25 de Abril

LEFFEST 2022: 10 filmes a ver

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A cerca de duas semanas da 16.ª edição do LEFFEST – Lisbon & Sintra Film Festival, que irá decorrer de 10 a 20 de novembro em Lisboa e Sintra, o Cinema Sétima Arte partilha algumas sugestões de uma programação que conta com cerca de uma centena de filmes, 11 na Selecção Oficial em Competição e 17 Fora de Competição, inéditos em Portugal, alguns destes premiados nos mais reputados festivais internacionais.

Entre os convidados estão confirmadas as presenças de: Angela Davis, John Malkovich, Michael Fassbender, Olivier Assayas, Mario Martone, Abel Ferrara, David Cronenberg, entre outros.

Serão ainda apresentadas retrospetivas da obra do realizador Sérgio Tréfaut, do ator Jim Carrey e do movimento L.A. Rebellion – ou Los Angeles School of Black Filmmakers (que criou um inovador movimento de Cinema Negro).

Apresentamos 10 sugestões de filmes a ver nesta edição do LEFFEST, que inclui filmes de praticamente todas as secções, entre estreias de filmes premiados nos grandes festivais internacionais, e entre filmes inéditos em Portugal, nunca antes exibidos e sem distribuição. Ver programa completo aqui.


Leila’s Brothers, de Saeed Roustaee (2022) – Seleção Oficial (Em Competição)

Com 40 anos, Leila tem passado a vida a tomar conta dos pais e dos quatro irmãos. A família discute constantemente e está afundada em dívidas, tudo isto num país onde as sanções económicas internacionais afectam a qualidade de vida da sociedade. Enquanto os irmãos tentam sobreviver, Leila quer criar um negócio para salvar a família da pobreza e, enquanto isto acontece, descobre que o pai Esmail esconde uma herança do resto da família. Esta descoberta vai lançar o caos na já frágil dinâmica familiar e colocá-los cada vez mais perto da implosão.

Nação Valente, de Carlos Conceição (2022) – Seleção Oficial (Em Competição)

1974, décimo terceiro ano da guerra de libertação: os portugueses e seus descendentes fogem da colónia de Angola, onde grupos independentistas gradualmente reivindicam o seu território. Nação Valente dá uma dupla perspectiva sobre esta luta: uma menina tribal que descobre o amor e a morte quando o seu caminho se cruza com o de um jovem soldado português; Um grupo de soldados portugueses está barricado dentro de um muro infinito do qual terão que escapar assim que o passado sair do túmulo para reivindicar a sua tão esperada justiça.

https://www.youtube.com/watch?v=Rvd8jRiQ0Lo

EO, de Jerzy Skolimowski (2022) – Seleção Oficial (Fora de Competição)

O mundo é um lugar misterioso quando visto através dos olhos de um animal. EO (que, em polaco, sigifica eu) é um burro cinzento de olhos melancólicos que, ao longo da sua jornada, vai conhecendo pessoas boas e más, experienciando dor e alegria, suportando o seu destino, quando a sua sorte é transformada em desastre ou quando o seu desespero se converte em esperança. Mas nunca, nem por um breve instante, Eo perde a sua inocência.

The Whale, de Darren Aronofsky (2022) – Seleção Oficial (Fora de Competição)

The Whale é a história de Charlie [Brendan Fraser numa interpretação inesquecível e comovente], um professor de inglês que vive fechado em casa devido à sua condição de obesidade mórbida, e que, numa tentativa de redenção, tenta reaproximar-se da sua filha adolescente. «Esta história permite-nos entrar na pele de um homem que, de outra forma, nunca poderíamos sequer imaginar, e lembra-nos que a possibilidade de redenção e de amor está presente em cada um de nós. Para mim, esse é o poder do cinema», afirmou Aronofsky.

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Broker, de Hirokazu Koreeda (2022) – Seleção Oficial (Fora de Competição)

Este é um filme sobre caixas. Mas umas caixas especiais, colocadas em igrejas, onde podem ser deixados bebés para que sejam entregues para adopção. Numa noite chuvosa, uma mãe regressa a uma igreja para buscar o seu bebé que tinha deixado ali para ser adoptado. Acaba por encontrar dois homens que roubam os bebés para os vender no mercado negro para adoção. A partir desse encontro, os três decidem realizar uma viagem para entrevistar os potenciais pais adoptivos do seu filho, sem imaginar que a presença dessa criança irá marcar as suas vidas.

Le Trou, de Jacques Becker (1960) – Ciclo Romper as Grades

Le Trou, o último filme realizado por Jacques Becker, é considerado uma das obras-primas do moderno cinema francês. Melville afirmou que é «o maior filme francês de todos os tempos», e Daney escreveu: «Godard disse recentemente que o cinema francês só tinha tido um tema, nomeadamente o do prisioneiro. Se assim for, Le Trou é um filme único […] Apenas Becker se aproxima da ideia de liberdade.» O espectador vive uma experiência quase imersiva, seguindo passo-a-passo as acções de reclusos que fariam qualquer coisa para respirar novamente o ar da liberdade.  Becker, que morreu poucas semanas depois de terminar a rodagem, escolheu sobretudo não-actores para os papéis principais, incluindo Jean Keraudy, um homem que, em 1947, esteve envolvido na tentativa de fuga da prisão de La Santé, na qual o livro de Giovanni e o filme de Becker se baseiam.

Wanda, de Barbara Loden (1970) – Ciclo Temático – Sou Culpado?

Com Wanda, filmado no estilo cinema-verité, em película granulada de 16mm, Barbara Loden assinou uma das mais importantes obras de estreia do cinema independente norte-americano. Esta é a história da improvável parceria entre uma mulher mineira da Pensilvânia (interpretada pela própria realizadora), abandonada pelo marido e pelos homens que foi conhecendo à deriva, e um bandido (Michael Higgins), por quem se deixa cativar. Definido, nas palavras da própria Loden, como um “anti-Bonnie and Clyde”, o filme faz um revisionismo radical do género road movie, imprimindo-lhe um tom austero e realista. Vetado à obscuridade durante décadas, apesar do entusiasmo da crítica, Wanda é um “estudo de personagem” enigmático, fascinante e absolutamente singular, que explora a lacuna entre a culpabilização pública e a não aceitação da culpa pessoal.

Labirinto do Cinema, de Nobuhiko Obayashi (2019) – Ciclo Temático – Sou Culpado?

A estreia portuguesa da obra-prima do realizador Nobuhiko Obayashi será o filme que encerra o ciclo temático “Am I Guilty?”. O Labirinto do Cinema cria, com uma subtileza sem pretensão, uma conexão a culpa, vergonha, história e cinema, sugerindo a possibilidade de redenção através da experiência cinematográfica. Setouchi Kinema, o último cinema existente na cidade de Onomichi, está prestes a fechar as suas portas. É a última noite de programação e vai ser exibida uma maratona de filmes de guerra japoneses. Quando um trovão atinge o teatro, três dos jovens que se encontram na plateia são enviados para o passado, para o mundo dentro do grande ecrã. Viajam para a guerra de Boshin, a segunda guerra Sino-Japonesa, a batalha de Okinawa e, finalmente, para Hiroshima na véspera do lançamento da bomba atómica. Aí eles conhecem uma trupe de teatro viajante, os Sakura-Tai. Será que vão conseguir alterar o rumo da história e salvar os seus novos amigos? Labyrinth of Cinema é um drama de fantasia anti-guerra de 2019.

Killer of Sheep, de Charles Burnett (1978) – Homenagem e Retrospetiva – L.A. Rebellion

Com uma aura existencial e realista, Killer of Sheep acompanha a vida de uma comunidade afro-americana no bairro de Watts, Los Angeles, que se centra no círculo de Stan, empregado de um matadouro que começa a sofrer os efeitos emocionais do seu alienante trabalho. O filme foge a uma estrutura narrativa tradicional, preferindo acompanhar a vida urbana através de distintas vinhetas: as brincadeiras das crianças na rua, a tentação do crime, a dança íntima de Stan e da sua esposa, entre vários outros momentos quotidianos. A música afro-americana prevalece ao longo das várias cenas, criando uma atmosfera poética e emocionalmente envolvente. O filme foi o projecto final de mestrado de Burnett, contando com amigos e colegas de trabalho para integrar o elenco. Apesar da realização com um orçamento muito limitado, e das dificuldades iniciais em conseguir os direitos musicais para a distribuição ampla do filme, Killer of Sheep estabeleceu a reputação internacional de Charles Burnett. Aplaudido por críticos pela sua sensibilidade, o filme apresenta a comunidade afro-americana de uma forma realista – livre dos estereótipos e convenções visuais de Hollywood, em prol de um retrato austeramente mais honesto. Killer of Sheep foi seleccionado para integrar o Registo Nacional de Filmes da América do Norte, da Biblioteca do Congresso, em 1990.

A Noiva, de Sérgio Tréfaut (2022) – Homenagem e Retrospetiva – Sérgio Tréfaut

Uma adolescente europeia foge de casa para casar com um guerrilheiro do Daesh. Torna-se uma noiva da Jihad. Três anos mais tarde a sua vida mudou dramaticamente. Vive num campo de prisioneiros no Iraque. É mãe de dois filhos e está grávida outra vez. Mas agora é uma viúva de 20 anos e será brevemente julgada pelos tribunais iraquianos. A pergunta que se coloca é: quem é esta adolescente, após três anos de guerra e de lavagem cerebral?

Fonte: LEFFEST

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