Morreu a cineasta Barbara Hammer, referência do estilo experimental e uma das pioneiras do cinema lésbico, aos 79 anos, vítima de cancro do ovário.
Hammer já travava a luta contra o cancro desde 2006. A artista era defensora do “direito a morrer”, tendo expressado o seu desejo em ter “uma morte digna” durante a sua performance “A Arte de Morrer ou (Arte Paliativa na Era da Ansiedade)” no Museu Whitney, em Nova Iorque, em outubro do ano passado.
A cineasta nasceu a 15 de maio de 1939 em Hollywood, e iniciou a sua carreira, que viria a durar cerca de 40 anos, com o filme “Schizy” de 1968 e dirigiu mais de 75 curtas e longas-metragens, entre eles “Nitrate Kisses” de 1992.
Barbara abordou o seu estado de saúde nas suas obras, como é o exemplo da curta-metragem “A Horse Is Not a Metaphor” (2009). Antes da doença, a artista sempre foi bastante ousada em reflectir temas como a menstruação e o orgasmo feminino, até filmar-se a si própria em obras como “Menses“ (1974), “Multiple Orgasm“ (1976), ou “See What You Hear What You See” (1980).
Com o dinheiro que recebeu da Universidade de Yale, pela aquisição dos seus “papers”, Barbara Hammer fundou o Barba Hammer Lesbian Experimental Filmmaking Grant, “uma bolsa anual que será concedida a lésbicas auto-identificadas para fazer arte visionária de imagens em movimento”.
“O objetivo da minha vida é colocar um estilo de vida lésbico na tela. Porquê? Porque quando eu comecei não consegui encontrar nenhum! (…) E eu acho que o filme lésbico realmente chama para o lado experimental. Trabalhar como cineasta lésbica nos anos 70 não foi fácil na estrutura social à época – a instituição educacional em que eu estava. Foi difícil. E eu quero que esta concessão facilite a vida das lésbicas de hoje.” – Barbara Hammer
Foram já realizadas retrospectivas do seu trabalho em cidades como Nova Iorque (Museu de Arte Moderna), Londres (Tate Modern), Paris (Galeria Nacional do Jeu de Paume), e no Festival Internacional de Cinema de Toronto. Em 2010, a artista publicou o seu livro “Hammer! Making Movies Out of Sex and Life”, que conta “os dias selvagens da não-monogamia nos anos 1970, o desenvolvimento de uma estética queer nos anos 80, a luta pela visibilidade durante as guerras culturais dos anos 90, e a sua busca pelo ‘significado’enquanto contempla a mortalidade nos anos 2000”.