O realizador de “Os Deuses do Egito” vira-se contra os críticos de cinema

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“Os Deuses do Egito” é um filme que estreou recentemente nos Estados Unidos, gerando cerca de catorze milhões de dólares de bilheteira, após ter custado cerca de cento e quarenta milhões para produzir (e mais alguns milhões em publicidade) e como é óbvio, começa já a ser considerado como um falhanço de bilheteira e, para piorar a situação, a crítica claramente não gosta do filme.

Quanto ás criticas negativas, apenas lendo as mesmas é que podemos tirar as nossas conclusões, mas no que toca à ausência de público, creio que é fácil entender o problema. Os motivos são vários, desde um trailer genérico de acção com efeitos especiais medianos até ao detalhe de que sendo “Os Deuses do Egito” um filme sobre deuses egípcios, passado no Antigo Egipto, com personagens egípcias, todos os atores são caucasianos (Gerar Butler e Nicolaj Coster Waldau são os protagonistas) e muita gente usou a internet para reclamar sobre isso desde que o primeiro trailer apareceu. O público claramente não gostou do que lhes foi proposto.

No entanto, após uma fraca estreia, Alex Proyas, o realizador, veio defender o seu filme via Facebook e a sua opinião sobre os críticos de Cinema não podia ser mais clara:

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“NADA CONFIRMA O RÁPIDO AVANÇO DA ESTUPIDEZ COMO…ler as criticas aos meus filmes. Eu geralmente tento evitar a experiência mas esta está demais. Muitas vezes, para minha satisfação, um crítico se dirige aos meus filmes anteriores com boas palavras, enquanto que aquando das suas estreias esses mesmos filmes foram eviscerados, como que para fazer sobressair a minha queda na mediocridade. Como os meus amigos “facebookianos” vêem, eu raramente tive grandes críticas em nenhum dos meus filmes, salvo daqueles críticos que pensam por eles próprios e têm as suas próprias opiniões. Infelizmente quase todos desse tipo de críticos faleceu. As boas críticas aparecem quase sempre muitos anos depois da estreia do filme. Eu acho que tenho talento para criar desconforto nos críticos, sempre tive. Mas agora é claro eles têm machados maiores para cortar. Eles conseguem destruir os meus filmes ao mesmo tempo que fazem com que os seus pálidos rabos pareçam politicamente correctos ao gritarem “Lavagem Branca!!! [White-Wash]” como os idiotas que são. Eles falham em compreender, ou decidem fingir nem sequer compreender o que este filme é, de forma a servir um tipo bizarro de consenso de opiniões que não tem nada a ver com o filme de todo. Está bem, de qualquer das formas esta nova era de mensagens de texto vai provavelmente fazê-los ir pelo mesmo caminho dos Dinossauros, ou dos jornais impressos. O público não acaba por mandar uma mensagem aos amigos a dizer o que achou do filme?  Parece que muitos críticos passam a maior parte do tempo a pensar naquilo que o público vai querer ouvir. Como é que fazes isso? Porquê é que hoje em dia é tão fácil…apenas navegar na internet e ler o que outros bloggers estão a dizer – sem importar o quão desviada é a sua opinião sobre o que um filme possa ser, ainda antes de estrear. Tranca um crítico num quarto com um filme que ninguém tenha visto e ele não sabe o que pensar porque ao contrário do que um crítico deveria fazer, ele não tem gosto pessoal, ou opinião, porque ele basicamente funda a sua opinião no status-quo. Nenhum deles é corajoso o suficiente para dizer “Eu gostei” se essa frase for contra o consenso geral. Eles são portanto menos do que inúteis. Agora que qualquer pessoa pode dar a sua opinião, seja sobre um filme ou um par de sapatos ou uma hambúrguer, que valor têm eles – nada. O Roger Ebert não era mau. Ele era pelo menos um verdadeiro amante de Cinema, era um cineasta falhado que ganhou uma perspectiva importante. A sua paixão era contagiante e ele partilhava isso com os fans. Ele amava filmes e a sua contribuição para o Cinema era positiva. Agora temos um bando de abutres doentes a bicar nos ossos de uma carcaça. A tentar bicar todos ao ritmo do consenso. Eu aplaude qualquer cinéfilo que valorize a sua própria opinião de forma a não a basear naquilo que a mentalidade colectiva diz ser bom ou mau.”

Guerras entre cineastas e críticos são coisa antiga e muitos filmes de grande sucesso comercial foram a certo ponto atacados por críticos por este ou aquele motivo. Para retirar qualquer dúvida basta ir ver o registo dos vencedores de Óscares ou outros prémios importantes do Cinema e ver que onde uns vêem genialidade outros vêem mediocridade, e vice-versa. Já no que toca ás personagens principais no Cinema serem maioritariamente brancas, a discussão vem estado acessa há bastante tempo e só acabará quando houver de facto uma personagem considerável de Blockbusters de Hollywood onde o protagonista é negro, ou asiático ou latino-americano.

Alex Proyas tem bons filmes no seu curriculum, “The Crow” e “Dark City” são filmes de culto para muitos cinéfilos, mas também tem filmes que muitas pessoas dizem merecer ser esquecidos como “I, Robot”. A verdade é que atacar e insultar os críticos por estes não gostarem do seu filme como se de repente houvesse uma conspiração anti-Proyas (da qual já agora, eu não estou informado) não é de todo a forma correcta para levar mais público a ir ver um filme cujo marketing (trailers, posters, entrevistas) foi das campanhas mais genéricas de todos os filmes de grande orçamento que foram lançados nos últimos anos.

“Os Deuses do Egito” entretanto já estreou e Portugal e para os que ainda não tiveram oportunidade de ver, fica aqui o trailer:

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