Após uma exibição de destaque na 81.ª edição do Festival de Cinema de Veneza e na 49.ª edição do Festival de Cinema de Toronto, onde foi amplamente elogiado tanto pelo público como pela crítica, o drama “Ainda Estou Aqui”, que assinala o regresso de Walter Salles à realização de longas-metragens, já tem estreia confirmada no seu país de origem.
A sua primeira exibição em solo brasileiro terá lugar em outubro, durante a 48.ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que decorrerá de 17 a 30 de outubro. A estreia no circuito comercial está prevista para novembro.
Antes disso, o filme será apresentado na 72.ª edição do Festival de San Sebastián, em Espanha, que realizar-se-á de 20 a 28 de setembro. Será exibido na secção Perlak, ao lado de títulos aguardados como “Emilia Perez”, de Jacques Audiard, “Anora”, de Sean Baker, “Megalopolis”, de Francis Ford Coppola, “Oh, Canada”, de Paul Schrader, entre outros.
Além de Salles, o Brasil também estará representado na secção por Petra Costa, que exibirá o polémico documentário “Apocalipse nos Trópicos”.
Assim como “Ainda Estou Aqui”, a produção recebeu ovação em Veneza e marca o regresso de Costa à cena internacional após o premiado “Democracia em Vertigem” (2019), que lhe garantiu uma nomeação ao Óscar de Melhor Documentário em Longa-Metragem.
Neste novo trabalho, a cineasta procura abrir os olhos do público para a ausência de separação entre Igreja e Estado.
Ainda Estou Aqui
“Ainda Estou Aqui”, realizado por Walter Salles e com um argumento de Murilo Hauser e Heitor Lourega — premiado em Veneza — é uma adaptação do livro homónimo de sucesso de Marcelo Rubens Paiva.
O filme decorre no Brasil de 1971, num período marcado pela crise e pela crescente repressão da ditadura militar (1964-1985). Baseado nas memórias de Marcelo Rubens Paiva sobre a sua mãe, Eunice Paiva, a trama acompanha a vida de uma mãe de cinco filhos que, após o sequestro e desaparecimento do marido, o então deputado Rubens Paiva, pelas mãos da Polícia Militar, vê-se obrigada a tornar-se uma ativista pelos direitos humanos.
Possível representante do Brasil nos Óscares
Com uma forte presença confirmada em vários festivais internacionais, o filme está a trilhar um caminho de prestígio que pode levá-lo às principais premiações do cinema, incluindo o cobiçado Óscar.
Segundo importantes veículos do setor, como Variety, The Hollywood Reporter e Deadline, a atuação de Fernanda Torres é considerada uma das principais candidatas ao prémio de Melhor Atriz, e tanto o filme quanto o seu argumento adaptado são destacados como alguns dos melhores de 2024.
No entanto, a escolha do filme que representará o Brasil na categoria de Melhor Filme Internacional não está nas mãos dos críticos, mas sim na Comissão de Seleção da Academia Brasileira de Cinema.
Sob a presidência da atriz e realizadora Bárbara Paz, a comissão vai encontrar-se amanhã, 16 de setembro, para selecionar seis filmes entre os candidatos. A segunda e última reunião será a 23 de setembro, momento em que será definido o filme que representará o Brasil nos Óscares 2025. O título escolhido será anunciado por meio de um comunicado de imprensa e nas redes sociais da Academia Brasileira de Cinema.
O filme de Salles competirá com 11 outros títulos, incluindo o polémico e sexy “Motel Destino”, de Karim Aïnouz — o seu principal concorrente —, o sensível “Sem Coração”, de Nara Normande e Tião, o eletrizante “O Sequestro do Voo 375”, de Marcus Baldini, o intenso “Levante”, de Lillah Halla, e o tocante “A Metade de Nós”, de Flávio Botelho.