Arranca hoje a 10.ª edição do Olhares do Mediterrâneo – Women’s Film Festival, que se realiza até dia 16 de novembro, no Cinema São Jorge, na Cinemateca Portuguesa e no ISCTE, em Lisboa, com 57 filmes feitos por mulheres oriundas de 22 países do Mediterrâneo.
O filme de abertura é uma estreia nacional, “You Resemble Me“, de Dina Amer (uma produção entre França, Egipto e EUA), um filme que aborda uma das questões mais sombrias do nosso tempo, a radicalização, e desconstrói-a numa narração íntima sobre família, amor, e pertença. Produzido por Spike Lee e Spike Jonze, este filme é uma história crua sobre traumas culturais e intergeracionais nos subúrbios de Paris e esteve nomeado para o prémio Giornate degli Autori, na última Bienal de Veneza, tendo recebido mais de 20 prémios em festivais por todo o mundo.
Grande parte da programação do Festival é composta pelas suas quatro secções competitivas: longas-metragens, curtas-metragens, Travessias e Começar a Olhar.
A competição geral de curtas-metragens conta com 24 filmes, muitos deles em estreia nacional, e a competição de longas-metragens conta com cinco filmes: o filme italiano “The Matchmaker”, de Benedetta Argentieri, que conta a história de Tooba Gondal, uma das mais mal-famadas jihadistas britânicas; “The Wedding Parade”, da curda síria Sevinaz Evdike, uma ficção sobre uma cidade na fronteira entre a Síria e a Turquia ameaçada pela guerra, que obriga três jovens curdas a mudar os seus sonhos; “Foragers”, de Jumana Manna, uma obra palestiniana, que se situa entre o documentário e a ficção para retratar a tensão entre a Autoridade Israelita de Proteção da Natureza e os respigadores palestinos; “Quatro Mulheres ao Pé da Água”, a mais recente obra de Cláudia Clemente, que vai ter a sua estreia europeia neste Festival depois de ter sido apresentada no Japão e que é sobre os relatos de quatro mulheres sobre um homem que recentemente morreu; e “Uma Situação Temporária”, de Ânia Bento, que acompanha a vida de duas mulheres, que vivem em Lisboa e trabalham numa loja de bijuteria, para pagar as suas contas.
A secção competitiva dedicada a filmes realizados no contexto de escola, Começa a Olhar, vai apresentar 15 filmes, enquanto que a secção Travessias, que aborda temas como migrações, racismo e colonialismo enquanto elementos estruturais da sociedade, é composta por 8 filmes.
O filme que encerra a programação da secção competitiva no Cinema São Jorge, no dia 12 de novembro é “Lullaby”, de Alauda Ruiz de Azúa, filme espanhol que esteve na Selecção oficial Secção Panorama, recebeu o Prémio Melhor Primeira Obra na Berlinale, e recebeu os Prémios de Melhor Atriz, Melhor Atriz Secundária, Melhor Nova Realizadora nos Prémios Goya e Melhor Filme Europeu no Prémios Gaudí, Espanha.
A programação do Olhares do Mediterrâneo continua na Cinemateca Portuguesa com uma selecção de filmes de realizadoras da Turquia, de 13 a 16 de novembro, uma secção especial intitulada Olhares da Turquia.
Além das sessões do cinema, o Festival programa ainda inúmeras atividades paralelas no Cinema São Jorge, como debates a partir de filmes em competição, um workshop de escrita para cinema com a realizadora Cláudia Clemente, um workshop de colagem com a artista Ap Silvestre, uma masterclass com a jornalista e realizadora Benedetta Argentieri, uma oficina de cantos do Mediterrâneo com as musicólogas Camilla Piccolo e Laura Venturini; lançamentos de livros, o acolhimento de três livrarias e um concerto. Haverá ainda no ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa, um seminário sobre Cuidado e Envelhecimento, no âmbito do qual será apresentado o documentário “CareSeekers” (Itália, 2023, de Teresa Sala) e no Goethe Institut um encontro Olhares do Mediterrâneo / MUTIM (Mulheres Trabalhadoras das Imagens em Movimento) sobre os desafios da programação de cinema feito por mulheres. A masterclass, o workshop de escrita para cinema e o encontro sobre programação cinematográfica fazem parte do Programa de Indústria, uma das novidades desta 10.ª edição do Festival.
Ver programa completo aqui.
Fonte: Olhares do Mediterrâneo