25 de Abril

«Ninguém» – E a beleza de matar russos

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Vindo da mente de Derek Kolstad, argumentista que tem-se tornado numa estrela colaboracionista desta chamada nova vaga de ação norte-americana alavancada pela saga “John Wick”, “Ninguém” assume-se como um rafeiro desse mesmo universo, diríamos até que de um enredo para o outro, esta variação de pancada e tiroteio, não é mais que uma recitação de tal fórmula.

Portanto, a nível de guião estamos conversados, não há maravilhas criativas, apenas pontos de fuga para que a ação arranque e desenrole frente aos nossos olhos (novamente com o dinamismo pontuando desta fornalha de filmes, com sequências em plena confiança nos seus stunts, com rigor e desafios à lei da física e o mais característico ponto, os cortes como último recurso), porém, até mesmo nessa generalização este “Ninguém” poderia ser realmente um alguém. História, disso mesmo, de um zé-ninguém, impotente e aborrecido que no fundo é um treinado “soldado” no limiar da ebulição, e que após ter sido incentivado por uma sociedade insegura e movida pela violência, revela-se instintivamente na máquina de matar que sempre escondera.

Nestes prismas poderíamos contar com um embrião de “Rambo: A Fúria do Herói” e os seus debatidos complexos de “combatente adormecido”, o veterano impedido de operar o seu “modus operandi” numa “reforma” que o abomina. O que fará a nossa sociedade com os homens e mulheres que treinamos para tais missões bélicas, excedendo os seus limites quanto à capacidade humana? São questões vencidas aqui, “Ninguém” não se interessa por elas, cede a um virtuoso lado camp, escapista e de divertimento sangrento para eliminar antagonistas russos (sim, mais um vez os russos!).

O realizador russo Ilya Naishuller (“Hardcore”) comanda um filme seguro (disso não há dúvida) no extermínio dos seus, e com o ator Bob Odenkirk (mais conhecido pela série “Better Call Saul”) no leme, a emprestar-se como um inesperado “action man”, distribuindo, para além de golpes mortais, as respostas mais “Frei Luís de Sousa” [peça de Almeida Garrett] do ano à interrogação de “Quem é você?”. Como bem sabemos, “Ninguém”.

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«Ninguém» – E a beleza de matar russos
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