O Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) divulgou ontem os primeiros dados oficiais sobre os mercados cinematográficos em Portugal no ano de 2011. Os resultados são claros e descrevem-se numa palavra, “maus”. Foram bastante negativos, provocando uma quebra nas receitas e no número de espetadores.
O número de espetadores nas salas de cinema em Portugal foi de 15,7 milhões, representando um decréscimo de 5,2% em relação ao ano transato e uma média de 1,5 espetadores por habitante. A receita bruta de bilheteira foi de 79,9 milhões de euros, menos 2,9% do que em 2010.
O setor de exibição cinematográfica foi dominado por 4 empresas, ZON Lusomundo Cinemas, Socorama, UCI e NLC – Cinema City, que no seu conjunto representaram mais de 90% do mercado, destacando-se a ZON com cerca de 57% do total.
Estrearam-se 261 longas-metragens, 133 das quais com origem nos EUA e 103 em países europeus. Os filmes norte americanos foram vistos por quase 80% do total dos espetadores, enquanto os europeus por pouco mais de 5%.
O filme “Harry Potter e os Talismãs da Morte: Parte 2” registou o maior número de espetadores (494 mil) e a maior receita de bilheteira (€ 2,9 milhões). Entre os filmes nacionais, “Sangue do Meu Sangue”, de João Canijo, foi o mais visto.
Na área da distribuição cinematográfica, a ZON Lusomundo Audiovisuais foi líder do setor com uma quota de mercado (espetadores) de 51,7%. Os três principais distribuidores, ZON, Columbia Tristar Warner e Castello Lopes Media Capital representaram 88,6% do mercado nacional. Foram produzidas 57 obras cinematográficas nacionais com o apoio financeiro do ICA, das quais 29 longas-metragens (19 de ficção e 10 documentários) e 28 curtas-metragens (12 de ficção, 10 de animação e 6 documentários).
O cinema português continuou a merecer o reconhecimento internacional sendo de destacar, entre muitos outros, os prémios atribuídos às obras de ficção, “Sangue de Meu Sangue” de João Canijo, “Mistérios de Lisboa” de Raúl Ruiz, “Alfama” de João Viana; aos documentários “Angst” de Graça Castanheira e “48” de Susana de Sousa Dias; e às obras de animação “Os Olhos do Farol” de Pedro Serrazina e “Viagem a Cabo Verde” de José Miguel Ribeiro.
Se em 2011 os resultados foram tão maus, prevê-se que em 2012 sejam ainda piores. Num ano de crise, onde se vai ouvir constantemente a palavra “Cortes” (no rendimento das famílias, bem como na cultura) e com o aumento do IVA dos bilhetes de cinema para 13%, certamente 2012 será um dos piores anos para as salas portuguesas.
Audiência anual de cinema em Portugal (2004/2012)
2004 – 17.127.813
2005 – 15.754.111
2006 – 16.367.429
2007 – 16.318.335
2008 – 15.979.240
2009 – 15.704.690
2010 – 16.559.731
2011 – 15.692.965
Fonte: Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA)