Faltam cinco meses para a 91.ª cerimónia de entrega dos Óscares, que acontece a 24 de fevereiro de 2019 em Los Angeles, mas já são muitos os filmes que se preparam para a corrida da Temporada de Prémios 2018/2019. A temporada de prémios americanos arranca com os Gotham Awards (em outubro) e dura até à entrega dos Óscares (em fevereiro). Mas a pré-temporada já começou com os festivais de cinema de Veneza, Toronto e Telluride, que servem de forte barômetro para a corrida aos Óscares.
O Cinema 7.ª Arte preparou uma lista de 25 filmes que são possíveis candidatos à corrida dos Óscares, seja pelos prémios já adquiridos ou pelo mediatismo junto do público e da crítica de cinema. Esta lista é apenas uma previsão que fazemos, tendo em conta o historial de filmes que chegaram à nomeação pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Estes são as nossas grandes apostas para os nomeados aos Óscares de 2019:
“Blackkklansman” – A luta continua. O norte-americano Spike Lee confronta de novo o mundo com o racismo ainda hoje vivido em todo o mundo, mas com especial foco nos Estados Unidos. O filme conta-nos uma história real passada nos anos 70, no Colorado, onde Ron Stallworth (John David Washington), um policial negro, consegue infiltrar-se no Ku Klux Klan local. O filme terá impacto na Academia, e já venceu o Grande Prémio do Júri na última edição do Festival de Cannes.
“Cold War” – Um filme conturbado a nível político e amoroso. É uma história a preto e branco, contada pelo polaco Pawel Pawlikowski, de um amor impossível passado nos anos 50, durante a Guerra Fria, na Polónia, Jugoslávia, Berlim e Paris. O realizador venceu recentemente o prémio de Melhor Realizador no Festival de Cannes com “Cold War”. De lembrar que em 2015, o polaco venceu um Óscar na categoria de Melhor Filme Estrangeiro com “Ida”.
“Roma” – O mexicano Alfonso Cuáron volta à terra natal para retratar a rotina de uma família de classe média, controlada de maneira silenciosa por uma mulher (Yalitza Aparicio), que trabalha como ama e empregada doméstica. Após os Óscares de Melhor Edição, e Melhor Realização em 2014 com o filme “Gravidade”, Alfonso Cuáron promete dar luta em categorias como de Melhor Filme. Venceu o Leão de Ouro no Festival de Veneza 2018 e é o candidato do México ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro.
“First Man” – Ryan Gosling é Neil Armstrong, o primeiro homem a caminhar na Lua, num filme realizado pelo jovem norte-americano de 33, Damien Chazelle. Vencedor do Óscar de Melhor Realizador na edição de 2017, com o filme La-La-Land, a parceria com Ryan Gosling voltou a ser aposta para contar os sacrifícios e custos de Neil Armstrong durante uma das mais perigosas missões na história das viagens espaciais.
“A Star Is Born” – É a primeira aventura de Bradley Cooper como realizador. O norte-americano (Jackson Maine) vai contracenar com um dos nomes mais fortes da pop americana, Lady Gaga (Ally), numa história que conta os problemas amorosos de dois artistas no mundo da musica, em alturas da carreira bastante díspares. Depois de produzir o filme “Sniper Americano” em 2015, que esteve entre os nomeados para o Óscar de Melhor Produção, Bradley Cooper pode nesta próxima edição estar em várias frentes.
“The Favourite” – O realizador grego Yorgos Lanthimos regressa com uma história passada em Inglaterra, no século XVIII, que conta com Emma Stone (Abigail Masham) e Olivia Colman (Queen Anne). A carreira de Yorgos Lanthimos já conta com “The Lobster” (2016) ou “The Killing Of A Sacred Dear” (2017), que mereceram muita atenção em festivais de cinema passados. Com o Óscar de Melhor Actriz ganho por Emma Stone em “La La Land”, no ano passado, “The Favourite” vai dar que falar.
“Mary Queen Of Scots” – Outro filme histórico que pode surpreender a Academia. A realizadora é a britânica Josie Rourke, que juntou uma equipa de produtores com extensa carreira em filmes deste género no cinema, como Tim Bevan e Eric Fellner (“The Theory Of Everything”, “Darkest Hour”). O papeis principais serão interpretados pelas atrizes Saoirse Ronan (Mary), e por Margot Robbie (Queen Elizabeth I).
“If Beale Street Could Talk” – Depois do sucesso de “Moonlight”, que venceu o Óscar de Melhor Adaptação em 2017, esta produção do norte-americano Barry Jenkins cria várias expectativas na Academia. O filme é baseado no romance de James Baldwin, e acompanha Tish (Kiki Layne), que luta para livrar o seu marido de uma acusação criminal injusta, a tempo de o ter em casa para o nascimento de seu bebé. O tema do racismo volta a estar em foco, tornando o filme de grande apelo popular.
“Beautiful Boy” – O filme do cineasta belga Felix Van Groeningen vai contar com uma das estrelas em ascensão, falamos do jovem norte-americano de 22 anos Timothee Chalamet. Depois do sucesso em “Lady Bird”, e “Cham-me Pelo Teu Nome”, Timothee Chalamet (Nic Sheff) vai ser filho de Steve Carell (David Sheff), que vai ter de saber lutar contra o vício do filho em metanfetaminas. A Academia pode ver com ‘bons olhos’ este drama familiar, sendo mesmo um dos destaques do ano.
“Green Book” – É o grande vencedor do “People’s Choice Award” no Festival de Toronto deste ano. “Green Book” junta Viggo Mortensen (Tony Lip), e Mahershala Ali (Don Shirley) no grande ecrã. O realizador é o norte-americano Peter Farrelly, e este conta-nos a história de um trabalhador ítalo-americano de classe operária (Viggo Mortensen) que se torna motorista de um pianista afro-americano (Mahershala Ali) durante uma turnê pelo sul dos Estados Unidos, nos anos 60.
“Widows” – Steve McQueen, vencedor do Óscar de Melhor Filme com “12 Anos Escravo” em 2014, é o “homem forte” por detrás do filme que junta actores como Liam Neeson, Colin Farrell, Viola Davis, e Michelle Rodriguez. O filme do realizador britânico conta-nos a história de quatro viúvas que entram para o mundo do crime, de forma a tentar honrar a missão que os seus ex-maridos não conseguiram completar. Gillian Flynn, que escreveu a história de “Gone Girl”, é também responsável pela escrita de “Widows”, juntamente com Steve McQueen.
“The Ballad Of Buster Scruggs” – É o retorno de Ethan e Joel Coen. Os norte-americanos trazem um western, que conta com a participação de James Franco, Tim Blake Nelson, Liam Neeson, entre outros. Pensado inicialmente como uma mini-série, o filme conta agora com 6 histórias curtas, todas centradas em Buster Scruggs. “The Ballad Of Buster Scruggs” venceu recentemente o prémio de Melhor Guião no festival de Veneza. Os irmãos Coen, durante a sua carreira, venceram 4 Óscares, 3 deles com o filme “No Country For Old Men”, de 2007.
“Bohemian Rhapsody” – Demorou, mas chegou. Rami Malek, tão conhecido como “Mr. Robot”, é quem dá vida ao eterno vocalista dos Queen, Freddie Mercury. O realizador do filme é o nova-iorquino Bryan Singer, responsável pela saga “X-Men”. Toda a especulação que se criou até ao início da produção do filme, faz com que as expectativas sejam elevadas. Este vai retratar a ascensão dos britânicos Queen, com foco em Freddie, retratando o desafio de conciliar a fama e o sucesso com o lado pessoal. A história de Freddie Mercury sempre despertou curiosidade entre muitos, o que aliado ao êxito de outras biografias musicais como “Ray”, “Bird”, ou “I’m Not There”, faz de “Bohemian Rhapsody” um filme há muito aguardado.
“Black Panther” – Surpreendeu o público e a crítica, recebendo aclamação mundial. O herói da Marvel é interpretado por Chadwick Boseman, o príncipe de T’Challa, que retorna a Wakanda para a cerimônia de coroação, após a morte do pai. Com o apoio de outra tribos, o Pantera Negra procura Ulysses Klaue (Andy Serkis), que roubou de Wakanda um punhado de vibranium poderoso, e valioso. O realizador é o norte-americano Ryan Coogler (“Creed”), sendo que o filme nas categorias técnicas terá uma presença muito forte.
“Boy Erased” – É o segundo filme, como realizador, do australiano Joel Edgerton, e este conta-nos a história de um rapaz que passa por um programa de “cura gay”. Esse rapaz, de 19 anos, é Lucas Hedges (Garrard), que entrou em filmes como “Lady Bird”, ou “Manchester By The Sea”. O elenco vai contar também com Nicole Kidman (Nancy Conlon), e Russell Crowe (Marshall Conlon), pastor da igreja baptista, como pais de Garrard. O filme passa-se numa pequena cidade conservadora do Arkansas, levantando vários debates, como a homossexualidade em sociedades, e meios conservadores. Um filme que terá a atenção da Academia.
“Marry Poppins Returns” – É a grande aposta da Disney, com Emily Blunt a assumir o papel da famosa personagem Marry Poppins. O realizador é o norte-americano Rob Marshall (“Chicago”, “Into The Woods”), não esquecendo também a presença de Meryl Streep (Topsy) no elenco. Numa Londres abalada pela Grande Depressão, Mary Poppins (Emily Blunt) desce dos céus novamente com seu fiel amigo Jack (Lin-Manuel Miranda) para ajudar Michael (Ben Whishaw) e Jane Banks (Emily Mortimer), agora adultos trabalhadores, que sofreram uma perda pessoal. O trailer e as imagens já divulgadas deixaram todos a desejar por mais.
“Backseat” – Ainda pouco foi revelado acerca deste filme, contudo este tem dado muito que falar. Isto porque, Christian Bale é quem assume o papel principal, Dick Cheney, o vice-presidente americano mais influente da história, sendo possível confirmar mais uma grande transformação física do actor, natural do País de Gales. A realização do filme está encarregue do norte-americano Adam Mkcay, e consta ainda no elenco Amy Adams, Steve Carell, ou Sam Rockwell.
“Destroyer” – É a história da detetive policial Erin Bell, em busca de paz, ao se reconectar com pessoas que fizeram parte do seu passado distante. Essa detective é nada mais, nada menos, que Nicole Kidman. A atriz australiana/norte-americana poderá ser uma das candidatas ao Óscar de Melhor Atriz, elevando assim o filme realizado pela norte-americana Karyn Kusama. O elenco vai contar com atores como Sebastian Stan, ou Bradley Whitford. “Destroyer” estreia a 25 de dezembro de 2018.
“Ready Player One” – É o mais recente trabalho de Steven Spielberg, vencedor de 3 Óscares, merecendo assim a atenção da Academia. O filme retrata o personagem Wade Watts (Tye Sheridan), num futuro distópico, em 2045, onde a humanidade prefere a vida virtual em detrimento do real. Trata-se do jogo OASIS, onde o criador do jogo, o excêntrico James Halliday (Mark Rylance) morre, e os jogadores devem descobrir a chave de um quebra-cabeças, de forma conquistar sua fortuna inestimável. O filme revela um trabalho de estúdio excelente, com câmaras em primeira pessoa, efeitos especiais, ou a própria imersão do espectador no dito jogo. Nota positiva também para a vibe anos 80, abrangendo assim o público “fora” da realidade dos vídeo-jogos.
“Isle Of Dogs” – É a segunda investida de Wes Anderson neste tipo de animação, e o resultado foi surpreendente – a primeira produção deste género foi “Fantastic Mr. Fox”, de 2009. Com “Isle Of Dogs”, o norte-americano pode ter grandes hipóteses em ser premiado, principalmente nas áreas técnicas. Depois de um político banir todos os cães da cidade, e os condenar a uma ilha de lixo, um jovem de 12 anos, Atari Kobayashi, persegue a busca pelo seu melhor amigo, Spots. Entre os actores que dão voz aos personagens do filme, na maioria cães, estão Bryan Cranston, Edward Norton, Bill Murray, ou Scarlett Johansson.
“A Quiet Place” – De novo Emily Blunt no papel principal, mas desta vez num thriller/terror moderno. O filme é realizado pelo norte-americano John Krasinski, que também participou na produção do filme de 2016, “Manchester By The Sea”. Este é o seu primeiro filme de destaque, tendo recebido bastantes elogios por parte da crítica e do público, sendo um possível representante do terror/suspense na luta pelo Óscar. O filme conta a história de uma família que é perseguida por uma entidade fantasmagórica, e para se protegerem, eles devem permanecer em silêncio absoluto, pois o perigo é ativado pela percepção do som.
“At Eternity’s Gate” – Willem Dafoe é Vincent Van Gogh, numa biografia que, pela curiosidade existente à volta do pintor holandês, promete dar que falar. O filme irá retratar a viagem dentro do mundo, e da mente de uma pessoa que, apesar do cepticismo, do ridículo e da doença, criou algumas das obras de arte mais adoradas e impressionantes do mundo. O cineasta e pintor norte-americano, Julian Schnabel, é quem realiza este filme. Schnabel foi o criador de obras como “Before Night Falls”, ou “The Diving Bell and the Butterfly”.
“The Miseducation of Cameron Post” – Mais um filme que aborda o tema da homossexualidade. Contudo, estamos perante o grande vencedor do prémio Grande Júri, no Festival de Sundance deste ano. Chloe Grace Moretz é Cameron Post, uma jovem adolescente que beija a rainha do baile, e é apanhada pela sua tia conservadora, levando assim Cameron a ser enviada, contra sua vontade, para um de centro de recuperação de jovens gays. A realização da norte-americana Desiree Akhavan foi apontada como um grande sucesso, sendo que o filme fica em boa posição nos Óscares.
“The Old Man And The Gun” – É o último filme de Robert Redford, e só por isso, merece uma atenção especial. Este vai ter como último papel, um criminoso que durante a vida teve várias vezes preso, e conseguiu sempre fugir. Para fugir desta vida, Forrest Tucker (Robert Redford), decide partir para um asilo comunitário. E a forma com este decide festejar esta mudança de vida é… cometendo mais um crime. Cassey Affleck (John Hunt), ou o músico Tom Waits (Waller), são dois exemplos do elenco deste filme. O realizador deste filme é o americano, natural de Wisconsin, EUA, David Lowery. O cineasta tem trabalhos como “A Ghost Story” (2017), ou “Pete’s Dragon” (2016).
“Can You Forgive Me?” – A última sugestão desta lista é mais uma aposta do cinema independente. A californiana Marielle Heller, também ela escritora, é quem realiza o filme, que retrata uma jornalista que decide forjar e vender cartas de personalidades já falecidas. Essa jornalista chama-se Lee Israel, um papel interpretado pela atriz Melissa McCarthy. Esta já deu provas que o seu humor tem muitas linguagens, tal como nos recordamos com o filme de 2015, “Spy”. Este filme será um teste ao lado mais dramático da atriz.