«A Mãe e O Mar» – O fim de uma trilogia marítima

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Desde “Balaou” (2007) que Gonçalo Tocha filma o mar. Ou pelo menos é o que se conhece do realizador, pois pela forma que o filma, tudo indica que Tocha o (re)filma há muitos mais anos. O documentarista português de “É Na Terra Não é Na Lua” (2011) deixa as ilhas dos Açores, para ir para a praia de Vila Chã, em Vila do Conde, filmar “A Mãe e O Mar”. Começou por ser uma curta-metragem, encomendada pelo Festival Curtas Vila do Conde, no âmbito do programa de formação Estaleiro, que contou com a participação de estudantes de cinema do Porto, que integraram a equipa técnica. Depois de ter sido apresentado na 21ª edição do Curtas de Vila do Conde, recebeu o prémio de Melhor longa-metragem na competição portuguesa, no DocLisboa 2013 e já passou por uma série de festivais internacionais: Argentina, Holanda, Canadá e Dinamarca, entre outros.

É em Vila Chã que encontra uma tradição única em todo o mundo: as mulheres-arraias, ou ‘pescadeiras’, são as únicas que se aventuram sozinhas no mar. Antigamente eram muitas e muitos barcos havia na praia. Hoje restam apenas nove barcos e uma única mulher pescadeira. Glória é essa mulher, que obteve a licença de pesca, e que ao fim de tantos anos continua a enfrentar o mar. Ela mantém a tradição, pois o seu amor pelo mar e pela pesca morrerá apenas com ela.

O que há de comum nos três filmes de Tocha? O Mar. É com este filme que Tocha encerra e cria, de certa forma, uma trilogia sobre o mar, onde este é maravilhosamente homenageado. Tocha constrói o seu filme num modo bastante pessoal, com um olhar natural e realista, como é comum na sua obra. A sua presença é assumida, pela sua voz que narra o filme e pela equipa técnica que surge no filme, revelando assim o dispositivo da construção cinematográfica. É revelada a manipulação, ou não, daquelas personagens que ajudam também a construir a história. Os seus nomes, as suas histórias, as suas famílias, os seus maridos e filhos e o lugar (a praia) são o lado mais etnográfico do filme.

A sua câmara é poética e o som é maravilhoso, delicioso trabalho de captação e mistura de som. Tecnicamente sente-se uma evolução. Gonçalo Tocha filma a paixão desta gente brava que dedicou a sua vida a uma profissão em vias de extinção. O realizador afirma que não voltará a fazer mais filmes, pelo menos por enquanto. Disse o mesmo com os seus anteriores filmes, o que nos leva a ter um pouco de esperança para que Gonçalo Tocha volte a filmar. Mesmo que seja novamente o mar, pois vale a pena.

jHr6OViuoPfKemlzEerCpRd8 3Realização: Gonçalo Tocha

Argumento: Gonçalo Tocha

Elenco:

Portugal/2013 – Documentário

Sinopse: Sobram nove barcos e uma única mulher pescadeira. Em terra de brava gente do mar, filma-se a paixão da pesca, a paixão do mar.

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