O realizador iraniano Jafar Panahi iniciou uma greve de fome como forma de protesto contra a sua detenção ilegal e desumana na prisão Evin, em Teerão.
A esposa de Panahi, Tahereh Saeedi, e o seu filho, Panah Panahi, publicaram através das suas próprias contas de Instagram a declaração de Jafar Panahi explicando o motivo pelo qual deu início à greve de fome.
O realizador de “Taxi”, “Três Rostos” ou, mais recentemente, “Ursos Não Há”, foi preso em julho do ano passado, aquando do protesto em frente a Evin, juntamente com outros nomes da comunidade criativa do Irão, contra as detenções dos realizadores Mohammad Rasoulof e Mostafa Al-Ahmad.
As autoridades iranianas decidiram, então, reativar uma pena de seis anos de prisão que Panahi havia recebido em 2010 em conexão com o Movimento Verde de 2009. Em outubro, o Supremo Tribunal de Justiça do Irão declarou, contudo, que a sentença já havia perdido a sua validade, pelo que se esperaria que o resultado fosse a sua libertação enquanto aguardava julgamento – tal não aconteceu.
A pena original incluía ainda que o realizador ficasse banido durante 20 anos de realizar quaisquer filmes, escrever guiões, dar entrevistas à imprensa iraniana ou internacional ou sair do país.
Apesar disso, Jafar Panahi realizou diversos filmes que sempre conseguiu fazer sair do país e ainda conquistar prémios internacionais de cinema, como o Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim para “Pardé – Closed Curtain” ou Jafar Panahi.
As prisões de Mohammad Rasoulof, Mostafa Al-Ahmad e Jafar Panahi antecedem a onda de protestos desencadeada após a morte da jovem Mahsa Amini, de 22 anos, em setembro detida pela polícia por não usar convenientemente o hijab, o lenço muçulmano.
Desde então, os protestos já causaram a morte a mais de 500 civis, mortos pelas forças de segurança do governo iraniano, e mais de 100 membros da indústria do cinema iraniano foram presos ou proibidos de fazer filmes.