Em 1985, Claude Lanzmann realizou o documentário que mudaria a forma como encaramos o Holocausto. Mais do que recorrer a imagens de arquivo, o realizador, que faleceu hoje, em Paris, com 92 anos, filmou “Shoah” apenas com testemunhos dos sobreviventes e com imagens que se elevariam a memória coletiva, a um monumento do Holocausto. Michael Haneke, em entrevista ao The Hollywood Reporter, vai de encontro às convicções de Lanzmann em relação ao Holocausto, quando disse que repudiava tanto “A Queda”, como “A Lista de Schindler”, por trivializarem os eventos que decorreram durante a Segunda Guerra Mundial, e por desrespeitarem a memória dos que morreram às mãos do regime Nazi através da ficcionalização dos mesmos para fins de entretenimento. Foi sempre essa a guerra de Claude Lanzmann: a batalha contra a banalização de um crime inominável da história da humanidade e o desrespeito pelo silêncio da contemplação da sua memória. “Shoah”, nas suas palavras, “Não é um filme de recordações (as recordações são coisas do passado), é, por excelência, um filme da memória no presente.”
Lanzmann, no entanto, não filmou apenas “Shoah”, realizou ainda “Porquoi Isreal”, o seu primeiro documentário e um importante testemunho sobre o nascimento de Israel, “O Último dos Injustos”, “Sobibór, 14 Octobre 1943, 16 Heures” , entre outros que encerram testemunhos sobre Israel e a Segunda Guerra Mundial.