“Memória Sufocada”: Documentário sobre Ditadura Militar Brasileira estreia nesta quinta-feira

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Durante 21 anos, a ditadura militar governou o Brasil com mão de ferro, tendo cinco mandatos militares e a instituição de 16 atos institucionais que suprimiam a Constituição Federal. A violência extrema foi empregada pelo regime para calar qualquer oposição, resultando em prisões arbitrárias, torturas, estupros e assassinatos perpetrados pelas forças militares e policiais. Desde o início, os direitos políticos foram suspensos e a censura rigorosa sobre os meios de comunicação e a expressão artística e literária da população foi instituída.

Com base nesse contexto, o documentário “Memória Sufoca”, realizado por Gabriel Di Giacomo, olha para a história da Ditadura Militar e a tortura no Brasil a partir da perspectiva do presente. O longa-metragem é pioneiro por ter sido filmado dentro do DOI-CODI de São Paulo. Buscando esclarecer o passado, o filme mostra como narrativas distintas da época ainda iluminam os dias de hoje. A produção é da Salvatore Filmes, e a distribuição, da Embaúba Filmes.

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Ponto central

O acesso à informação e à desinformação tornou-se cada vez mais democrático, com muitos fatos sendo construídos nas redes sociais, tornando a realidade cada vez menos clara. Este é o ponto central do filme “Memória Sufocada”, que busca explorar a verdade histórica e como os fatos podem ganhar novas narrativas ao longo dos anos.

Na década de 1960, setores da elite brasileira, com o apoio da mídia, espalharam diversas fake news sobre a situação do país para conseguir levar os militares ao poder. A narrativa criada era de que era urgente evitar “o avanço comunista no Brasil”, “proteger a pátria e a família” e “acabar com a bagunça”. Essa abordagem é destacada pelo diretor Gabriel Di Giacomo.

Abordagem

O processo de produção de “Memória Sufocada” iniciou-se com Giacomo realizando leituras de livros e textos sobre a Ditadura, analisando documentos da Comissão da Verdade, apreciando filmes e entrando em contato com pesquisadores do tema. No entanto, devido ao isolamento social causado pela pandemia de COVID-19, tornou-se inviável produzir o documentário da maneira tradicional. Assim, o diretor mergulhou em uma pesquisa de vídeos da internet e encontrou um acervo incrível de imagens da Comissão Nacional da Verdade e do Arquivo Nacional.

A produção apresenta uma abordagem cuidadosa em relação à escolha do material utilizado para sua estruturação. Utilizando apenas conteúdos disponíveis na internet para qualquer internauta, o documentário adota uma postura crítica e analítica ao explorar os horrores da Ditadura Militar no Brasil.

A obra busca trazer à tona informações que muitas vezes são relatadas de forma diferente, oferecendo uma nova perspectiva sobre um período histórico marcado pela violência e pela censura. A abordagem do filme, portanto, destaca-se por sua meticulosidade e sensibilidade na apresentação de um tema tão delicado e importante para a compreensão da história do país.
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Reflexão e memória

Gabriel Di Giacomo, destaca a importância da reflexão sobre a memória coletiva diante da crise democrática atual. Segundo ele, a relação da sociedade com o passado é complexa e mutável, e o filme busca contribuir para a análise desse processo no contexto da Ditadura Militar no Brasil.

Nesse sentido, a construção da memória desse período histórico ainda é objeto de disputa e a obra de Di Giacomo procura trazer uma perspectiva crítica sobre as narrativas dominantes em relação a esse tema. A partir dessa reflexão, espera-se que o público possa se conscientizar sobre a importância de preservar a memória coletiva e lutar pela manutenção da democracia.

Ademais, ao olhar para o passado e refletir sobre o presente dos últimos quatro anos, o diretor apontou na produção paralelos entre 1964 e a eleição de Bolsonaro em 2018. Ele observou que o ex-presidente ainda promove o revisionismo histórico do regime militar com a ajuda de influenciadores que tentam construir a imagem dos golpistas como heróis.

Como resultado, em 8 de janeiro de 2023, ocorreu uma invasão e depredação inéditas do Congresso Nacional. O diretor enfatizou que ainda acredita que é possível aprender com os erros do passado e que não aceitar a relativização deles é uma forma de evitar eleger novos líderes como Bolsonaro no futuro.

 

Pesquisa

De forma perspicaz e admirável, Giácomo foi capaz de obter um conteúdo tão rico através da pesquisa, que ele decidiu expandir o projeto no website do documentário. Ele transformou-o em um convite para as pessoas acessarem o material que serviu de base para construção do roteiro, para que cada espectador possa fazer a sua pesquisa e montar seu próprio filme, mesmo que seja dentro de sua mente. O site https://memoriasufocada.com.br, oferece sugestões de filmes, vídeos e entrevistas com temas relacionados, como Golpe, Repressão e Anistia.

Segundo o cineasta, as propagandas do governo da época o surpreenderam. Ele as descreve como uma mistura de inocência com perversidade e repletas de mentiras. Uma das propagandas tenta responsabilizar a população pelo aumento da inflação e diz que a solução depende de todos, que basta pechinchar para os preços caírem. Na época, a inflação estava perto de 40% ao ano e o regime tentava terceirizar a culpa do fracasso econômico para o povo. Giácomo afirma que isso é uma covardia muito grande.

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Ficou curioso? O documentário estreia nos cinemas nesta quinta-feira, 30 de março, em diversas cidades do Brasil, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Aracaju, Balneário Camboriú, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, João Pessoa, Maceió, Manaus, Niterói, Palmas, Porto Alegre, Recife, Ribeirão Preto, Salvador e São Luís.

 

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