Como ideia, “O Filme do Bruno Aleixo” é algo que um fã de Bruno Aleixo que se encaixe na categoria de pessimista poderia considerar que teria tudo para correr mal, ou, pelo menos, de forma não tão boa quando comparada com iterações anteriores da já mítica personagem portuguesa.
As primeiras notícias que relatavam o início da elaboração de um filme biográfico do Bruno Aleixo poderiam causar alguma desconfiança, sobretudo dada a sua proximidade temporal com outra biografia sua: o espetáculo da “Biografia Não Autorizada”, também da autoria de João Moreira e Pedro Santo, criadores de Bruno Aleixo. A dúvida sobre o quão reciclado viria a ser o material seria um pensamento constante na cabeça de um pessimista, algo que pairaria no ar durante algum tempo.
Mais perto da estreia, solidificou-se a ideia de que a história recairia sobre um brainstorming de ideias para um filme biográfico que o próprio Bruno Aleixo teria sido abordado para fazer. E desta forma desviando-se do espetáculo ao vivo, espetáculo este que não incluía o famoso ewok, apenas os seus criadores no papel de seus biógrafos. Este cruzamento de “ideias para filmes”, contudo, mostrava-se ainda incerto em termos de consistência e duração de cada uma das mesmas. 90 minutos poder-se-iam afigurar como uma fasquia elevada e como um desafio, caso fosse necessário um esforço extra para alongar a premissa por uma hora e meia. Mais uma vez, outro potencial causador de preocupação para um fã pessimista.
Nos dias antes do lançamento, quando começaram a surgir trailers e alguns vídeos de promoção, era de notar variadas referências a personagens antigas e a momentos já retratados noutros episódios deste universo. Novamente, um pessimista poderia julgar não só que apenas as pessoas mais conhecedoras do universo do Bruno Aleixo iriam gostar e conseguir perceber as piadas, mas também que seria algo feito sem grande cuidado ou preocupação de parecer algo maduro (principalmente com as partes live-action e dobradas).
Depois de ver o filme, um adepto do pessimismo não poderá ter outra reação que não a de ficar com um sorriso na cara por ver que nenhuma das suas ideias preconcebidas se confirmou. Ficará com a sensação de que mesmo os espectadores não tão familiarizados com o Bruno Aleixo, nem com as restantes personagens, poderão ser fonte de tantos risos como os restantes. No final, poderá inclusive imaginar que ainda haveria potencial para mais uma meia hora de filme, dado que não foram exploradas tantas “ideias” quanto as que podia ter sido dado a entender. De qualquer maneira, não resta muito mais do que apreciar o filme e rir, rir muito.
2020 começa em grande para o cinema português.