«J.Edgar» – O homem por detrás do FBI

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Qualquer estreia de um novo filme do Clint Eastwood é sempre um acontecimento esperado com grande expectativa. “J.Edgar”, um dos filmes mais aguardados do ano, é um exemplo disso. Eastwood torna a explorar o género biográfico, depois de ter humanizado Nelson Mandela em “Invictus” (2009), agora sobre J. Edgar Hoover.

“J.Edgar” narra-nos por flashbacks os acontecimentos que tornaram J. Edgar Hoover num dos homens mais poderosos e influentes dos EUA durante quase cinco décadas, servindo a oito presidentes e dezoito secrestários de segurança. O homem que construiu e elevou o FBI (Federal Bureau of Investigation) ao que é hoje.

O argumento escrito pelo oscarizado Dustin Lance Black (“Milk”) tem algumas falhas que penalizam o filme. Black foi pela via mais fácil tornando o argumento numa sequência de acontecimentos, como a eliminação dos comunistas dos EUA, a limpeza dos gangsters nas ruas, passando pela 2ª Guerra Mundial, os Kenedy e a Guerra Fria, dando sempre um tratamento superficial. Há ainda a exploração da vida privada de Hoover, que foi um homem que viveu rodeado pelo medo, pelo amor da sua mãe (Judi Dench) e pela sua relação homossexual com o seu parceiro, Clyde Tolson (Armie Hammer). No entanto não a explora tanto como podia ter feito este lado pessoal de Hoover, criando um certo distanciamento entre as personagens e o público.

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Eastwood tenta humanizar um dos homens mais cruéis da história dos EUA, que espalhou o medo pelo seu país e mesmo pelo mundo, criando mentiras e preconceitos sobre os comunistas. Durante a sua chefia no FBI criou-se a “caça às bruxas” e com o medo muitos inocentes americanos foram deportados para fora do país. Pode-se mesmo afirmar que o FBI foi e poderá continuar a ser o equivalente à nossa PIDE. É espantoso o que um homem tão fraco e inseguro (talvez pela sua homossexualidade, inaceitável na sua época) conseguiu construir em quase cinquenta anos. Um homem que viveu tentando esconder sempre o seu afeto por Tolson e que o escondeu até ao fim.

É pena que o filme se perca desta maneira, pois tinha tudo para ser um grande filme, Clint Eastwood (realização), Leonardo DiCaprio (protagonista) e Dustin Lance Black (argumento). No entanto não deixa de ser um bom filme, que vale a pena pelas excelentes interpretações, como Judi Dench como mãe de Hoover, Armie Hammer como Clyde Tolson, o amante de Hoover e claro Leonardo DiCaprio como Hoover, numa das suas melhores interpretações de sempre. DiCaprio merecia ser um dos nomeados para o Óscar de Melhor Ator, substituindo assim Clooney que não a merecia. DiCaprio estaria longe de merecer vencer nesta categoria, mas uma nomeação seria o suficiente para reconhecer o seu bom desempenho. Mais uma vez é esquecido pela Academia. Outro dos aspectos positivos do filme é que nos “educa”, no sentido em que nos dá a conhecer a história dos bastidores do FBI e da vida privada e Hoover. Só por isso é um filme bastante interessante.

Quanto à realização de Eastwood mantem-se excelente contando as suas histórias na companhia de Tom Stern (o diretor de fotografia dos seus filmes) em tons negros, tão negros quanto Hoover foi. É ainda de destacar o excelente trabalho de maquilhagem, principalmente no envelhecimento da personagem Hoover, parecendo bastante realista.

“J.Edgar” é assim mais um trunfo na carreira de Clint Eastwood, que apesar estar longe de ser o seu melhor trabalho é uma referencia e um filme a ver.

eefbc7fc8e86d895bf99fd32e3e156c7 4Realização: Clint Eastwood

Argumento: Dustin Lance Black

Elenco: Leonardo DiCaprio, Armie Hammer, Judi Dench

EUA/2011 – Biografia

Sinopse: Durante a sua vida, J. Edgar Hoover tornou-se no homem mais poderoso da América. Como chefe do FBI durante quase 50 anos, ele faria tudo para proteger o seu País. No período em que governaram oito Presidentes e se assistiu a três guerras, Hoover travou batalha contra todas as ameaças, muitas vezes quebrando regras para proteger os seus compatriotas. Os seus métodos eram, ao mesmo tempo, cruéis e heróicos. Hoover era um homem que dava grande valor aos segredos – particularmente os dos outros – e não tinha medo de utilizar essa informação de forma a exercer autoridade perante as principais figuras da Nação. Compreendendo que conhecimento é poder e que o medo cria oportunidade, ele usou ambos para ganhar uma influência sem precedentes, adquirindo uma reputação formidável e intocável. Muito reservado na sua vida privada mas também na sua vida pública, permitia apenas rodear-se de um restrito círculo de pessoas da sua confiança. O seu colega mais próximo, Clyde Tolson, também foi a sua companhia constante. A sua secretária, Helen Gandy, talvez tenha sido a pessoa que mais conhecimentos tinha acerca dos seus projectos e que a ele se manteve fiel até ao fim. Apenas a mãe de Hoover, que foi a sua inspiração e consciência, iria deixá-lo. A sua morte foi algo de esmagador para o filho que sempre procurou o seu amor e aprovação.

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