Se perguntarem a um espelho mágico se ainda existe espaço para mais ideias “recicladas” em Hollywood, a resposta seria um determinado “Sim!”.
As expectativas não eram altas mas o trailer prometia algumas imagens interessantes, bem como alguns monstros criados por computador e personagens bem mais sérias que aquelas apresentadas no outro filme do ano sobre a história da Branca de neve, e como tal, decidi dar uma oportunidade a “A Branca de Neve e o Caçador”. E verdade seja dita, o trailer não está assim tão longe da realidade do filme; A direcção de fotografia mostra realmente ser um dos pontos fortes deste “Branca de Neve…” que apesar de nunca brilhante (e com alguns planos a fazer lembrar em demasia “O Senhor dos Anéis”) consegue sacar dos seus momentos de inspiração aqui e ali, criando um bom embrulho para a narrativa que, apesar da agradável (pelo menos na teoria) tentativa em transformar a história sobre uma princesa indefesa que eventualmente necessita de ser salva por um príncipe, numa história sobre uma princesa que se vê obrigada a erguer a espada e um exército e enfrentar uma malévola rainha de forma a poder recuperar o seu reino, falha nos momentos mais importantes, tornando medíocre um filme que poderia ser bom.
Os primeiros cinco/dez minutos de filme prometem-nos algo mais negro do que aquilo que seria de esperar num conto de fadas, onde podemos ver desde a infância de Branca de Neve até à chegada de Ravenna, que rapidamente se torna rainha e se afirma como uma temível antagonista, causando uma grande devastação no reino e em particular na vida da jovem princesa, mas o eventual desenrolar da trama mostra-nos então as várias fragilidades da narrativa, bem como personagens que acabam por ser um peso morto ao longo do filme, que conclui numa esperada mas decepcionante batalha final onde nada de especial acontece.
Mas falando nas personagens, o destaque tem que ir todo para a Rainha (Charlize Theron) que carrega todo o filme às costas e que possui incrivelmente mais carisma que uma Branca de Neve sem sal interpretada por uma Kristen Stewart que fez que algumas pessoas perguntassem após o filme “Como é que nos querem fazer acreditar que a Stewart é mais bela que a Charlize Theron?”. Existem ainda as duas personagens que completam junto com Branca de Neve um triângulo amoroso, sendo elas William (interpretado por Sam Claflin) um jovem arqueiro de origem nobre que passou parte da infância com Branca de Neve e que reaparece agora para a ajudar na sua missão mas que acaba por ser uma espécie de “Legolas humano” que passa totalmente ao lado da narrativa, e ainda a segunda personagem que dá titulo ao filme, o Caçador (Chris Hemsworth) que é, a seguir à Rainha, a personagem mais bem construída, mesmo que por vezes mais pareça o Thor mas sem os poderes. Quanto aos anões, estes surgem como alívio cómico e apesar de não terem muito tempo de antena, conseguem dar um colorido ao leque de personagens do filme.
Mas como disse anteriormente, “A Branca de Neve e o Caçador” é claramente um filme que a ser visto, vale a pena pela vertente visual, pelas suas florestas e criaturas mágicas, bem como pela forma como o conceito do espelho mágico foi transformado em algo mais tangível do que apenas um espelho falante. Um filme que não sendo mau de todo, acaba por frustar por causa daquilo que podia ser mas não é.
Realização: Rupert Sanders
Argumento: Hossein Amini
Elenco: Bob Hoskins, Charlize Theron, Chris Hemsworth, Dave Legeno, Eddie Marsan, Ian McShane, Kristen Stewart, Lily Cole, Nick Frost, Ray Winstone, Sam Claflin, Toby Jones
EUA/2012 – Ação/Aventura
Sinopse: Nova versão do lendário conto «A Branca de Neve e o Caçador», a história de brance de Neve, a única pessoa na terra mais bela que a rainha má, que fará de tudo para a destruir. A jovem Branca de Neve aprende a arte da guerra com um caçador, que supostamente teria a missão de a matar, e ameça o reino desta reínha do maléfico.