Captain America Civil War 2016 33

«Capitão América: Guerra Civil» – A máquina bem oleada da Disney continua a trabalhar

“Heróis contra heróis” não é um conceito novo nos cinemas, sendo que recentemente tivemos algo parecido em “Batman V Superman”. Mas onde o primeiro falhou, “Civil War” conseguiu o sucesso da forma que todos esperavam: com personagens muito bem definidas, com humor, com longas e bem coreografadas cenas de acção e acima de tudo com a bagagem emocional de mais de uma década de filmes a apontar todos para o mesmo sentido. A máquina da Marvel/Disney continua bem oleada, e se há um Estúdio que tenha descoberto a fórmula mágica do sucesso é este, com certeza.

Depois do sucesso de bilheteira (e crítica) que foi “Captain America: The Winter Soldier”, Steve Rogers está de volta ao grande ecrã para mais um episódio do universo cinematográfico da Marvel. Mas o terceiro filme a solo do Capitão América acaba por não ser exactamente um filme a solo, pois quase todos os outros Vingadores regressam com ele ao grande ecrã, incluindo um estreante Homem-Aranha.

“Civil War” continua não só a partir do final do anterior filme do Capitão América como pega também em “The Avengers” e “Avengers: Age of Ultron” para criar a sua narrativa. Todos os Vingadores são agora chamados a responder pelos seus actos de heroísmo que causaram centenas de mortes e milhares de milhões de euros em estragos. Os governos exigem controlo sobre eles e esse mesmo controlo é divisivo entre os nossos heróis. Steve Rogers (Chris Evans) defende que qualquer herói se deve manter neutro e capaz de actuar onde e quando qualquer pessoa precise da sua ajuda, enquanto que Tony Stark (Robert Downey Jr.) é a favor do controlo governamental que visa transformar os Vingadores numa espécie de grupo de operações especiais da ONU. Em termos narrativos é a isto que o filme se pode resumir. Em termos emocionais, “Civil War”  é a nossa possibilidade de ver  a explosão resultante de todas as relações e tensões entre um grupo grande de personagens totalmente distintas que foram obrigadas a conviver juntas durante nove filmes.

Este é também o mais ambicioso de todos os filmes de super-heróis feitos até agora. Só o número de personagens principais neste filme é algo quase sem precedente no Cinema e a forma como todos eles conseguem ter o seu momento de antena de forma equilibrada e coerente é um testamento à harmonia entre a capacidade de realização de Joe e Anthony Russo, ao trabalho dos argumentistas Christopher Markus e Stephen McFeely e à dinâmica e cumplicidade do elenco. As constantes mudanças entre Melodrama, Comédia e Acção ajudam a manter o filme fresco quando o ritmo começa a quebrar e mesmo a cinematografia típica destes filmes Marvel (que deixa muito a desejar) acaba por ter um ou dois momentos interessantes.

“Captain America: Civil War” acaba por ser um filme bastante divertido, com momentos muito satisfatórios para os fans destas personagens e provavelmente o filme que mais se aproxima do espirito de uma Banda-Desenhada. Não se trata no entanto de um filme transcendente dentro do seu género, mas sim um filme bem refinado dentro da formula imaculada usada pelos estúdios Marvel. Uma variação ligeira que afina o produto final para algo diferente o quanto-baste para manter o interesse da audiência mas não tão diferente ao ponto de trazer novos adeptos a este sub-género de Cinema. Resta agora esperar para saber qual o sucesso monetário total do filme e quais as consequências que transportará para os já planeados e anunciados próximos filmes da saga.

34Realização: Anthony Russo, Joe Russo
Argumento: Christopher Markus, Stephen McFeely
Elenco: Chris Evans, Robert Downey Jr., Scarlett Johansson
EUA/2016 – Ação/Aventura
Sinopse: Steve Rogers lidera a recente equipa formada de Os Vingadores, num esforço contínuo de salvaguardar a humanidade. Mas após outro incidente envolvendo a equipa resultar em danos colaterais, aumenta a pressão política para se instalar um sistema de responsabilização, dirigido por um membro do governo, para supervisionar e dirigir a mesma. O novo status quo divide Os Vingadores, criando dois campos – um liderado por Steve Rogers e pelo seu desejo de manter Os Vingadores livres para defenderem a humanidade sem interferência do governo e o outro por Tony Stark, que toma a decisão surpreendente de apoiar a supervisão e responsabilidade do governo.

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