O Festival de Cannes abriu hoje as suas portas ao mundo para a 68ª edição. Durante doze dias Cannes vai ser a Meca do cinema, cheio de glamour e o melhor do cinema mundial.
A poucas horas da primeira subida dos degraus do 68º Festival de Cannes, o Júri das longas-metragens presidido por Joel e Ethan Coen, que entregará a Palme de Ouro no próximo dia 24 de maio, deu a tradicional conferência de imprensa. “Ficámos realmente felizes por recebermos este telefonema do Thierry Frémaux. Podemos vir a Cannes e ter finalmente tempo para ver filmes!”, disseram os irmãos Coen. O restante elenco é composto por Rossy de Palma, Sophie Marceau, Sienna Miller, Rokia Traoré, Guillermo del Toro, Xavier Dolan e Jake Gyllenhaal.
O templo do cinema mundial, o Festival de Cannes arrancou esta quarta-feira para a sua 68ª edição, com a habitual cerimónia de abertura, apresentada pelo ator francês Lambert Wilson. Começou-se por uma breve homenagem à atriz Ingrid Bergman (a imagem do cartaz deste ano) e depois a todas as mulheres do cinema. Lambert Wilson disse, “Cannes é uma mulher!”. A cerimónia celebrou ainda a invenção do cinema que comemora este ano 120 anos, inventado por dois irmãos, os irmãos Lumiére, sendo que este ano são também dois irmãos que presidem o júri, os irmãos Coen. Quando o presidente do júri é convidado a sentar-se, são passadas imagens de alguns dos seus filmes. A cerimónia contou ainda com um encantador bailado, sob a orientação do diretor do Ballet Ópera Nacional de Paris, homenageando a cena lendária de amor de Alfred Hitchcock, do filme “Vertigo”, com dezassete bailarinos. “O cinema é uma oração. É minha oração”, disse Lambert Wilson. No final, a atriz Julianne Moore entrou no palco para pronunciar a tradicional frase de abertura do festival: “Declaro agora aberto o 68º Festival de Cannes!”.
O certame abriu com “La Tête Haute”, de Emmanuelle Bercot, que contou com a sua presença e com a de Rod Paradot, Catherine Deneuve, Benoît Magimel e Sara Forestier. “La Tête haute” conta o percurso educativo de Malony, dos seis aos dezoito anos, que uma juíza de menores e um educador tentam incansavelmente salvar. Em conferência de imprensa a realizadora respondeu aos jornalistas sobre o que representa o Festival para si: “De repente temos a impressão de estarmos integrados no cinema. Trabalhamos frequentemente na solidão, mas aqui parece que pertencemos a uma família e que somos reconhecidos. A selecção é exigente e, durante o Festival, sentimos uma pequena legitimidade que não sentimos necessariamente no tempo restante”. A realizadora revelou também que fez um longo trabalho de pesquisa antes das filmagens: “Foi um trabalho muito longo de pesquisa, leitura e visionamento de documentários. Acho que vi tudo o que existia sobre o processo. Mas o mais importante foi o estágio no terreno. Fui ao tribunal de menores de Paris durante várias semanas, aos gabinetes dos juízes, vi os delinquentes que eram julgados, estive em centros educativos fechados, abertos, em estabelecimentos penitenciários para menores… Todas as estruturas que vemos no filme, imergi-me nelas.”. A crítica não ficou muito satisfeita, considerando o filme mediano para um festival como Cannes. No entanto refere que foi mais positivo do que o filme de abertura do ano passado, “Grace de Mónaco”. Para alguns críticos criaram-se grandes expectativas que depois não se confirmaram.