fazermos uma pausa na agitação do quotidiano para respirar felicidade e impedir que enverguemos numa espiral negativa de obrigações e prazos, e como é importante amar, e ter coragem para o fazer, sem medo de arriscar.
A banda sonora é maravilhosa, em especial o seu tema principal “Only time” de Enya, e não pode ser à toa que Charlize Theron recusou participar em “Pearl Harbor” para vestir a pele de Sara. Por isso, abra o seu coração a este filme e tenha também um doce novembro.