Não, não foi engano, não foi um momento “La La Land”, a confusão da troca dos envelopes na cerimónia dos Óscares em 2017. Este sábado, em Espanha, não houve enganos e houve mesmo dois filmes a vencer o prémio de Melhor Filme.
“El 47”, de Marcel Barrena, e “La infiltrada”, de Arantxa Echevarría, são os melhores filmes do ano da 39.ª edição dos Prémios Goya, os mais importantes prémios cinematográficos de Espanha, atribuídos pela Academia das Artes e das Ciências Cinematográficas de Espanha. Esta é a primeira vez na história dos Prémios Goya que há um empate no número de votos nesta categoria, atribuindo assim o prémio máximo (Melhor Filme) a dois filmes.
Ambos os filmes lideravam as nomeações para os “Óscares” de Espanha, com 14 e 13 nomeações. “El 47”, um drama inspirado num ato de desobediência por parte dos moradores de um bairro em Barcelona, venceu no total cinco prémios que inclui Melhor Atriz Secundária (Clara Segura), Ator Secundário (Salva Reina), Direcção de Produção e Efeitos Especiais. Já “La Infiltrada”, um thriller sobre uma agente da polícia que se infiltra no grupo terrorista ETA, para além de conquistar a categoria de Melhor Filme venceu também a de Melhor Atriz (Carolina Yuste).
As equipas de ambos os filmes subiram ao palco incrédulas com a vitória partilhada. “Este filme fala de solidariedade, habitação, justiça social e tantas outras coisas”, disse a produtora de “El 47”, Laura Fernández Espeso. Por sua vez, o realizador salientou que “este filme é sobre pessoas boas que fazem coisas boas, como Manolo Vital.”
Os produtores de “La infiltrada” destacaram o quão “agradável” foi partilhar este prémio “com os nossos colegas do El 47”. Dedicaram ainda o prémio “aos mais de um milhão de espectadores que viram La infiltrada”.
O mais recente filme de Pedro Almodóvar, “O Quarto ao Lado”, contava com dez nomeações mas venceu apenas nas categorias de Argumento Adaptado, Música Original (Alberto Iglesias) e Fotografia.
O Goya de Melhor Realização foi para a dupla Isaki Lacuesta e Pol Rodríguez, por “Segundo premio”, um filme passado nos anos 1990, em Granada – a cidade onde decorreu a cerimónia de entrega dos Goyas -, sobre uma banda indie que mudou o panorama musical em Espanha. O Brasil venceu o Goya de Melhor Filme Ibero-Americano, por “Ainda Estou Aqui” de Walter Salles, enquanto que a produção francesa “Emilia Pérez” venceu o prémio de Melhor Filme Europeu.
O ator norte-americano Richard Gere, conhecido por filmes como “Dias do Paraíso” (1978) ou “Chicago” (2022) ao receber Goya Honorário pelo conjunto da sua obra criticou o presidente dos EUA, Donald Trump, chamando-lhe “bully e bandido”. Gere manifestou o seu desagrado com a ascensão da extrema-direita e populista um pouco por todo o mundo. “Infelizmente, temos autoridades eleitas que não nos inspiram da forma que gostaríamos de ser inspirados”, disse. “Estamos num lugar muito sombrio na América, onde temos um bully e um bandido que é o presidente dos Estados Unidos”. “Mas não é só nos EUA, é em todo o lado”, alertou, acrescentando: “Temos de estar vigilantes”.
Goyas 2025: Vencedores
Melhor Filme
El 47
La infiltrada
Melhor Realização
Isaki Lacuesta e Pol Rodríguez por Segundo premio
Melhor Atriz
Carolina Yuste em La infiltrada
Melhor Ator
Eduard Fernández em Marco
Melhor Atriz Secundária
Clara Segura, em El 47
Melhor Ator Secundário
Salva Reina, em El 47
Melhor Atriz Revelação
Laura Weissmahr em Salve Maria
Melhor Ator Revelação
Pepe Lorente em La estrella azul
Melhor Realização Revelação
Javier Macipe por La estrella azul
Melhor Argumento Original
Eduard Sola por Casa en flames
Melhor Argumento Adaptado
Pedro Almodóvar por La habitación de al lado
Melhor Música Original
Alberto Iglesias por La habitación de al lado
Melhor Canção Original
«Los Almendros» de Antón Àllvarez, Yerai Cortés por La guitarra flamenca de Yerai Cortés
Melhor Direcção de Produção
El 47
Melhor Fotografia
La habitación de al lado
Melhor Montagem
Segundo premio
Melhor Direcção de Arte
La Virgen Roja
Melhor Guarda-Roupa
La Virgen Roja
Melhor Maquilhagem e Cabelos
Marco
Melhor Som
Segundo premio
Melhores Efeitos Especiais
El 47
Melhor Filme de Animação
Mariposas Negras
Melhor Documentário
La guitarra flamenca de Yerai Cortés
Melhor Filme Ibero-Americano
Ainda estou aqui (Brasil)
Melhor Filme Europeu
Emilia Pérez (França)
Melhor Curta-Metragem de Ficção
La gran obra de Alex Lora
Melhor Curta-Metragem Documental
Semillas de Kivu de Carlos Valle, Néstor López
Melhor Curta-Metragem de Animação
Cafuné de Carlos Fernández de Vigo, Lorena Ares