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Festival de Roterdão 2025: “Fiume o Morte!”, documentário croata sobre poeta fascista, é o grande vencedor

Filme sobre o italiano Gabriele D’Annunzio, poeta, jornalista, dramaturgo e líder fascista, é o vencedor da Tiger Competition, a competição principal do mais importante festival dos Países Baixos.
"Fiume o morte!" (2025) de Igor Bezinović "Fiume o morte!" (2025) de Igor Bezinović
"Fiume o morte!" (2025) de Igor Bezinović

O documentário híbrido do croata Igor Bezinović, “Fiume a morte!”, recebeu o Tiger Award, o prémio principal do Festival Internacional de Cinema de Roterdão (IFFR), que realizou este ano a sua 81.ª edição.

Através de reconstituições dramáticas e interlúdios documentais, o realizador “capta o espírito do poeta, dramaturgo, jornalista, aristocrata e oficial do exército italiano Gabriele D’Annunzio, e o fascismo nascente nas suas tentativas de anexar a cidade de Fiume (Rijeka) à Itália após a Primeira Guerra Mundial.”

O júri, composto por Yuki Aditya, Winnie Lau, Peter Strickland e Andrea Luka Zimmerman, declarou que “Fiume o Morte!” é “um filme onde as pessoas e os espaços públicos são utilizados como co-conspiradores na exploração do passado através do prisma da Europa contemporânea. Em tempos de ascensão do ultra nacionalismo no contexto europeu contemporâneo, o filme aborda de forma lúdica o passado, não como um capítulo fechado, mas como uma realidade viva. A menos que encaremos o passado como um presente vivo, ele insistirá de formas que não serão apenas um aviso para o futuro, mas ameaçarão a própria possibilidade de coexistência equitativa e de uma vida habitável não apenas para aqueles que têm recursos para afirmar o poder. (…) Embora seja um filme lúdico e malicioso, apresenta um espelho dos nossos dias de hoje.”

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“O recurso ao ultra nacionalismo, e até mesmo ao fascismo, reside no cerne da identidade nacional; ele já está dentro de nós como uma forma de conhecimento que devemos ter medo de esquecer e que precisamos de processar continuamente para nos livrarmos do seu domínio. É uma realidade que nos lembramos dos filmes, da literatura, dos outdoors e dos livros. São memórias que percorrem a história de uma nação. Depois precisamos de fazer a história de novo, uma e outra vez, não apenas para esquecer, mas para gerar o mundo que gostaríamos que existisse, para todos nós.”

O filme de Igor Bezinović venceu também o prémio FIPRESCI, atribuído pela Federação Internacional de Críticos de Cinema.

“L’arbre de l’authenticité”, do fotógrafo e artista visual Sammy Baloji, documentário que explora a história colonial da República Democrática do Congo, e o drama “Im Haus meiner Eltern”, de Tim Ellrich, “um retrato aparentemente simples das relações familiares e do envelhecimento (…) profundamente honesto, emocionalmente carregado e sensível.” receberam ambos o Prémio Especial do Júri.

Apesar da forte presença de Portugal na 81.ª edição do Festival de Roterdão, o cinema português ficou de fora das premiações deste ano: as curtas-metragens “Vultosos Cumes” de Diogo Salgado, “La Durmiente” de Maria Inês Gonçalves e “Amarelo Banana” de Alexandre Sousa; e as longas-metragens “Primeira Pessoa do Plural”, de Sandro Aguilar, e “Pai Nosso – Os Últimos Dias de Salazar”, de José Filipe Costa.