Sob o mote Esta mudança não promete nada, o BEAST IFF regressa numa versão compacta entre 6 e 8 de junho, em vários espaços da cidade — Batalha Centro de Cinema, Cinema Passos Manuel, Cinema Trindade, OKNA e Reitoria da Universidade do Porto.
Após o anúncio das primeiras secções Expanded e Amaro Kino (EEFFN) e do programa especial Listening Session (com uma instalação sonora de Ocean, composição da artista ucraniana Valentina Goncharova), o festival revela agora o seu programa completo, anunciando as competições e quatro propostas curatoriais que integram esta oitava edição: In (E)Motion, Re-Focus, How to Care for Cosmos e Portuguese Abroad.
A competição oficial do BEAST 2025 reúne 26 curtas-metragens oriundas de 16 países, distribuídas por quatro categorias: EAST WAVE (ficção), EAST DOC (documentário), EXPERIMENTAL EAST (experimental) e ANIMAEAST (animação).
Os filmes selecionados percorrem temas como política dos afetos, a realidade visceral vivenciada de mulheres em diferentes fases e idades, nuances culturais e antropológicas da Europa de Leste perspectivadas numa esfera macro e micro, e a criação de espaços imaginários a partir de culturas partilhadas.
O júri deste ano é composto por Milan Simanek (programador na Kino Arthouse e no Festival Internacional de Curtas-Metragens BRNO16), Natália Azevedo Andrade (realizadora e produtora) e Oana Ghera (diretora artística Bucharest International Experimental Film Festival — BIEFF).
In (E)Motion é uma nova proposta do festival que convida à reflexão sobre os ritos de passagem e as transformações que moldam o “eu” em diferentes fases da vida: da infância à adolescência e à idade adulta. A partir da ideia de movimento como impulso emocional, físico e político, a secção reúne dois filmes que exploram o impacto da perda e da memória na transição entre fases da existência.
“When the Phone Rang” (2024), de Iva Radivojević — filme de abertura do festival —, revisita uma infância interrompida por um telefonema que apaga um país inteiro. Já em “Sandbag Dam” (2025), de Čejen Černić Čanak, o protagonista Slaven regressa a casa (uma aldeia prestes a desaparecer) para o funeral do pai e reencontra Marko, amigo de infância e antigo amor adolescente — a relação que ditou o seu afastamento da família. À medida que a proximidade renasce, ambos confrontam o passado e as escolhas que os afastaram, procurando reconciliação num contexto ainda marcado por interditos e tensões familiares.
How to Care for Cosmos, secção queer do festival, propõe um gesto curatorial de escuta e atenção numa procura pela criação de um espaço de cuidado, de resistência e de visibilidade. A secção apresenta “Endless” (2024), de Wojciech Puś, uma obra de 110 minutos em que protagonista X|A, em busca de si e mergulhade na solidão, envolve-se numa relação intensa e ambígua com Frank, entrando num jogo emocional que desafia os seus próprios limites. Quando surge M, uma figura enigmática obcecada por juventude e beleza, vislumbra-se uma hipótese de renascimento. Mas a promessa de uma nova vida — vivida como se fosse uma obra de arte — vem acompanhada de um custo. Estará X|A com disposição para atravessar essa fronteira?
Portuguese Abroad regressa com uma seleção dedicada à animação, apresentando curtas-metragens coproduzidas entre Portugal e países da Europa Central e de Leste. A secção revela abordagens formais diversas e explora temas como o ambiente, a identidade ou a memória urbana, em filmes como “Garrano” (2022), de David Doutel e Vasco Sá, “Pietra” (2024), de Cynthia Levitan, “Slow Light” (2022), de Katarzyna Kijek & Przemysław Adamski, “Bus Stop” (2024), de Alina Didenko, e “T-ZERO” (2024), de Vincente Nirō, entre outros.
O festival contará com a presença de Cynthia Levitan (“Pietra”), Ala Nunu (“Slow Light”), Alina Didenko (“Bus Stop”) e Gabór e Natália Andrade (“T-ZERO”), criando oportunidades de encontro direto com o público. Em paralelo, a conversa LET’S TALK! Co-produção de Animação: Portugal e Europa de Leste reúne alguns destes autores para partilhar experiências, refletindo sobre os desafios e o potencial da criação colaborativa além-fronteiras.
Re-Focus celebra o regresso de vozes que marcaram a história recente do festival, promovendo uma reflexão sobre continuidade, transformação e amadurecimento artístico. Em 2025, a secção destaca a cineasta ucraniana Kateryna Gornostai, que integrou o BEAST como Realizadora em Foco na edição de 2018. Sete anos depois, regressa com “Timestamp” (2025), um documentário poderoso que acompanha o quotidiano escolar de jovens em contexto de guerra, tornando-se um testemunho íntimo da resiliência e da afirmação cultural em tempos de crise.
Com o compromisso de aproximar o cinema do público jovem, o BEAST — International Film Festival oferece acesso gratuito à programação a todos os estudantes da cidade do Porto, mediante inscrição até 1 de junho e sujeita à lotação disponível. Mais informações em www.beastfilm.pt.