«Time can tear down a building or destroy a woman’s face Hours are like diamonds, don’t let them waste.»
Foram muitos os teóricos que versaram sobre o Tempo como principio da imagem-movimento. Para Gilles Deleuze talvez o mais reconhecido o Cinema consiste num espaço de tempo composto por imagens como reflexo de um constante ir e vir entre o passado e o futuro. Tratasse de uma camada de passados (de memórias) actualizados no «aqui e agora» do presente e projectados num futuro inatingível. De facto o Tempo é, indubitavelmente, um conceito chave na orgânica desta forma de arte, desde o « as time goes by… » de « Casablanca », passando por « Once upon a time in America », os filmes têm-se construído em si mesmos, nas mais diversas ordens temporais e perduram cronologicamente na História. O Tempo é de todos e a ninguém pertence; apresentasse como uma crença na ordem natural das coisas e em quem urge controla-lo, deve definitivamente assumir-se como cineasta.
Os Rolling Stones cantaram um dia que o tempo não espera por ninguém, e hoje eu digo que os filmes também não. Não possuímos as horas de vida necessárias para os conhecer a todos aos que interessam, pelo menos e, por vezes, vemos irremediavelmente a apenas um palmo dos nossos olhos. No entanto, e à luz das tecnologias mais modernas de troca de conhecimento (nem que se trate simplesmente de um filme), somos capazes de consultar arquivos e fichas detalhadas de cada obra com o mínimo sacrifício.
Através desta rubrica, pretende-se trazer à luz filmes menos badalados porque desconhecidos pela maioria, assinados por autores malditos, desditos ou ignorados ao longo da História. E porque os filmes são feitos por quem os vê, demos então vida aos que por aqui irão perfilar.
1ª Publicação: « Richard Fleischer e os três filmes de 1971: 10 Rillington Place, The Last Run e Blind Terror (I See No Evil) » (dia 12 de março)