Na noite do último domingo (17), Otar Iosseliani, renomado realizador, faleceu aos 89 anos, na Geórgia, seu país natal, como anunciado por Régine Vial da Les Films du Losange.
Nascido em Tbilisi e graduado na escola de cinema VGIK, em Moscou, nos anos 1950, o realizador georgiano moldou uma parcela significativa de sua carreira na França, evidenciando-se desde cedo pela sua imaginação e postura não convencional em relação às tendências estabelecidas.
Os primeiros projetos cinematográficos de Iosseliani na Geórgia, como “Folhas Caídas” (1966) e “Era uma Vez um Melro Cantor” (1970), sintetizam sua marca como realizador.
Especificamente, “Folhas Caídas” foi proibido pela censura soviética, conforme recordado na biografia disponível no site do Festival de Cinema de Sofia. Todavia, o filme foi agraciado com o prémio da Federação Internacional de Críticos no Festival de Cannes, tornando-se um dos vários títulos internacionais que ele conquistaria ao longo de sua carreira.
Mais tarde, na França, onde optou por viver durante vários anos, ele realizou diversos filmes, incluindo “Adeus, Terra Firme”, que recebeu o prestigioso prémio francês Louis-Delluc.
Ao longo de seis décadas, concretizou produções, como “Os Favoritos da Lua” (1984), laureado em Berlim e Veneza, além de obras como “E Fez-se Luz” (1989), “A Caça às Borboletas” (1992), “Bandidos” (1996), e “Segunda de Manhã”, agraciado com o Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim.
Outros destaques de sua filmografia incluem “Jardins de Outono” (2006) e “Chantrapas” (2010).
Recordamos que seu último filme, “Chant d’Hiver” (“Canção de Inverno”), lançado em 2015, não teve uma estreia comercial em Portugal, mas foi reconhecido no Lisbon & Estoril Film Festival.
Neste ponto, também destacamos que, em 2006, a Cinemateca Portuguesa realizou uma retrospectiva dedicada a ele. Essa retrospectiva culminou na publicação do livro “Otar Iosseliani: O Mundo Visto da Geórgia: A Geórgia Vista do Mundo”, que conta com organização literária, textos e tradução de Luís Miguel Oliveira e Maria João Madeira, além da colaboração de Ana Isabel Strindberg e Pedro Borges.