Morreu o ator, encenador e professor de teatro Francisco Brás

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O ator, encenador e professor Francisco Brás, conhecido por sua trajetória e por suas contribuições em diversos projectos, faleceu aos 67 anos em sua residência em Alcoutim, no distrito de Faro. A confirmação da morte foi feita à agência Lusa por um amigo próximo do ator.

O ator teria falecido devido a complicações cardíacas que o levaram a ser hospitalizado recentemente, conforme relatado pela mesma fonte.

Nas redes sociais, a filha, que também é atriz, Sara Brás, compartilhou uma mensagem emocionante em sua homenagem.

“Aguentei todas as ausências, menos esta. Porque desta vez não posso reclamar-te, não posso cobrar que estejas aqui e que sejas o meu pai amigo que me acompanha de braço dado. Reescrevemos a nossa história, e recuperámos o tempo e isso deixa-me feliz. Sempre foste a melhor companhia e agradeço todas as coisas que me mostraste e ensinaste, sou muito feita de ti. Conforta-me que o nosso amor não tenha ficado por dizer. Vou ter saudades das nossas rotas, dos nossos fados dos silêncios que me ensinaste a saborear. Serei sempre a tua pipi. Amo-te pai”, escreveu.

 

Trajetória

Na sétima arte, Chico Brás, como carinhosamente era chamado, participou de longas-metragens, como “Francisca”, de Manoel de Oliveira (1981), “Camarate” (2001) e “A Outra Margem” (2007), de Luís Filipe Rocha, “O Frágil Som do Meu Motor” (2012), de Leonardo António (2012), e “Axilas” (2016), de José Fonseca e Costa.

Sua incursão na televisão, inclui aparições em projetos como “Vila Faia” (1982), “Anjo Selvagem” (2002), “Lusitana Paixão” (2003), “Até Amanhã Camaradas” (2005), “Jardins Proibidos” (2014) tendo os seus últimos projectos sido “Nazaré” e “Ministério do Tempo”.

Teatro como norte

Especializado em Estudos de Teatro pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e graduado em Jornalismo Televisivo pelo Cenjor – Centro de Formação de Jornalistas, Brás sempre teve na segunda arte sua razão de ser e de viver.

Essa paixão o conduziu à fundação do Grupo de Teatro da Cooperativa de Ensino Especial Crinabel, em Alcoutim, no distrito de Faro. Além disso, no Algarve, ele foi o responsável por criar o Grupo de Teatro Amador do Centro de Cultura e Desporto da Câmara Municipal de Castro Marim.

Brás considerava a democratização do teatro como um elemento fundamental para a sociedade. Essa posição foi expressa por ele em uma declaração à Lusa em 2004, durante a apresentação da peça “Auto da Barca do Inferno”, de Gil Vicente, como parte do projeto “Viagens ao Interior do Teatro”, voltado para o público escolar.

 

“Fazer do Teatro um veículo de dinamização e fascínio para os jovens públicos é, sem dúvida, a melhor dádiva que poderemos receber”, afirmou então.

 

Por mais de uma década, o projeto “Viagens ao Interior do Teatro” esteve em exibição no Teatro Maria Matos, sob a produção da Associação Cultura, Arte e Espetáculo (ACAE).

Além de exercer a docência e conduzir cenas, ele também foi um ator bastante ativo, participando nos palcos em diversas ocasiões. Brás colaborou com várias companhias, incluindo o Teatro Nacional D. Maria II, Teatro da Comuna, Teatro Aberto, Teatro Municipal S. Luiz, Teatro Maria Matos, Teatro Villaret, Companhia Teatral do Chiado, Teatro Helena Sá e Costa, Teatro Variedades, Teatro ABC, Teatro da Malaposta e Teatroesfera.

Fora isso, foi responsável pela tradução de “A Pomba”, de Patrick Süskind, em colaboração com Paco Carrique, resultando numa produção apresentada na Crinabel. Paralelamente, Brás foi autor de “Sapato Branco em Janeiro”, uma peça encenada pelo Teatro Rápido em 2014.

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