O Livro da Vida (2014) – Textura, Cor, Morte e Amor
Terminado o ano com a sugestão para uma animação, iniciamos um novo ano da mesma forma, desta feita em jeito clarividente, uma vez que este filme ainda não estreou em Portugal.
Dia 2 de Novembro é para os Portugueses um dia comum. No entanto, no México é comemorado o tão importante feriado conhecido como “Dia dos Mortos”, uma celebração de origem indígena, que honra os defuntos. A UNESCO declarou-a património imaterial da humanidade e esta é uma das festas mexicanas mais animadas, pois, segundo dizem, os mortos regressam para festejar com os seus parentes vivos.
O filme realizado por Jorge R. Gutierrez e produzido por Guillermo del Toro conta uma história de amor, mas também de amizade e coragem.
A história começa quando Mary Beth (Christina Applegate), a guia de um museu, começa por explicar a um grupo de crianças o que está por detrás do “Dia dos Mortos”, referindo-se ao “Fabricante de Velas” (Ice Cube) que controla o equilíbrio no mundo dos vivos; à bela La Muerte (Kate del Castillo) que governa “a terra dos lembrados”, um local animado onde se encontram as almas de todos os mortos que ainda são relembrados pelos seus entes queridos; e a Xibalba (Ron Perlman) que tem o domínio da “terra dos esquecidos”, um local sombrio onde as almas dos esquecidos pairam sem vigor.
Para que melhor compreendam, Mary Beth conta às crianças que uma noite, aquando da celebração deste feriado, Xibalba, desejoso por abandonar o tédio da terra que governa, faz uma aposta com La Muerte para que troquem de terras, implicando três amigos – Manolo (voz de Diego Luna), Maria (voz de Zoe Saldana) e Joaquim (voz de Channing Tatum). Os dois rapazes cobiçam a atenção e o amor da jovem, sem nunca se tornarem verdadeiros rivais, no entanto, Xibalba e La Muerte apostam num e noutro para conquistarem o coração de Maria e com ela casarem.
Manolo é um jovem dividido entre as espectativas da sua família e a sua grande paixão pela música. Joaquim um jovem corajoso e egocêntrico que vive eternamente na sombra dos feitos do seu pai. Maria é culta e inteligente, mas carrega a responsabilidade de salvar a sua aldeia. Sempre sobre o olhar atento dos deuses, os três amigos vão viver aventuras e desventuras que os conduzem à conclusão da aposta entre eles.
A atenção aos detalhes é soberba. Os personagens são inspirados por antigos bonecos de madeira mexicanos, contendo várias referências tradicionais no vestuário e cenários, especialmente nas texturas, sem que este seja um filme desatualizado ou conservador. É vibrante colorido e repleto de boa música (apesar de alguma ser demasiado atual para o contexto).
Este é um filme de animação que ensina a celebrar e não esquecer os mortos que nos foram queridos, mas também a viver a vida lutando pela nossa felicidade, mesmo que isso implique transpor vários obstáculos.
É uma viagem alucinante, por histórias dentro de histórias, e jornadas a vários mundos e portanto, quando estrear, no dia 23 de Abril nas salas de cinema em Portugal, não se inibam de viajar até lá para disfrutarem de mais um fantástico filme de animação para toda a família.