7 dias repletos do melhor do terror e do fantástico, no Cinema São Jorge, em Lisboa, o Festival de Cinema de Terror, Motel X, acontece de 7 a 13 de Setembro.
Arranca hoje a 15.ª edição do MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa. Como é habitual, até 13 de Setembro, o Cinema São Jorge volta a ser o lugar sagrado para a celebração do melhor da produção de cinema de terror nacional e internacional.
Depois de um início de festival intenso, o dia 8 traz o muito aguardado “Um Fio de Baba Escarlate” de Carlos Conceição, o realizador que se estreia no MOTELX com uma longa-metragem, também concorrente ao prémio Méliès d’argent – Melhor Longa Europeia. Entre o moderno e o arcaico, Conceição, um dos talentos emergentes do cinema português, apresenta um slasher com as cores barrocas e o fetichismo visual dos melhores giallo italianos e uma tendência acentuada para a representação profana. Na mesma noite, antes do filme que recebeu o Prémio Revelação para a Melhor Realização Europeia no Festival de Cinema de Sevilha, serão exibidas duas curtas-metragens nacionais: “A Terra do Não Retorno” de Patrick Mendes, e “O Lobo Solitário” de Filipe Melo.
No dia 9, a viagem continua aterrorizadora e aterra no território sul do Hemisfério Sul para revelar a adaptação de um conto do dramaturgo Eli Kent, acerca da herança colonial britânica na Nova Zelândia. Estreado em Sundance, “Coming Home in the Dark“, o primeiro filme realizado pelo actor neozelandês James Ashcroft, integra um grupo de películas, algumas oriundas de países menos representados do género, como o Cazaquistão ou a África do Sul, na secção Serviço de Quarto.
Prosseguimos com outro destaque desta secção e uma das três grandes representações do continente asiático no MOTELX. O filme mais intenso e violento da 15.ª edição do festival, o taiwanês “The Sadness“, para ver no dia 10, faz referência à pandemia mundial. A estreia do realizador canadiano sediado em Taiwan, Rob Jabbaz, nas longas, conta a história de uma nação frustrada, depois de um ano de luta contra uma pandemia com sintomas relativamente benignos. Quando finalmente baixam a guarda, o vírus sofre uma mutação espontânea e dá origem a uma praga que altera a mente e ao fim da era do civismo e da ordem.
No meio do caos, há ainda espaço para uma hilariante comédia negra, mas não menos sangrenta, na sessão da meia-noite de dia 11, “Some Like it Rare“. A obra do humorista Fabrice Eboué, um nome a ter em conta quando falamos do actual cinema de terror francês, junta um talho à beira da falência, gerido por um casal cujo casamento começa a desmoronar-se, e uma disputa entre um dos donos e um activista vegan que vandalizou o talho e que acabou por morrer acidentalmente. A carne do corpo, transformada em fiambre, torna-se uma iguaria com enorme sucesso e muda a vida do casal por completo. “Some Like it Rare” é um dos dois filmes franceses exibidos no festival.
Também no Sábado, às 15h, a secção menos assustadora do festival, Lobo Mau, dedicada aos espectadores mais novos, recorda a aventura mágica de Chihiro em “Spirited Away“, para acalmar os ânimos. O clássico de Hayao Miyazaki, produzido pelos estúdios Ghibli, comemora este ano o seu 20º aniversário e mantém-se como um dos filmes de animação mais premiados de todos os tempos, incluindo o Urso de Ouro em Berlim e o Óscar de Melhor Filme de Animação.
Por sua vez, no penúltimo dia desta edição de número redondo do MOTELX, Domingo, acontece a sessão de encerramento, antecedida pelas mostras da microCURTA e curta-metragem portuguesas vencedoras. Depois de questionarmos o mundo tal como o conhecemos, no documentário “A Glitch in the Matrix“, a longa “The Night Time” do realizador norte-americano David Bruckner coloca outra questão: “quão bem conhecemos as pessoas que amamos?”. Interpretada por Rebecca Hall, uma viúva tenta ultrapassar a morte inesperada do marido, mas é atormentada por visões perturbadoras e pela sensação de que existe um mistério ainda maior por descobrir.
Para ver também no dia 12, e no regresso à secção Serviço de Quarto, “Fukushima 50“, de Setsurô Wakamatsu, é o primeiro filme sobre o desastre nuclear na central de Fukushima há dez anos. Neste eco-terror real, o 50 no título indica o número de trabalhadores e engenheiros que permaneceram na central japonesa para tentar proteger os cidadãos.
Perto das 0h00 do dia 13 de Setembro, na sala Manoel de Oliveira, a nova edição do MOTELX chega ao fim com mais um eco-terror, o sul-africano “Gaia“. A primeira longa-metragem de Jaco Bouwer, cuja estreia mundial aconteceu no SXSW deste ano, no Texas, é, nas palavras do realizador, “uma carta de amor à natureza” e uma lembrança de que os humanos não são o centro da existência no planeta. O festival despede-se com mais questões por decifrar.
A destacar ainda, durante a ocasião, a oportunidade única para assistir às 12 curtas-metragens portuguesas que competem pelo Prémio MOTELX – Melhor Curta de Terror Portuguesa 2021, o mais importante prémio do festival.
O MOTELX reafirma a aposta nesta secção, ao insistir na promoção, incentivo e exibição de filmes de terror produzidos em Portugal, e volta a oferecer o melhor prémio nacional para esta categoria, pela primeira vez com o apoio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Os bilhetes para o MOTELX estão à venda no Cinema São Jorge, na Ticketline e em pontos de venda associados.
Está dado o ponto de partida para a 15.ª edição do MOTELX, cada vez mais grotesco, assustador e lúcido, sempre atento ao futuro.
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