25 de Abril

Charlot & Eu: #1 (Carlos Melo Ferreira)

100 Anos de Charlot banner 1 1 100 Anos de Charlot banner 1 2

100 Anos de Charlot - banner 1

“Uma pequena silhueta patética e mal vestida, um chapéu de coco amolgado, umas calças largas, um botão de bigode, uns sapatos enormes e uma bengala pretensiosa”. Falo de Charlot, o vagabundo, uma complexa personagem que é parte patife, parte figura patética, parte herói, parte romântico, parte crítico social, parte cavalheiro, parte poeta, parte sonhador. Este, é o meu Charlot!

[divider]

Autor do texto: Carlos Melo Ferreira, autor do blog Some like it Cool

“O Meu Chaplin”

Charles Chaplin, sobre o início de cuja actividade no cinema passam agora 100 anos, foi um grande cineasta e actor do corpo, desde logo do seu próprio corpo, com o qual criou o seu Charlot.

Revestindo uma indumentária própria, característica e inconfundível, Chaplin criou-o, recriou-o e reinventou-o de filme para filme, não em simples apontamentos apenas mas como parte e fulcro de uma coreografia generalizada dos corpos que ao jogar com o concreto (os objectos, as máquinas, os outros corpos e o seu próprio corpo), com a dissimulação e a revelação, compôs figuras arquétipas em filmes que se situaram no limite da abstracção.

No desdobrar do gag, sempre físico, ele impôs-nos como evidência de nós próprios, entre aparência e realidade, ora em figuras ligeiras ora em figuras contundentes. Com o passar do tempo e a chegada do cinema sonoro, ele que vinha alongando os seus filmes desde o final do mudo e tinha dirigido um melodrama muito bom, “Opinião Pública”/”A Woman of Paris” (1923), que não tinha interpretado, tornou-se um cineasta grave, mais sério, mais interventivo embora sem perder o rasto do burlesco mudo em que tinha começado, manifestando grande consciência da sua época sem perder o brilho vivaz dos olhos nem a noção de equilíbrio precário, própria de um ser ameaçado mas que resiste como pode.

Tenho um particular apreço e um particular respeito por este homem que nos honrou com a sua vida e a sua obra. E penso que todos devemos regressar a ele, à verdade implacável dos seus filmes que é uma das raízes do próprio cinema.

[divider]

Obrigado, Carlos Melo Ferreira, pela colaboração.

100 Anos de Charlot - banner 4

Add a comment

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Skip to content