Mais uma vez o Cinema 7ª Arte faz a habitual retrospectiva cinematográfica anual, a poucos dias de terminar o ano de 2016. Foi um bom ano para de estreias nas salas de cinema nacionais, como por exemplo: “Os Oito Odiados” de Quentin Tarantino, “O Filho de Saul” de László Nemes, “Ela” de Paul Verhoeven, “Cartas da Guerra” de Ivo Ferreira, “O Ornitólogo” de João Pedro Rodrigues, “Julieta” de Pedro Almodóvar, “Hell or High Water – Custe o Que Custar” de David Mackenzie, “Sítio Certo História Errada” de Hong Sang-Soo, “A Vida Secreta dos Nossos Bichos” de Chris Renaud, Yarrow Cheney, “Deadpool” de Tim Miller, “Rogue One: Uma História de Star Wars” de Gareth Edwards, “À Procura de Dory” de Andrew Stanton, Angus MacLane, “Eu, Daniel Blake” de Ken Loach, “O Herói de Hacksaw Ridge” de Mel Gibson, “Love” de Gaspar Noé, “The Revenant: O Renascido” de Alejandro G. Iñárritu e “Anomalisa” de Duke Johnson, Charlie Kaufman. Estes foram também alguns dos filmes mais badalados do ano. Fazemos agora uma retrospectiva do que mais relevante aconteceu no mundo da sétima arte:
No mundo da sétima arte em 2016 foi assim…
- 2016 está a ser o ano mais peculiar, complicado, cruel, interessante e desagradável deste ainda jovem milénio. A arte pode ser uma interpretação da vida e como tal não podemos ficar de todos surpreendidos se o cinema de 2016 for um reflexo de todas as idiossincrasias da vida real. A controvérsia esteve sempre presente, por exemplo, em janeiro criou-se a famosa hashtag #OscarsSoWhite, reclamando a falta de personalidades não-brancas entre os candidatos aos Óscares, abrindo pela milésima vez a caixa de pandora que a discussão sobre a falta de variedade étnica nos protagonistas de Hollywood (o vencedor do Óscar de melhor Filme foi “O Caso Spotlight”).
- Depois de ter sido nomeado em “Gilbert Grape” (1994), “O Aviador” (2004), “Diamante de Sangue” (2006) e “O Lobo de Wall Street” (2013), Leonardo DiCaprio conquistou finalmente o seu merecido Óscar de Melhor Ator, por “The Revenant: O Renascido”.
- 2016 viu a Walt Disney bater recordes de bilheteira, sendo mesmo a produtora de cinema a chegar a ultrapassar mais rapidamente num único ano o milhar de milhões de dólares. A isto deve-seo facto de que quatro dos cinco filmes com maior número de bilheteira em todo o mundo terem sido feitos pela companhia do rato Mickey; são eles: “Captain America. Civil War”, “Finding Dory”, “Zootopia” e “The Jungle Book”, que ocupam as posições número 1, 2, 3 e 4, respectivamente. Para ultrapassar a marca dos mil milhões de dólares (e falando agora apenas do mercado americano) foram precisos esperar apenas 128 dias. O quinto filme mais visto do ano foi “The Secret Life of Pets” da Universal, que apesar de não ter recebido muito apreço por parte da crítica, cativou de forma bastante eficaz a atenção do público.
- No que toca aos super-heróis, pareceu por momentos que o sucesso dos mesmos nas bilheteiras fosse começar a descer depois do semi-fracasso que foi “Batman V Superman”, mas “Captain America: Civil War” e “Deadpool” encarregaram-se de provar que o público ainda não se fartou deste sub-género cinematográfico e mesmo propriedades menos conhecidas como “Doctor Strange” e “Suicide Squad” conseguiram fazer bons números de bilheteira.
- Se as grandes produções familiares de Hollywood levaram a esmagadora maioria do dinheiro do público, foi o cinema independente e mesmo até o cinema europeu/Sul-Americano e levar quase todos os louros que a crítica tinha para dar. “Moonlight” de Barry Jenkins, “Loving” de Jeff Nichols, “Krisha” de Trey Edward Shults, “American Honey” de Andrea Arnold, “El Abrazo de la Serpiente” de Ciro Guerra, “I Daniel Blake” de Ken Loach e ainda o fantástico regresso de Paul Verhoeven com “Elle”, o surpreendentemente belo “The Witch” de Robert Eggers e o ridiculamente bizarro e delicioso “Swiss Army Man” de Daniel Kwan e Robert McDowell, todos estes são com certeza filmes que irão encontrar em muitas e muitas listas dos melhores dos ano.
- Os filmes mais pesquisados no Google em 2016, a nível mundial, foram (por ordem decrescente): Deadpool, Suicide Squad, The Revenant, Captain America Civil War, Batman v Superman, Doctor Strange, Finding Dory, Zootopia, The Conjuring 2, Hacksaw Ridge. Alan Rickman e Leonardo DiCaprio foram as figuras do cinema mais pesquisadas no Google a nível mundial em 2016.
- O ano ficou marcado pela chegada a Portugal de dois novos serviços streaming, a Filmin e a Amazon Prime Video, juntando-se assim à Netflix e à N Play.
- O ator português Nuno Lopes venceu o Prémio Especial de Melhor Ator na seção paralela Orizzonti do Festival de Veneza 2016, pelo seu desempenho em “São Jorge”, de Marco Martins, o único filme português presente na edição deste ano. “São Jorge” estreia em Portugal a 9 de março de 2017.
- O cineasta João Pedro Rodrigues venceu o Leopardo de Prata para Melhor Realizador por “O Ornitólogo”. Esta coprodução entre Portugal, França e Brasil foi uma das mais aclamadas pela crítica internacional e era apontada como uma das favoritas do festival suíço. “O Ornitólogo” foi dos filmes mais badalados do ano, em Portugal e no estrangeiro, assim como foi “Cartas da Guerra”, de Ivo M. Ferreira, que desde a sua estreia no Festival de Berlim 2016 tem percorrido vários festivais de cinema e sido apreciado pela crítica internacional.
- Segundo os dados do ICA (Instituto do Cinema e do Audiovisual), até novembro de 2016, e face ao período homólogo do ano anterior, registou-se uma subida na receita bruta e no número de espectadores nas salas de cinema em Portugal de 3,2% (13.328.681 espectadores e 68.453.054,71€ de receita bruta).
- Segundo o ICA, com dados até 21 de dezembro de 2016, a animação da Illumination Entertainment, “A Vida Secreta dos Nossos Bichos”, foi o filme mais visto do ano em Portugal, tendo sido visto por 603.742 espectadores e registado 2.981.126,11€ em receita bruta. Seguem-se “Esquadrão Suicida” (com 449.018 espectadores), “À Procura de Dory” (com 423.398 espectadores), “Zootrópolis” (com 393.250 espectadores), “Deadpool” (com 361.637 espectadores) e “The Revenant: O Renascido” (com 311.751 espectadores). “A Canção de Lisboa” de Pedro Varela ocupa a 19ª posição com 187.408 espectadores e 943.972,92€ de receita bruta. O que faz dele o filme português mais visto do ano, ocupando assim o primeiro lugar no ranking dos filmes nacionais mais vistos. Seguem-lhe “O Amor é Lindo … Porque Sim!” de Vicente Alves do Ó em segundo lugar com 31.415 e em terceiro lugar surge “Cartas da Guerra” de Ivo M. Ferreira, com 21.894 espectadores.
- Para terminar, aqui fica uma humilde referência aos que partiram, que este ano foram bastantes: David Bowie (músico e ator), Prince (músico), Leonard Cohen (músico), George Michael (músico), Gene Wilder (ator), Maria Eugénia Pinto do Amaral (atriz), Arthur Hiller (realizador), Anton Yelchin (ator), Nicolau Breyner (ator e realizador), Garry Marshall (ator e realizador), Abbas Kiarostami (realizador), Michael Cimino (realizador), Bud Spencer (ator), Guy Hamilton (realizador), George Gaynes (ator), Jacques Rivette (realizador), Ettore Scola (realizador), Camilo de Oliveira (ator), Alan Rickman (ator), Abe Vigoda (ator), Michel Galabru (ator), Andrzej Zulawski (realizador) e Carrie Fisher (atriz).
https://www.youtube.com/watch?v=gqyuIFSNxYI&feature=youtu.be
No Cinema 7ª Arte…
Os 5 Artigos mais lidos:
RTP2 dedica Ciclo de Cinema a Andrei Tarkovsky
CineConchas 2016: Programa
Prémios Sophia 2016: Vencedores
Cannes 2016: Vencedores
Fantasporto 2016: Vencedores
As 5 Críticas mais lidas:
«O Profeta» – Para além do bem e do mal
«Miss Hokusai» – Pequenos silêncios
«Supermundo» – Uma voz inquietante
«Viver à margem» – Invisibilidades demasiado evidentes
«Dogville» – Da máscara altruísta à pura vingança
As 5 Palavras mais pesquisadas:
cineconchas 2016
o renascido
oscares 2016
cineconchas
globos de ouro 2016