O italiano Paolo Sorrentino, realizador dos aclamados “As Consequências do Amor” (2004) e “Il Divo” (2008), apresenta-nos uma surpreendente dramédia. “This Must be The Place” (que é o nome de uma canção dos Talking Heads) integrou a seleção oficial do festival de Cannes 2011, tendo feito grande furor, onde aliás venceu o prémio do Júri Ecuménico. Sean Penn foi ainda apontado como o favorito ao prémio de Melhor Ator, mas o vencedor foi o francês Jean Dujardin. O filme encerrou a edição 32 do Fantasporto e vai estrear comercialmente em Portugal, a 29 de março.
A história deste drama comédia é sobre Cheyenne (Sean Penn), uma antiga vedeta de Rock, que com 50 anos continua a usar um estilo gótico. Vive em Dublin, mas regressa a Nova Iorque assim que soube da morte do seu pai judeu, com quem tinha cortado laços. Decide fazer a última vontade do seu pai, vingar uma humilhação de que tinha sido vítima durante o Holocausto. Parte então numa viagem através da América à procura do nazi.
O argumento é original e brilhante, quanto aos diálogos nem se fala, pois são soberbos. É ao som dos Talking Heads que o filme começa e conhecemos o protagonista desta história. Cheyenne é um homem com uma voz estranha e um riso ridículo, mas hilariante, que se veste com roupas góticas e tem um andar estranho. Á medida que o filme vai-se desenvolvendo percebemos que Cheyenne é um homem que parou no tempo, na infância. É uma criança congelada. Durante esta sua viagem pela América, em espécie de road movie, crescemos juntamente com Cheyenne. Deixa de ser uma criança deprimida, que vive preso no passado da sua carreira, e transforma-se num adulto responsável e feliz.
Mas o filme não é apenas uma comédia, pretende passar uma série de mensagens sobre a vida, relações familiares, fazendo sempre referencias culturais, sobre música, estereótipos, história, etc. O holocausto é um tema bastante sério, mas aqui é tratado de forma original e simpática, tentando sempre explicar a sua seriedade e monstruosidade.
O elenco está cinco estrelas, com especial destaque, obviamente, para Sean Penn que tem neste filme um dos seus melhores registos de sempre. Mais uma vez dá provas da sua diversidade e de bom gosto na escolha de argumentos e realizadores. Destaque ainda para a realização, para a fantástica banda sonora e para a bela fotografia de Luca Bigazzi.
De forma original e criativa este é um filme que nos faz crescer. Rimos muito e somos capazes de deixar cair algumas lágrimas pelo meio. Um filme sensível e inteligente que nos dará vontade de rever inúmeras vezes. É uma das melhores comédias que assisti nos últimos anos. Espero que Sorrentino e Penn se voltem a juntar noutro filme, pois esta experiência foi sublime. Recomendado a todos!
Realização: Paolo Sorrentino
Argumento: Paolo Sorrentino
Elenco: Sean Penn, Frances McDormand
Itália/2011 – Drama/Comédia
Sinopse: Cheyenne é uma antiga vedeta de Rock. Com 50 anos, continua a ostentar um estilo gótico, e vive das suas rendas em Dublin. A morte do seu pai, com quem tinha cortado laços, fá-lo regressar a Nova Iorque. Ele descobre que o seu pai tinha uma obsessão: vingar uma humilhação de que tinha sido vítima. Cheyenne decide prosseguir essa busca e inicia, a seu ritmo, uma viagem através da América.