25 de Abril

Greve de Argumentistas e Atores de Hollywood dura há 100 dias e não há fim à vista

Greve dos Argumentistas e dos Atores de Hollywood - 2023 Greve dos Argumentistas e dos Atores de Hollywood - 2023

A greve do sindicado de Argumentistas e do sindicato dos Atores, considerada a maior dos últimos 60 anos em Hollywood, dura há 100 dias e não há fim à vista, podendo levar meses a resolver. A greve é considerada a maior interrupção na produção de televisão e cinema dos EUA desde a pandemia da COVID-19 em 2020, bem como a maior paralisação dos trabalhadores da indústria cinematográfica que o Writers Guild of America (WGA) realizou desde a última greve em 2007/2008.

Foi a 2 de maio de 2023, que o Writers Guild of America (WGA), o sindicato dos argumentistas que representa 11500 profissionais, entrou em greve por não ter chegado a um acordo com os produtores de cinema e televisão dos EUA, a Aliança de Produtores de Cinema e Televisão (Alliance of Motion Picture and Television Producers – AMPTP), que inclui principais estúdios como Netflix, Amazon, Apple, Disney, Warner, NBC Universal, Paramount e Sony. O sindicato dos argumentistas exigia salários mais altos e justos, condições de trabalho e novos contratos de direitos autorais, especialmente em relação ao streaming e à inteligência artificial, entre outras reivindicações.

Dois meses depois, no dia 13 de julho, o sindicato dos atores de Hollywood (Screen Actors Guild-American Federation of Television and Radio Artists – SAG-AFTRA) juntou-se à greve dos argumentistas. As reivindicações dos atores são muito idênticas às dos argumentistas, exigindo melhores salários, aumento de royalties, maiores contribuições para planos de pensão e saúde e segurança e controlo no uso da IA (inteligência artificial), que tem sido visto como uma ameaça aos postos de trabalho.

Atores como Susan Sarandon, ganhadora de um Óscar por “A Última Caminhada”, Daniel Radcliffe, da série de “Harry Potter”, Kevin Bacon, Jason Sudeikis, Vanessa Hudgens, Aubrey Plaza, Alan Ruck, Rosario Dawson, Cynthia Nixon, Bob Odenkirk, entre outros, participaram dos protestos em pró das greves dos argumentistas e atores.

Membros do sindicato britânico de atores, o Equity, também se manifestaram em Londres em apoio aos colegas norte-americanos. Entre os presentes estavam Brian Cox, Andy Serkis e o casal Jim Carter e Imelda Staunton.

Os impactos imediatos desta greve tem sido uma paralisação massiva na produção de cinema e de televisão em Hollywood, levando muitas produções a cancelarem as filmagens, como “Deadpool 3”, “Gladiador 2”, “Stranger Things” e “The Last of Us”. Outra consequência da greve é que os atores não podem participar em eventos de divulgação e promoção de festivais de cinema ou em programas de televisão para promover o filme ou série. A cerimónia de entrega dos prémios Emmy 2023, prevista para setembro, foi adiada, assim como já afetou o Festival de Locarno (ainda a decorrer), e certamente irá afetar o Festival de Veneza, pelo menos na participação de estrelas de Hollywood na red carpet.

Os impactos a médio e longo prazo são óbvios, quanto mais tempo durar a greve mais tempo a produção de filmes e séries estará suspensa, levando a que muito em breve não haja filmes e séries a estrearem nas salas de cinema e nas plataformas de streaming. O que já levou alguns estúdios a fazerem mudanças nas datas de estreia, como “Duna: Parte II”, “Deadpool 3”, “Spider-Man 4”, “Venom 3”, “Aquaman e o Reino Perdido”, “A Cor Púrpura”, “Challengers”, entre outros, todos adiados para 2024.

Têm sido muitos os rostos conhecidos do cinema e da televisão que têm participado nos protestos, à porta dos estúdios de cinema, com cartazes na mão. E muitos têm feito grandes donativos para apoiar os argumentistas e atores que estão em greve há vários dias. Os estúdios e as plataformas de streaming, por outro lado, afirmam que estão dispostos a negociar, mas que as exigências dos atores e argumentistas são excessivas e inviáveis. Eles também acusam o sindicato de não representar os interesses da maioria dos seus membros.

O CEO da Endeavor, Ari Emanuel, diz que as greves de atores e argumentista dos EUA envolvem “questões reais para resolver” e levarão “meses, não dias” para serem resolvidas. Ari estima que as paralisações custarão cerca de 25 milhões de dólares por mês em receita para a sua empresa.

Segundo o Los Angeles Times, “alguns observadores esperam que o verão quente de trabalho de Hollywood se estenda até o outono (…) Representantes da WGA e dos estúdios permanecem distantes em questões que são essenciais para os argumentistas.”

A greve dos sindicatos de Argumentistas e Atores de Hollywood é considerada a primeira greve mundial contra a inteligência artificial, pois os riscos que a tecnologia representa são imensos, pelo que urge a sua regulamentação, pois ameaça a sobrevivência humana.

 

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