O Design Museum, em Londres, prepara uma viagem pelo universo excêntrico de Wes Anderson. Wes Anderson: The Archives estará patente de 21 de Novembro a 26 de Julho de 2026, reunindo mais de 700 objectos do acervo pessoal do realizador, numa colaboração com a Cinemateca Francesa.
A exposição percorre a evolução do cinema de Anderson, desde os primeiros ensaios nos anos 1990 até às suas produções mais recentes, oferecendo um percurso cronológico que evidencia o desenvolvimento do seu estilo assinado, marcado pela simetria, pelas paletas de cores cuidadosamente escolhidas e pela atenção obsessiva aos pormenores. Entre os destaques, encontra-se o seu primeiro curta-metragem, “Bottle Rocket” (1993), que viria a inspirar o longa homónimo três anos depois.
O que está em exposição?
O público poderá contemplar storyboards originais, polaroides, esboços, pinturas, manuscritos, marionetas, modelos em miniatura, figurinos e adereços, que revelam o processo criativo por detrás de cada obra.
Entre os objectos mais emblemáticos, salientam-se a maquete cor-de-rosa de “Grand Budapest Hotel” (2014), máquinas de venda automática de “Asteroid City” (2023) e o icónico casaco Fendi usado por Gwyneth Paltrow em “Os Tenenbaums – Uma Comédia Genial” (2001).
A exposição não se limita a cenários concluídos: também apresenta materiais em desenvolvimento, permitindo ao visitante observar os rascunhos, testes de cor e miniaturas que dão forma ao imaginário cinematográfico de Anderson. Além disso, áreas interactivas convidam o público a explorar detalhes dos sets e a experimentar a estética visual do realizador, aproximando-o da sensação de entrar nos seus filmes.
O percurso expositivo inclui ainda referências às colaborações recorrentes do cineasta, desde designers de produção a actores habituais, bem como à influência de correntes artísticas e cinematográficas que marcaram a sua obra, do expressionismo ao design gráfico. Cada secção da mostra propõe um olhar minucioso sobre o equilíbrio entre narrativa, estética e construção de personagens que define o estilo Wes Anderson.
Bilhetes e visita
Os ingressos para adultos começam em £19,69 (aproximadamente 137 euros). Existem tarifas reduzidas para estudantes, idosos e grupos, bem como entradas gratuitas para menores de determinada idade, que podem ser consultadas no site oficial do museu. Recomenda-se a compra antecipada de bilhetes online para garantir horário e evitar filas.
A exposição encontra-se no Design Museum, situado na 224-238 Kensington High Street, em Londres, uma zona central de fácil acesso por transporte público, incluindo metro e autocarro. O museu dispõe de cafetaria, loja de lembranças e áreas de descanso, permitindo uma visita confortável e completa.
O horário de funcionamento é de segunda a quinta, das 10h às 17h; sexta e domingo, das 10h às 18h; e aos sábados, prolonga até às 20h enquanto a exposição estiver patente. Para visitantes com mobilidade reduzida, o museu disponibiliza acessos adaptados e serviços de apoio.
Wes Anderson
Wes Anderson nasceu no Texas, mas o seu cinema podia muito bem ter nascido numa caixa de lápis de cor. Realizador, produtor, guionista e actor, Anderson estudou filosofia e foi nesse laboratório de ideias que conheceu Owen Wilson, com quem filmou o primeiro curta. Daí em diante nunca mais parou, cada filme seu é uma obsessão visual, uma pequena sinfonia de cores, simetrias e personagens esquisitamente adoráveis.
Foi nomeado ao Óscar de Melhor Argumento Original por “Os Tenenbaums – Uma Comédia Genial” escrito com Owen Wilson, “Moonrise Kingdom” escrito com Roman Coppola e “Grande Budapeste Hotel” escrito com Hugo Guinness, e também concorreu a Melhor Realizador e a Melhor Filme por este último.
Ainda tentou a animação com “O Fantástico Senhor Raposo”, adaptação da obra homónima do escritor britânico Roald Dahl, e em 2024, novamente com uma adaptação de Dahl, conquistou o seu primeiro Óscar na categoria de Melhor Curta-metragem com “A Incrível História de Henry Sugar”. Uma façanha quase lendária, como se a Academia finalmente tivesse decifrado o seu código cromático
O cinema de Wes Anderson é imediatamente reconhecível, com simetrias obsessivas, cores estudadas até à exaustão e detalhes que fazem o espectador murmurar: eu quero morar neste quadro. A sua estética não se limita ao ecrã: desenhou o Bar Luce, na Fundação Prada, em Milão, e espalha o seu estilo pelo design e pela moda, sempre com aquela precisão de relojoeiro suíço e o esquadro meticuloso de um arquitecto modernista. Os mesmos actores reaparecem como velhos amigos numa festa de família excêntrica, reforçando a sensação de um universo próprio onde tudo é tão cuidadosamente calculado que quase parece casual.

