No sexto dia do Festival de Cannes estrearam três filmes da secção competitiva, “In Another Country” de Sang-soo Hong, “Vous N’avz Encore Rien vu” de Alain Resnais e “Like Someone in Love” de Abbas Kiarostami.
“In Another Country” é o quarto filme presente em Cannes do cineasta sul coreano Sang-soo Hong, que conta com Isabelle Huppert no papel principal, interpretando três papéis diferentes numa estação balneária no Sul da Coreia. “In Another Country” leva ao extremo a experimentação conceptual pois adota uma estrutura tripartida em que Huppert interpreta três diferentes mulheres francesas, todas chamadas de Anne, que fazem uma breve passagem no Hotel West Blue na cidade Mohang. Sendo este o seu primeiro filme que não tem um protagonista coreano, pode ser uma oportunidade de fazer chegar o filme a um público mais vasto, ao contrário do que acontecia com os seus anteriores filmes.
Com quase 90 anos o veterano Alain Resnais tem aqui uma das suas últimas oportunidades de vencer a Palma de Ouro. “Vous N’avz Encore Rien vu”, uma adaptação muito livre de duas peças de Jean Anouilh: “Eurydice e Cher Antoine”, é o quinto filme em competição que o realizador francês apresenta. Segundo o The Guardian, “É um filme sobre a memória e a persistência do passado, e como muito do trabalho recente de Resnais, ele representa um desafio interessante para o consenso realista do cinema, para a convenção de que devemos fingir que o que se passa na tela está realmente a acontecer…Mas apesar de seus momentos de charme e capricho, o filme é prolixo, inerte, indulgente e muitas vezes simplesmente tedioso.”. Resnais disse em entrevista sobre o filme: “Introduziu-se sozinho na sala de montagem, foi primeiramente dito a brincar. Tornou-se um provérbio entre mim, o meu técnico de montagem e o Hervé de Luze. Depois foi escrito em caixas, o laboratório enviou-nos etiquetas e adoptámo-lo. Mas não havia uma intenção profunda”, “Não penso em termos de carreira. Sou um faz-tudo. Este filme não é parecido com nenhum outro. Se eu tivesse pensado no filme como um testamento, nunca teria tido a audácia e a energia de o fazer”. O filme dividiu a crítica – será que é desta que Alain Resnais leva a Palma de Ouro?