25 de Abril

Morreu o produtor e realizador António da Cunha Telles, um dos fundadores do Cinema Novo português

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Morreu esta quarta-feira, 23 de novembro, o o produtor e realizador António da Cunha Telles, um dos fundadores do Cinema Novo português, aos 87 anos, de cancro.

António da Cunha Telles nasceu no Funchal a 26 de fevereiro de 1935. Frequentou a Faculdade de Medicina de Lisboa, tendo feito cinema experimental e participado no cineclubismo. Realizou os seus primeiros filmes ainda enquanto estudante. Foi para Paris estudar realização no Institut des Hautes Études Cinematographiques (IDHEC), durante cinco anos.

Quando regressa a Portugal, no início da década de 1960, fundou a produtora Produções Cunha Telles, donde viria a surgir os principais nomes do movimento do Novo Cinema português.

Produziu algumas das mais relevantes obras do cinema português de importantes cineastas como Paulo Rocha (“Os Verdes Anos”, 1963, “Mudar de Vida”, 1966), Fernando Lopes (“Belarmino”, 1964), Manuel Guimarães (“O Crime da Aldeia Velha”, 1964), António de Macedo (“Domingo à Tarde”, 1966), José Fonseca e Costa, João Botelho e António-Pedro Vasconcelos (“Jaime”, 1998), João Nuno Pinto (“América”, 2010), Jorge Paixão da Costa (“O Mistério da Estrada de Sintra”, 2007), entre muitos outros.

António trabalhou em centenas de produções e co-produções, de filmes nacionais e internacionais, como por exemplo os filmes de Pierre Kast, o filme “Terra Estrangeira” (1994), de Walter Salles, e o filme “La peau douce” (1964), de François Truffaut, protagonizado por Jean Desailly e Françoise Dorléac. Esteve também ligado a filmes como ”L’Oeil qui Ment”, de Raul Ruiz, “Belle Epoque”, de Fernando Trueba, vencedor do Óscar de Melhor Filme Estrangeiro, e “Fintar o Destino”, de Fernando Vendrell.

António da Cunha Telles foi também realizador, tendo feito seis filmes: o seu primeiro foi, “O Cerco” (1970), seguindo-se a co-realização em coletivo do filme revolucionário do pós 25 de abril “As Armas e o Povo” (1975), “Continuar a Viver ou Os Índios da Meia-Praia” (1977), “Vidas” (1984), “Pandora” (1996) e o seu último “Kiss Me” (2004).

Entre 1972 e 1978, com a empresa Animatógrafo, dedicou-se à distribuição de filmes de cineastas como Truffaut, Godard, Bertolucci, Alain Tanner, Oshima, Glauber Rocha, Eisenstein, entre outros. Em 1979 integrou a Administração do Instituto Português de Cinema e integrou também a administração da Tóbis Portuguesa.

Em 2012 foi homenageado com o Prémio Carreira da Academia Portuguesa de Cinema, juntamente com o realizador António de Macedo e a atriz Isabel Ruth.

A sua filha, a produtora Pandora Da Cunha Telles deixou uma breve mensagem na sua página de facebook, sobre o funeral que se irá realizar no sábado em Lisboa.

 

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