25 de Abril

Berlinale 2022: presença portuguesa, formato e regressos de Huppert e Ozon

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Peter von Kant de François Ozon © BETHUEL, FOZ

Depois de sabermos a presença de filmes portugueses no Festival de Cinema de Roterdão, eis a vez das primeiras novidades da Berlinale de 2022, a realizar entre os dias 10 e 20 de Fevereiro.

O formato do festival deste ano acontece de forma híbrida assente num novo conceito, como pode ler-se no site oficial do evento: [a] Berlinale desenvolveu um novo conceito para que possa hastear a bandeira da cultura enfaticamente, mesmo nestes tempos de pandemia. O foco deste ano, portanto, será nas exibições de cinema nos locais da Berlinale. A saúde e a segurança do público em todos os eventos e o rigoroso cumprimento das normas de higiene vigentes continuam sendo a prioridade máxima.

Após decisões recentes do Governo Federal e do Senado de Berlim, as medidas de higiene e segurança previamente desenvolvidas foram revisadas mais uma vez, para que o festival de 2022 possa ser organizado como um evento 2G-plus presencial (requisito adicional de uso de máscara e teste).

A Berlinale mudou o seu formato e conceito devido à pandemia: O festival começará em 10 de fevereiro com a abertura cerimonial no Berlinale Palast. Depois, até 16 de fevereiro, as equipas de cinema apresentarão seus filmes pessoalmente ao público e ao público credenciado nas estreias nos vários cinemas da Berlinale. A cerimónia de premiação para os Ursos de Ouro e Prata, bem como o Prémio GWFF de Melhor Primeiro Longa e o Prémio Documentário da Berlinale acontecerão na noite de 16 de fevereiro. O evento “Publikumstag”, que já é muito popular há alguns anos, será estendido para quatro dias em 2022: de 17 a 20 de fevereiro, haverá exibições repetidas em todos os cinemas da Berlinale(…).

Além de encurtar a parte do festival composto por apresentações, o novo conceito também prevê uma redução fundamental da capacidade de assentos nos cinemas da Berlinale para 50%. Devido à pandemia, não será possível realizar festas e recepções (…).

Este ano será feita uma Homenagem e a entrega do Urso de Ouro Honorário à actriz francesa Isabelle Huppert pela sua realização vitalícia na área do cinema. A coprodução franco-alemã-irlandesa À propos de Joan ( About Joan) dirigida por Laurent Larivière, protagonizada por Huppert ao lado de Lars Eidinger, será lançada na Alemanha em 2022. O Festival dedica-lhe os seguintes filmes de homenagem, montada sob a égide do Deutsche Kinemathek:

La Dentellière (The Lacemaker), França / FRG / Suíça, 1977, Claude Goretta
Sauve qui peut (la vie) ( Every Man for Himself), França / Suíça / FRG / Áustria, 1980, Jean-Luc Godard
La Cérémonie, França / Alemanha, 1995, Claude Chabrol
La Pianiste (O Professor de Piano), França / Áustria / Alemanha, 2001, Michael Haneke
8 Femmes (8 Mulheres), França / Itália, 2002, François Ozon
L’Avenir (Coisas por Vir), França / Alemanha, 2016, Mia Hansen-Løve
Elle, França / Alemanha / Bélgica, 2016, Paul Verhoeven

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Isabelle Huppert
© Philip Gay

Se Isabelle Huppert é reconhecida pelo filme “8 Femmes” e o filme venceu o Urso de Prata por Melhor Contribuição Artística, o realizador François Ozon é chamado à abertura do Festival com o filme “Peter von Kant” (imagem em destaque). O filme protagonizado por Denis Ménochet, Isabelle Adjani e Hanna Schygulla faz parte da competição internacional e celebrará a sua estreia mundial a 10 de fevereiro, no Berlinale Palast. Em 2019, Ozon foi premiado com o do Urso de Prata do Grande Prémio do Júri  por Grâce à Dieu.

Em Competição Internacional de Curta-Metragem há presença portuguesa. By Flávio, curta-metragem realizada por Pedro Cabeleira, com argumento de Diogo Figueira, Pedro Cabeleira e Ana Vilaça – uma produção Primeira Idade com distribuição internacional da Portugal Film – foi seleccionada para integrar a competição Berlinale Shorts do festival de Berlim.

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By Flávio de Pedro Cabeleira

Pedro Cabeleira tem abordado temas relacionados com os jovens da sua geração, segundo o próprio, numa tentativa de compreendê-los melhor como também a ele próprio. Em Verão Danado, seu primeiro filme, abordou a juventude do techno perdida em Lisboa. Agora, By Flávio dá continuidade a esse trabalho, mas desta vez, da perspectiva de uma jovem mulher de Torres Novas, aproveitando alguns elementos do hip-hop tuga, universo que me interessa filmar e desconstruir alguns dos seus chavões, refere o realizador.

Pedro Cabeleira imagina este filme como “uma espécie de comédia de costumes moderna”, numa “incessante busca em conseguir encontrar vibração e beleza na ironia da mundanidade e fazer com que o cinema espelhe a vida de uma forma honrada”. O realizador refere ainda que a proposta surgiu do Diogo Figueira, com quem colaboro desde os tempos de escola, aliada à minha enorme vontade de filmar a actriz Ana Vilaça, cujo papel da Márcia foi escrito não só para ela, mas também por ela, colaborando connosco no argumento. A história centra-se em Márcia, uma jovem mãe solteira do interior do país, com mais ambição do que trabalhar na loja de roupa do centro comercial da zona. Ser mãe não a impediu de sonhar mais e não a fez retrair-se num papel tradicional, comum numa sociedade conservadora, como a do interior de Portugal.

Depois da sua primeira longa-metragem Verão Danado ter estreado em competição, em 2017, no festival de Locarno, onde recebeu uma menção especial do júri, Pedro Cabeleira volta a apresentar um filme em competição num festival internacional. Com direcção de fotografia de Leonor Teles e interpretações de Ana Vilaça, Rodrigo Manaia e Tiago CostaBy Flávio é a segunda curta-metragem de Pedro Cabeleira e o seu terceiro filme.

Também a curta-metragem “Manhã de Domingo” do realizador brasileiro Bruno Ribeiro marca presença nesta competição. O filme tem produção  e distribuição da Reduto Filmes, criada e constituída por Adler Costa, Bruno Ribeiro, Laís Diel e Tuanny Medeiros. Escrito por Tuanny Medeiros e Bruno Ribeiro, é protagonizado por Raquel Paixão que interpreta uma jovem pianista negra.

 

Em estreia mundial está “Aos Dezasseis“, o filme de Carlos Lobo estará em competição no Festival Internacional de Cinema de Berlim. O mais recente filme do cineasta Carlos Lobo, “Aos Dezasseis“, foi selecionado para a 72ª edição do festival alemão, e integra a Competição Generation 14Plus, dedicada a obras contemporâneas que exploram a vida e o mundo juvenil, recorrendo a histórias que são contadas através do olhar de jovens protagonistas.

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“Aos Dezasseis” de Carlos Lobo © Agência da Curta-Metragem

Numa nota enviada do Realizador, lê-se: [e]ste filme nasce da minha experiência pessoal e muitos dos espaços de rodagem são lugares da minha adolescência. Sou skater desde os 14 anos e a cultura do skate deu-me referências culturais que formaram as raízes da minha compreensão e a minha posição enquanto artista. Ao escrever esta história, quis mudar a sua perspectiva pessoal para o mundo de uma jovem rapariga que vive uma fase importante da vida. “Aos Dezasseis” é assim um retrato de uma certa ideia poética da juventude, um período em que a procura da definição da nossa identidade e das suas lutas está presente como condição de sobrevivência e de sentimento de pertença. Basicamente, “Aos Dezasseis” é uma espécie de carta de amor à beleza da juventude e a todas as suas lutas, esperanças e frustrações.

Aos Dezasseis” é a primeira curta-metragem de ficção do cineasta português e estreia mundialmente na Berlinale. O filme foi produzido pela Olhar de Ulisses e Cimbalino Filmes, e conta com a distribuição da Agência da Curta Metragem. 

Também O filme “Águas do Pastaza” (Juunt Pastaza Entsari), realizado por Inês T. Alves, foi seleccionado para integrar a secção Generation da 72ª edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim. Esta é a primeira longa-metragem da realizadora portuguesa que, depois de ter vivido dois meses em Suwa, uma comunidade isolada de cerca de 80 habitantes na floresta amazónica equatoriana e de ter desenvolvido uma relação próxima com as crianças, teve a ideia de criar este documentário. No filme, acompanhamos o dia-a-dia das crianças de Suwa extremamente independentes, mostrando a sua ligação íntima com a natureza, bem como a sua relação com as novas tecnologias, fenómeno bastante recente na comunidade.

“Numa altura em que as comunidades indígenas na Amazónia estão sob um forte ataque permanente, com desflorestação intensa impulsionada por interesses económicos externos, pareceu-me urgente dar-lhes alguma visibilidade. Partindo do universo muito específico das crianças, este filme chama a atenção para a importância de se estabelecer uma relação mais sustentável com o nosso ambiente.”, afirma a realizadora.

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Águas do Pastaza
© Inês T. Alves

“Águas do Pastaza” é uma produção da Oublaum Filmes, fundada por Ico Costa, realizador de obras como “Nyo Vweta Nafta” (2017) ou “Alva” (2019).

Todos os nomeados da Berlinale 2022 são conhecidos até ao dia 3 de fevereiro.

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