A 19.º edição do DocLisboa acontece entre 21 e 31 de Outubro, Resistência é o mote lançado pela Sessão de Abertura.
O Doclisboa e alguns dos títulos confirmados para a próxima edição do festival: nove filmes que integram a secção Da Terra à Lua, que apresenta um conjunto de olhares críticos sobre o mundo, e nove filmes do Heart Beat que trazem um olhar aproximado sobre o universo artístico.
Em Outubro, o israelita Avi Mograbi, um dos mais importantes cineastas do cinema documental da actualidade, estará em Lisboa para apresentar o seu novo trabalho. The First 54 Years – An Abbreviated Manual for Military Occupation é um filme que, através dos testemunhos de antigos soldados presentes na ocupação do território palestiniano, constrói uma sátira sobre os mecanismos de opressão no contexto da política expansionista de Israel sobre a Palestina que se estende há 54 anos.
As questões políticas e territoriais estão também presentes no novo filme dos cineastas brasileiros Sueli Maxakali, Isael Maxakali, Carolina Canguçu e Roberto Romero, Nūhū Yãg Mū Yõg Hãm: Essa Terra É Nossa!. Galardoado com o prémio principal da Competição Internacional do festival Sheffield Doc/Fest 2021, este é um manifesto que através do registo das práticas e rituais etnográficos procura compor uma cartografia visual do espaço físico, histórico e mitológico do território, ao mesmo tempo que denuncia a acção política governamental que os tenta silenciar.
Ainda do Brasil, Paloma Rocha e Luís Abramo voltam a integrar o festival com a estreia internacional de Tentehar – Arquitetura do Sensível, filme que parte das eleições presidenciais brasileiras de 2018 para investigar e debater a identidade do país que se encontra cada vez mais dividido na dicotomia política.
O cineasta norte-americano Theo Anthony, realizador do aclamado Rat Film, é mais um dos nomes no festival, com o mais recente All Light, Everywhere, assim como o conterrâneo Bill Morrison que regressa ao Doclisboa com The Village Detective: a song cycle.
A vida do último líder soviético em Gorbachev. Heaven, realizado por Vitaly Mansky; a espionagem cubana nos anos 90 em Castro’s Spies, de Ollie Aslin e Gary Lennon; o modelo pós-socialista e as crescentes forças económicas capitalistas de Factory to the Workers, do croata Srđan Kovačević; e as questões políticas e cívicas prementes na vida dos cidadãos georgianos em Sunny, de Keti Machavariani, completam a lista dos primeiros títulos confirmados para a secção Da Terra à Lua.
No Heart Beat, a dança, música, artes visuais, artes performativas e o desporto voltam a estar representados. A abertura da secção Heart Beat estará a cargo de A-ha The Movie, de Thomas Robsahm e Aslaug Holm. Um filme que acompanha a trajectória da reconhecida banda norueguesa desde a sua formação à rápida ascensão e reconhecimento internacional até à sua ruptura. O festival acolhe ainda o primeiro filme de Charlotte Gainsbourg,
, em que a cantora e actriz se propõe a filmar a sua mãe, Jane Birkin, num documentário que vai traçando uma história tão complexa quanto íntima da relação entre ambas.
O Heart Beat anuncia ainda mais três estreias mundiais de três títulos portugueses. Nada Pode Ficar, de Maria João Guardão, acompanha o processo de desocupação de João Fiadeiro no espaço habitado pela sua companhia, o Atelier RE.AL, nos últimos 15 anos, ao mesmo tempo que percorre a memória desse trabalho, indissociável do panorama da dança contemporânea portuguesa. Em Eunice ou Carta a Uma Jovem Actriz, Tiago Durão partilha o seu olhar cúmplice e familiar sobre Eunice Muñoz enquanto actriz, mulher, mãe e avó. Dispersos pelo Centro, de António Aleixo, produzido por Tiago Pereira e com a participação do reconhecido geógrafo Álvaro Domingues, viaja até ao centro de Portugal num documento que luta pela memória colectiva deste lado invisibilizado do país.
Em The Poet’s Wife, da cineasta alemã Helke Misselwitz (estreia mundial), deixamo-nos permear pela obra e sabedoria da pintora turca Güler Yücel e o seu amor pela vida. Ailey, de Jamila Wignot, homenageia o legado do lendário coreógrafo e activista afro-americano Alvin Ailey. Em Becoming Cousteau, Liz Garbus debruça-se sobre a vida e legado do icónico explorador Jacques Cousteau; Oan Kim & Brigitte Bouillot mapeiam a vida e as explorações artísticas do importante pintor coreano Kim Tschang-Yeul, em The Man Who Paints Water Drops e Eugenio Puppo viaja pela história do cinema pós-novo brasileiro em O Bom Cinema.
A programação inclui os mais recentes From the 84 Days, de Philipp Hartmann, Charm Circle, de Nira Burstein, Você Não Sabia de Mim, de Alan Minas Silva, e Captains of Zaatari, do realizador egípcio Ali Elarabi.
O provocador e electrizante Lydia Lunch – The War is Never Over é uma das novidades desta edição. Realizado por Beth B em 2019, o filme documenta a vida extraordinária da icónica cantora, poeta e actriz norte-americana, cruzando imagens de arquivo, fotografias, performances e entrevistas, numa estética cinematográfica em simbiose perfeita com a inesgotável energia punk de Lydia Lunch.
Em For Lucio, realizado por Pietro Marcello, viajamos até ao imaginário poético e irreverente de Lucio Dalla, num tributo à figura emblemática da música italiana cujas composições e letras reverberam as várias transformações sociais que atravessaram o país nas décadas após a Segunda Guerra Mundial.
Em estreia mundial, o Doclisboa apresenta a Trilogia de Narodnaya (Narodnaya, After Narodnaya e Comet), de Vadim Kostrov. Três filmes que documentam a criação de uma galeria sazonal numa pequena localidade industrial russa que rapidamente se torna um importante pólo de cultura underground onde diversos artistas urbanos e músicos ali se unem impulsionados pela liberdade de espírito. Com esta trilogia, o cineasta russo Vadim Kostrov preserva as memórias sobre a intensidade da experiência vivida num acto colectivo e de comunhão.
Do mundo das artes performativas, o festival apresenta Gallant Indies, de Philippe Béziat, sobre um grupo de dançarinos que prepara a adaptação contemporânea da obra-prima barroca que dá título ao filme e que cruza diferentes danças urbanas com o canto lírico para invadir a Ópera da Bastilha em Paris, e Firestarter – The Story of Bangarra, filme de Nel Minchin e Wayne Blair sobre a reconhecida companhia de dança australiana aborígene que marca a história do movimento da luta pelos direitos dos aborígenes e contra as discriminações raciais.
High Maintenance: The Life and Work of Dani Karavan é realizado por Barak Heymann e apresenta um olhar enternecedor sobre a vida e legado do escultor israelita Dani Karavan que nos prende com a sagacidade e forma de estar incansável do artista reconhecido mundialmente que nos deixou em Maio deste ano.
Destaque ainda para a estreia mundial do novo filme de André Valentim Almeida, Famille FC, que acompanha o dia-a-dia do associativismo desportivo organizado pelos emigrantes portugueses que residem em Île-de-France.
Esta é uma programação que atravessa territórios e que interroga as várias realidades que se desenham no mundo. O Doclisboa regressa às salas lisboetas do Cinema São Jorge, da Culturgest, a Cinemateca Portuguesa, o Museu do Oriente, e o Cinema City do Campo Pequeno.
Sessão de Abertura
A Terra segue Azul quando saio do Trabalho, de Sérgio Silva
Landscapes of Resistance, de Marta Popivoda
Sessão de Encerramento
The Tale of King Crab, de Alessio Rigo de Righi e Matteo Zoppis
Heart Beat
a-ha The Movie, de Thomas Robsahm e Aslaug Holm
Ailey, de Jamila Wignot
Becoming Cousteau, de Liz Garbus
Captains of Zaatari, de Ali Elarabi
Charm Circle, de Nira Burstein
Cosmic Chant. Niño de Elche
Dispersos pelo Centro, de António Aleixo
Eunice ou Carta a Uma Jovem Actriz, de Tiago Durão
From the 84 Days, de Philipp Hartmann
Jane by Charlotte, de Charlotte Gainsbourg
Nada Pode Ficar, de Maria João Guardão
O Bom Cinema, de Eugenio Puppo
The Man Who Paints Water Drops, de Oan Kim & Brigitte Bouillot
The Poet’s Wife, de Helke Misselwitz
Você Não Sabia de Mim, de Alan Minas Silva
Da Terra à Lua
A Midsummer Night’s Road, de Noga Chevion
Channel 54, de Lucas Larriera
Closing Words, de Gaëlle Hardy e Agnès Lejeune
Do Bairro, de Diogo Varela Silva
From The Wild Sea, de Robin Petré
Jamaika, de José Sarmento Matos
Minamata Mandala, Kazuo Hara
Mother Lode, de Matteo Tortone
North by Current, de Angelo Madsen Minax
The Spark, de Antoine Harari & Valeria Mazzucchi
The Story of Looking, de Mark Cousins
Uprising, Steve McQueen e James Rogan
You Can’t Show My Face, de Knutte Wester