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Cannes 2024: Cinema no feminino é homenageado na abertura do festival

Juliette Binoche, Meryl Streep, Camille Cottin e Greta Gerwig foram o centro da cerimónia de abertura da 77.ª edição do Festival de Cinema de Cannes, que se realizou esta terça-feira, 14 de maio.
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Festival de Cannes 2024 - Andreas Rentz / Getty Images

“Talvez não se apercebam disto, mas estão prestes a entrar num universo paralelo chamado Vórtice de Cannes”, chamava à atenção a atriz francesa Camille Cottin, que conduziu a cerimónia de abertura no palco do Grand Théâtre Lumière da 77.ª edição do Festival de Cinema de Cannes, a decorrer até dia 25 de maio sob os signos da emoção, do empenho e do amor pelo cinema.

No seu discurso de abertura, a mestre de cerimónias lembrava que em Cannes todos se entendem, independentemente da língua que é falada.

“É aqui que se encontram os aficionados do cinema de todo o mundo. Um lugar de encontros, diálogos, debates, reflexões, cultura e encantamento. Isto é aqui e agora. Num momento em que o mundo vive acontecimentos inquietantes e até arrepiantes, em que profundas fracturas dividem os povos, em que o nosso planeta está a arder, em que a nossa inteligência colectiva está ameaçada de se tornar artificial, este local de encontro é um golpe de sorte. Todos os anos, vimos a Cannes para tirar uma fotografia da nossa humanidade, para nos enchermos de esperança. É infinitamente belo”.

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Camille Cottin convidou depois a entrada dos membros do júri das longas-metragens, presidido pela atriz e realizadora americana Greta Gerwig: Ebru Ceylan, Lily Gladstone, Eva Green, Nadine Labaki, Juan Antonio Bayona, Pierfrancesco Favino, Kore-eda Hirokazu e Omar Sy.

Seguiu-se uma homenagem ao cinema de Gerwig, que agradeceu de forma muito emocionada a honra e responsabilidade em assumir o cargo de presidir o júri que irá atribuir a Palma de Ouro. A realizadora emocionou-se ainda com a atuação da cantora Zaho de Sagazan, que interpretou de forma enérgica a música Modern Love, o êxito mundial e a banda sonora do seu filme “Frances Ha” (2012).

A quarta mulher a subir ao palco principal de Cannes foi a atriz francesa Juliette Binoche, que de forma emocionada entregou o prémio a Meryl Streep, dizendo “Quando a vejo no ecrã, não a vejo a si… De onde vem isto? Nasceste assim? Não sei, mas há um crente em si; um crente que me permite acreditar”. Binoche chamou Streep de “um tesouro internacional” e acrescentou: “Mudaste a forma como olhamos para o cinema”.

O festival prestou homenagem à longa carreira de Meryl Streep, vencedora de três Óscares, com uma estrondosa ovação de pé de dois minutos. A atriz de 74 anos regressou à Croisette 35 anos depois de ter ganho o prémio de Melhor Atriz por “Um Grito de Coragem” (1988), de Fred Schepisi, a sua única participação em Cannes até à data.

Streep disse que ver a retrospetiva da sua carreira na cerimónia foi “como olhar pela janela de um comboio, ver a minha juventude a voar para a minha meia-idade, diretamente para onde estou hoje neste palco. Tantas caras e tantos lugares de que me lembro”.

“Há trinta e cinco anos, quando aqui estive pela primeira vez, já era mãe de três filhos. Estava prestes a fazer 40 anos e pensei que a minha carreira tinha acabado”, disse Meryl Streep. “E essa não era uma expetativa irrealista para as atrizes naquela altura… Mas a minha mãe, que normalmente tinha razão em tudo, disse-me: ‘Meryl, querida, vais ver que tudo passa tão depressa. Tão rápido. E passa. Exceto o meu discurso, que é demasiado longo”.

Streep segue-se assim a nomes do cinema como Jeanne Moreau, Marco Bellocchio, Catherine Deneuve, Jean-Pierre Léaud, Jane Fonda, Agnès Varda, Forest Whitaker ou Jodie Foster que foram agraciados com a Palma de Ouro Honorária. Nos próximos dias este mesmo prémio será também entregue ao realizador norte-americano George Lucas e aos estúdios japoneses de animação Ghibli.

No final, Juliette Binoche e Meryl Streep disseram juntas as palavras mágicas de Cannes: “Declaro aberto o 77.º Festival de Cannes”.