Ícone do cinema francês, o ator Alain Delon morreu este domingo, 18 de agosto, anunciaram os seus três filhos numa declaração conjunta à agência de notícias AFP. “Faleceu pacificamente na sua casa em Douchy, rodeado pelos seus três filhos e pela sua família”, segundo um comunicado divulgado pela sua família.
Com uma carreira que percorreu seis décadas e participou em mais de 100 filmes, dos quais realizou três na década de 1980, como “A Coragem de um Homem” (1981), Delon foi figural fundamental para o cinema francês, mas sobretudo um ícone do cinema europeu.
Estreou-se como ator de cinema na década de 50 e ao longo da sua carreira trabalhou com realizadores como Jean-Pierre Melville (“O Ofício de Matar” (1967), “O Círculo Vermelho” (1970) e “Cai a Noite Sobre a Cidade” (1972)), Michelangelo Antonioni (“O Eclipse” (1962)), René Clément (“À Luz do Sol” (1960)), Luchino Visconti (“Rocco e os Seus Irmãos” (1960)) e Joseph Losey (“Mr. Klein – Um Homem na Sombra” (1976)).
O jornal francês Le Monde descreveu o ator como “uma personagem perante um artista, um rosto perante uma pessoa. Foi o artesão – nem sempre conscientemente – desta identidade incomparável na história do cinema francês, que muitas vezes ofuscou o seu trabalho. Poucos atores se dedicaram tão intensamente ao cinema.”
Nascido em 1935, Alain Delon esteve no auge da sua carreira entre as décadas de 1960 e 1980 e foi sempre reconhecido pela sua entrega total aos papéis e ao cinema. No entanto, ao longo da sua carreira foram poucos os prémios arrecadados: em 1964 foi reconhecido pelo seu desempenho no clássico italiano “O Leopardo” com uma nomeação para o Globo de Ouro de Melhor Ator Promissor; em 1985 ganhou o César de Melhor Ator por “Notre histoire”; em 2019 foi homenageado com a Palma de Ouro Honorária do Festival de Cannes.
“Zorro” (1975), “Aeroporto 80” (1979), “Três Homens a Abater” (1980), “Teerão 43 – Ninho de espiões” (1981), “O Regresso de Casanova” (1992) ou “Les cent et une nuits de Simon Cinéma” (1995), são alguns filmes em que Alain Delon se destacou e demonstram a diversidade de cinematografias que o ator percorreu.
Ideias conservadoras e apoiante da extrema-direita francesa
Em 1999 anunciou a sua retirada do cinema, tendo feito pontualmente alguns papéis em telefilmes, mas continuou a fazer manchetes nos jornais pelas suas polémicas posições políticas e sociais, tendo-se declarado favorável à pena de morte, contra as feministas, contra o casamento LGBTQIA+ e a adoção de crianças por pessoas do mesmo sexo: “Contra a natureza”, proclamou o ator. O ator nunca escondeu as suas ideias conservadoras e declarou-se apoiante de Le Pen e do partido da extrema-direita francesa Frente Nacional.