Estreia este sábado (18 de fevereiro), na 73.ª edição do Festival de Berlim, na secção Encontros, o documentário “Orlando, My Political Biography”, de Paul B. Preciado, um filme ensaio sobre as pessoas trans e as não binárias.
O filme francês, com distribuição da The Party Film Sales, tem a sua estreia mundial na Berlinale, onde, em conferência de imprensa, o director artístico do festival, Carlo Chatrian, descreveu o filme como uma “carta a Virginia Woolf”.
O filme é uma adaptação de uma das obras mais conceituadas da escritora inglesa Virginia Woolf, “Orlando”, em que o realizador dirige uma carta à escritora a dizer que a sua personagem Orlando tornou-se real: o mundo está a tornar-se orlandesco. Paul B. Preciado convocou um casting com 25 pessoas diferentes, todas trans e não binárias, dos 8 aos 70 anos, para interpretarem a personagem fictícia de Virginia Woolf, enquanto narram as suas próprias vidas e ao mesmo tempo questionando-as: “Quem são os Orlandos contemporâneos?”.
O filme reune ainda uma série de imagens de arquivo sobre pessoas trans de meados do século XX que evocam os verdadeiros Orlandos históricos na sua luta pelo reconhecimento e visibilidade.
Viriginia Woolf escreveu “Orlando” em 1928 e foi o primeiro romance em que o personagem principal muda de sexo no meio da história. Um século depois, o escritor e ativista trans Paul B. Preciado decide enviar uma carta cinematográfica a Virginia Woolf: o seu Orlando saiu da sua ficção e está a viver uma vida que ela nunca poderia imaginar.
“O espectador encontra gradualmente o rumo de Orlando à medida que emerge o retrato de um ser coletivo com múltiplas faces, vozes, corpos. O filme segue a mesma estrutura do romance de Virginia Woolf: um diário de viagem pela história, tanto íntima quanto política.”
“Li o livro de Woolf pela primeira vez quando era adolescente em Espanha, bem antes de saber que a transição de género era possível. O personagem fictício de Woolf permitiu-me imaginar a minha própria vida, desejar e incorporar a mudança. Acontece que ao longo dos anos tornei-me num Orlando. A minha biografia é feita da história coletiva de milhares de Orlandos invisíveis. É uma história de luta dentro de um regime binário opressor de género e sexo. Ser trans não é apenas transitar da feminilidade para a masculinidade (ou vice-versa), mas envolver-se num processo de “orlandização” interna: uma jornada poética em que se inventa uma nova linguagem para nomear a si mesmo e ao mundo.”
Depois da sua estreia mundial na Berlinale não se sabe para que países será vendido “Orlando, My Political Biography”, um filme político pelos temas que aborda.