Já se encontra disponível para consulta a publicação “Cinema | Audiovisual de Portugal 2019”, uma edição do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), que inclui um catálogo dedicado à produção nacional de 2019, nas categorias de Ficção, Documentário, Audiovisual, Animação e Próximas obras. É também um caderno de estatística, com dados provisórios sobre o mercado cinematográfico português do ano de 2018 e, ainda, um caderno de contactos de entidades do setor do cinema e do audiovisual.
“Pela primeira vez, inclui trabalhos que não contam com o apoio financeiro do ICA e também várias produções portuguesas beneficiárias do novo sistema de incentivo à produção e captação de filmagens – cash rebate – que entrou em vigor em 2018. Este incentivo é financiado pelo Fundo de Apoio ao Turismo e Cinema, e permite obter um retorno de até 30% das despesas de produção elegíveis.”
A publicação dá a conhecer mais de 90 obras (entre ficção, documentário e animação) cinematográficas e audiovisuais portuguesas apoiadas pelo ICA e produzidas em 2018. São cerca de 14 curtas-metragens de ficção, 14 curtas-metragens de animação, 10 longas-metragens de documentário, 22 longas-metragens de ficção e 16 longas-metragens de documentário.
O capítulo “Próximas Obras” dá a conhecer os filmes que vão ser produzidos durante este e o próximo ano, como por exemplo as seguintes longas de ficção: “A Vida Fantástica de Sofia”, de José Alberto Pinheiro, “Amadeo”, de Vicente Alves do Ó, “Campo de Sangue”, de João Mário Grilo, “I Am An Artist”, de Albert Serra, “Os Sertões”, de Miguel Gomes, “Verdes Campos Aka Amanhã Não É Hoje”, de Gonçalo Galvão Teles. Nos documentários encontram-se os futuros projectos de Cláudia Varejão com “Amor Fati”, Manuel Mozos com “Atrás Dessas Paredes”, Susana de Sousa Dias com “Estação Total”, João Canijo e Anabela Moreira com “Minho”, Fernando Vendrell com “O Vôo do Crocodilo – o Timor de Ruy Cinatti”, e Sérgio Tréfaut com “Triste Brasil”.
No capítulo “Dados Estatísticos” são confirmados os números já divulgados em janeiro pelo ICA. Em 2018 registaram-se 14 689 374 espectadores nas salas de cinema, gerando uma receita bruta total de78 374 864,16€. Foram produzidas 78 obras cinematográficas nacionais com o apoio financeiro do ICA (uma a mais do que em 2017), e estrearam 398 longas-metragens. A quota do mercado nacional está a baixo dos 2%, ou seja, o cinema português representa apenas 1,9%, com 34 filmes portugueses estreados em salas de cinema, enquanto que a quota de mercado de cinema dos EUA representa 71,3% (com 166 longas-metragens provenientes dos EUA estreadas).
Destacamos alguns filmes com estreia prevista para 2019:
Frankie, de Ira Sachs
Produção: O Som e a Fúria
Sinopse: Três gerações de uma família europeia reúnem-se na lendária cidade de Sintra, Portugal, para uma última viagem antes que a matriarca da família enfrente o próximo, e último, capítulo da sua vida. Num dia fresco de outubro, o cenário de conto de fadas desperta os impulsos mais românticos de todos, revelando tanto a distância entre eles quanto sentimentos de uma profundidade inesperada.
A Herdade, de Tiago Guedes
Produção: Leopardo Filmes
Sinopse: João Fernandes é o herdeiro de um dos maiores latifúndios da Europa, na margem sul do rio Tejo, e convida-nos a mergulhar profundamente nos segredos e mistérios da sua Herdade. O retrato deste príncipe senhorial e marialva sedutor leva-nos a conhecer a saga da sua família, iluminando a vida histórica, política, social e financeira do Portugal anterior à revolução do 25 de Abril e da sua posterior transformação.
O Homem que Matou Dom Quixote, de Terry Gilliam
Produção: Ukbar Filmes
Sinopse: Toby, um cínico diretor de publicidade, encontra-se preso aos delírios de um velho sapateiro espanhol que acredita ser Dom Quixote. No decurso das suas aventuras cómicas e progressivamente surreais, Toby é confrontado com as trágicas repercussões de um filme que fez quando era jovem e idealista. Conseguirá Toby recuperar a sua humanidade? Poderá Dom Quixote sobreviver à sua loucura e morte iminente? Ou será que o amor triunfará?
Patrick, de Gonçalo Waddington
Produção: O Som e a Fúria
Sinopse: Mário, um menino de 8 anos, raptado no interior de Portugal na primavera de 1999, reaparece 12 anos depois numa prisão em Paris. Quem é este rapaz? Onde passou os últimos 12 anos da sua vida?
Pedro, de Laís Bodanzky
Produção: Biónica Filmes, Buriti Filmes, Cauã Reymond Produções, Globo Filmes, O Som e a Fúria
Sinopse: Pouco se sabe sobre o regresso de D. Pedro I – rei de Portugal e Imperador do Brasil – à Europa em 1831. Após a independência brasileira, este jovem monarca revolta-se contra a família, regras e sociedade. Uma mistura entre D. Juan e D. Quixote, um homem à frente do seu tempo, apegado à ideia de liberdade. “Pedro” convida o espectador a imaginar o que poderia ter acontecido na viagem de regresso, nesta fase conturbada da história dos dois países.
Quero-te Tanto, de Vicente Alves do Ó
Produção: Ukbar Filmes, TVI – Televisão Independente
Sinopse: Pepê e Mia são um casal que tarda em entrar na vida adulta. Ao descobrirem que vão ser pais, vêem-se obrigados a arranjar uma solução que garanta uma boa vida para o filho. De forma precipitada e inocente, empreendem um disparatado assalto ao armazém das raspadinhas, na expectativa de garantir a edição premiada com 1 milhão de euros. Naturalmente capturados pela polícia, são separados e levados para cidades diferentes. Apesar de um débil discernimento, Pepê, com a ajuda de sucessivos intervenientes que se deixam comover pelo seu amor obstinado à namorada grávida, envolve-se numa acidentada mas venturosa jornada que começa pela fuga da prisão e passa pelo resgate de Mia. A história adquire uma dimensão mediática inesperada, o que leva a população a organizar-se em sua defesa, provocando uma reviravolta no destino desta resiliente família.
Variações, de João Maia
Produção: David & Golias
Sinopse: António Variações foi um homem único. Nasceu numa pequena aldeia em Amares, no norte de Portugal. Em tenra idade, infeliz com sua vida de trabalho numa fábrica local, decide ir para Lisboa para ficar em casa de familiares. Mas ele era diferente e queria mais. Queria viajar e ver o mundo e emigrou, começando a trabalhar como barbeiro. Mas o seu amor pela música e pela performance era tão forte que decidiu voltar a Portugal para cantar na sua própria língua, mesmo sendo vítima do preconceito devido à sua aparência e excentricidade. E mesmo sem saber nada sobre música, António lutou pelo seu direito de fazê-lo da maneira que ele acreditava ser a melhor. Variações é uma história sobre música e sobre lutar pelo que acreditamos.
Sacavém, de Júlio Alves
Produção: Midnight Express
Sinopse: Pedro Costa dá-nos a possibilidade de percorrer os seus filmes, “Casa de Lava”, “Ossos”, “No Quarto da Vanda”, “Juventude em Marcha” e “Cavalo Dinheiro”, através de um conjunto de objetos que se relacionaram com eles. Um caderno, 9 fotografias, uma camara digital, uma cópia de um filme em 35 mm e um elevador. “Sacavém” procura ser uma janela para o cinema de Pedro Costa e entender como ele é sentido e construído.
Prazer, Camaradas!, de José Filipe Costa
Produção: Uma Pedra no Sapato
Sinopse: Em 1975 eles eram jovens e vinham de toda a Europa para trabalhar nas cooperativas de um Portugal revolucionário. Davam consultas médicas, faziam animação cultural, cuidavam de ovelhas e porcos, faziam a colheita da azeitona e do trigo. E à noite festejavam com os restantes cooperadores. Hoje eles voltam para dramatizarem essas memórias com os moradores locais nos velhos palacetes em ruína: cantam, dançam, dizem segredos, procuram a intimidade, trocam beijos e apelam à revolução sexual – “Estrangeiro, quer casar comigo”? Sejam bem-vindos, camaradas!
Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos, de João Salaviza e Renée Nader Messora
Produção: Karõ Filmes
Sinopse: Esta noite, os espíritos e as cobras ainda não apareceram. A floresta ao redor da aldeia está calma. Ihjãc, quinze anos, tem pesadelos desde que perdeu o pai. Ele é um índio Krahô, do Norte do Brasil. Ihjãc avança na escuridão. A voz distante do seu pai ecoa por entre as palmeiras, chamando-o até à cascata. Chegou o momento de preparar a festa de fim de luto, para que o espírito possa partir para a aldeia dos mortos.