Fantasporto 2023: Belga “Megalomaniac” é o grande vencedor, Portugal vence nas curtas

Fantasporto 2023

“Megalomaniac”, filme de Karim Ouelhaj, realizador presente no festival com a produtora do filme, Florence Sâdi, foi o grande vencedor do festival arrecadando três prémios: O Grande Prémio, a Melhor Realização e ainda o Prémio para a Melhor Atriz, (Eline Shumacher).

Karim Ouelhaj, realizador de "Megalomaniac", Mário Dorminsky, Florence Sâdi © André Rocha
Karim Ouelhaj, realizador de “Megalomaniac”, Mário Dorminsky, Florence Sâdi © André Rocha

Karim Ouelhaj, realizador de “Megalomaniac”, é um realizador belga conhecido sobretudo por “L’ Oeil Silencieux” (2016), mas realizou ainda entre outras, as longas metragens “Parabola” (2005) e “Le Repas du Singe” (2013) .

O renovado Cinema Batalha foi o centro nevrálgico da 43ª edição do Fantasporto – Festival Internacional de Cinema do Porto que teve início a 24 de fevereiro e termina hoje com a exibição de grande parte dos filmes premiados e com a estreia internacional do filme turco, “Once Upon a Time in the Future: 2121”, um inesperado olhar sobre os perigos das ditaduras e a estreia na realização de uma realizadora, Serpil Altin, a dar muita atenção no futuro próximo, a primeira mulher do seu país a abordar a ficção científica.

Foram 67 países sujeitos a seleção com centenas de filmes extremamente recentes, para se chegar a uma seleção final de 86 antestreias absolutas em Portugal com sabores diversificados, mas sobretudo reflexo do melhor cinema que se vem fazendo a nível mundial e, particularmente, em Portugal.

O Júri da secção de cinema fantástico constituído por Lawrence Trott, escritor e realizador, Marta Bényei, do National Film Institute da Hungria, Sandra Henriques, escritora e crítica de cinema, e Luís Rosales, Diretor do mais antigo festival de cinema da Galiza, decidiu atribuir os seus prémios dividindo-os entre o cinema Europeu e o Asiático.

O filme português coproduzido com o Reino Unido, “Incubus”, de Tito Fernandes, presente no Porto, foi o vencedor do Grande Prémio da vertente dedicada às curtas-metragens no Fantasporto deste ano, tendo sido igualmente escolhido pelo Júri do Prémio de Cinema Português como o Melhor Filme a concurso.

“Shepherd”, o filme de Russel Owen, também ele presente no festival com o seu produtor, arrecadou os prémios de Melhor Actor (Tom Hugues) e ainda o de Melhor Fotografia. Com Tom Hughes, ator da série de televisão Victoria, e Greta Scacchi de “Brideshead Revisited”, atriz em cerca de 100 filmes, “Shepherd” estreou no BFI London Film Festival.

Russel Owen estudou ilustração e argumento na Universidade da Califórnia, iniciou-se como artista de storyboards e trabalhou na série Doctor Who e em jogos de Tomb Raider antes de ser diretor artístico para séries de TV muito populares. Fez filmes publicitários para marcas como American Express, Armani ou L’Oreal e realizou várias curtas.

O Prémio especial do Júri foi para a inédita presença no Fantasporto de um filme de Taiwan, “Demigod: The Legend Begins”, de Chris Huang Wen-Chang.

O Prémio para o Melhor Argumento foi para o japonês “Convenience Story”, de Satoshi Miki,  no qual um argumentista em crise abandona o cão da namorada num campo para não ter de tratar dele. Arrependido, volta ao sítio onde o deixou, mas o cão desapareceu. Entra então numa loja de conveniência de uma estação de serviço que fica perto. Uma realidade paralela o espera, assim como uma mulher casada que vai desbloquear a sua criatividade. Uma história da imaginação muito original e inesperada.

A Menção Honrosa do Júri vai para “Stone Turtle”, de Woo Ming Jin, filme vindo da Malásia onde Zahara, uma refugiada sem nacionalidade, vive numa ilha remota com a sobrinha da venda no mercado negro de ovos de tartaruga.

Na secção de Prémios não oficiais, o Prémio da Crítica foi atribuído a “Immersion”, de Takashi Shimizu do Japão, e o Prémio do Público a “Life of Mariko in Kabukicho”, de Eiji Uchida e Shinzô Katayama do Japão.

Os Prémios de Carreira foram atribuídos a Ferdinan Lapuz, produtor de cinema, com mais de 90 produções até hoje, e Krzystof Zanussi, realizador polaco de documentários, filmes de ficção e argumentista.

Foram ainda agraciados Elmo Nuganen, realizador, ator e encenador nascido em 1962, e diretor artístico do Teatro Municipal de Tallinn e um dos mais prestigiado da Estónia; Anthony Waller, realizador, argumentista, produtor, compositor e ator nascido em Beirut de pais ingleses.

O Júri Internacional da Semana dos Realizadores composto por Anthony Waller (UK) realizador de “Um Lobisomem Americano em Paris” e “Não Falarás!”, Pedro Farate (Portugal), Diretor de Fotografia, Marina Anna Eich (Alemanha), atriz e produtora, e Isabel Pina (Portugal), realizadora, decidiram atribuir os seguintes prémios:

MELHOR FILME

“Narcosis”, de Martijn de Jong, dos Países Baixos

PRÉMIO ESPECIAL DO JÚRI

“Kaymak”, de Milcho Manchevski, uma coprodução Dinamarca, Países Baixos, Croácia e Macedónia do Norte

MELHOR REALIZADOR

Hans Herbots, por “Ritual”, uma coprodução Belga, Países Baixos e Alemanha

MELHOR ARGUMENTO

“The Game”, de Péter Fazakas, da Hungria

MELHOR ACTOR

Zsolt Nagy, em “The Game”, de Péter Fazakas da Hungria

MELHOR ACTRIZ

Thekla Reuten, em “Narcosis”, de Martijn de Jong, dos Países Baixos

MENÇÃO ESPECIAL DO JÚRI

“The Grandson”, de Kristóf Deák, da Hungria

GRANDE PRÈMIO ORIENT EXPRESS

“Kargo”, realizado por T.M. Malones, das Filipinas

PRÉMIO ESPECIAL DO JÚRI

“Stone Turtle”, de Woo Ming Jin, da Malasia

Para além dos filmes em competição, a edição do Fantasporto 2023 ficou marcada pela apresentação da trilogia “Melchior”, 3 longas metragens com grande qualidade para os amantes de História e do ambiente de “O Nome da Rosa”, e que mostram a excelência do cinema estoniano, tudo na presença do realizador Elmo Nuganen.

Uma retrospetiva sobre o cinema de Lapuz, o grande cinema realista das Filipinas, já anteriormente premiado no Fantasporto, e na presença de diversos realizadores, atrizes e atores bem como do seu produtor, aqui homenageado, Ferdinand Lapuz.

A retrospetiva Freak Agency, com curtas metragens de excelência, sobretudo de horror, de uma agência que trabalha a promoção do cinema espanhol e colaborador de há muitos anos do Fantasporto.

E homenagens a “Darklands”, filme de Julian Richards que celebra os 25 anos da data de estreia e foi Prémio da Crítica do Fantasporto antes de receber uma série de prémios internacionais e de lançar mundialmente o seu realizador e produtor, já homenageado no Fantasporto.

Ainda o filme de culto “Não Falarás!” (1995) de Anthony Waller, que foi Prémio Especial do Juri no Festival de Gerardmer.

Skip to content