A cerimónia dos Óscares 2022 terá inicio antes mesmo da transmissão ao vivo. A revista Hollywood Reporter avançou e reportou que os prémios de oito categorias serão entregues uma hora antes de o evento começar a ser transmitido. A palavra da vez é “agilidade”.
Um comunicado foi enviado aos nomeados e membros da Academia nesta terça-feira (22) informando as mudanças na transmissão deste ano. O resultado das oito categorias antecipadas com o discurso dos vencedores será transmitido em algum momento da exibição ao vivo.
De acordo com Entertainment Weekly, o comunicado enviado pela Academia explica que as mudanças serão feitas para liberar tempo para mais entretenimento e engajamento do público, bem como tentar condensar o tempo da premiação, que costuma acontecer ao longo de mais de três horas.
As categorias que não serão premiadas ao vivo são melhor montagem, design de produção, banda sonora, som, caracterização, curta, curta documental e curta de animação. Nesse sentido, os discursos de agradecimento dos vencedores destas categorias serão gravados, editados e apresentados de forma concisa durante a transmissão.
As categorias que serão apresentas ao vivo são melhor ator, melhor ator secundário, melhor atriz, melhor atriz secundária, melhor longa animação, melhor design de produção, melhor guarda-roupa, melhor realização, melhor documentário (longa-metragem), melhor filme internacional, melhor canção, melhor efeitos visuais, melhor argumento adaptado, melhor argumento original e melhor filme.
Segundo David Rubin, presidente da Academia, a decisão foi tomada para “priorizar a audiência e aumentar o engajamento do público, mantendo o show essencial, cinético e relevante”.
O foco será a audiência do evento:
“Reconhecemos que [o Oscar] é um programa de televisão ao vivo e devemos priorizar a audiência televisiva para aumentar o engajamento dos espectadores e manter o programa vital, cinético e relevante. Este tem sido um importante foco de discussão há algum tempo. Fazemos isso e lembramos também da importância de nossos indicados apreciarem uma experiência única na vida”, declarou David Rubin, presidente da Academia, em um comunicado à imprensa americana.
A mudança vem também um ano após a cerimónia dos Óscares com menos audiência da história, o que gerou transtorno dentro da cúpula da emissora ABC, detentora dos direitos de transmissão do Óscar até 2028 e grande financiadora da Academia. A iniciativa está causando tensão entre os membros da Academia.
“Para ser claro, todos os nomeados em todas as categorias de prêmios serão identificados no ar e os discursos de aceitação de todos os vencedores serão apresentados na transmissão ao vivo. Todos os realizadores e artistas premiados em todas as categorias ainda terão o ‘momento Oscar’ comemorativo que merecem no palco do Dolby, diante de um público extasiado”, segue o comunicado da Academia.
O comunicado se encerra com o enaltecimento de todas as categorias e um pedido de compreensão aos membros votantes e eletivos da instituição.
“Cada ramo da Academia e cada categoria de premiação é indispensável para o sucesso de um filme e vital para esta indústria. Nosso desafio e nosso objetivo é criar um show do Oscar empolgante e simplificado, sem sacrificar os fundamentos de longa data de nossa organização. Agradecemos sua compreensão e seremos gratos por seu apoio inabalável”.
Contudo, tal apelo à compreensão acontece após inúmeras tentativas, por parte da Academia, de tentar salvar o espetáculo da cerimónia dos Óscares e recuperar audiências, recorde-se os três anos sem anfitrião, as três horas de programação a que a cerimónia está obrigada e que retirou quatro categorias ao vivo em 2018, e, em 2019, fotografia, montagem, caracterização e curta-metragem foram anunciadas durante o tempo de intervalo do programa televisivo.
Não se trata, portanto, de uma revolução nos Óscares, antes de escolhas tomadas deliberadamente a favor do entretenimento e que descuram, por completo, a visão cinematográfica de que um filme é um acontecimento a várias mãos, e de que não existem metragens mais ou menos importantes entre si. Há, por conseguinte, discussões nos bastidores dos nomeados a estas categorias, que incluem, por exemplo na banda sonora: Nicholas Britell (“Don’t Look Up”), Germaine Franco (“Encanto”), Jonny Greenwood (“O Poder do Cão”), Alberto Iglesias (“Mães Paralelas”) e Hans Zimmer (“Duna”), para que constituam boicote à cerimónia, segundo a Variety. A American Cinema Editors Board of Directors (ACE) divulgou o seu descontentamento mencionando que “isso envia uma mensagem de que algumas disciplinas criativas são mais vitais do que outras”, Jimmy Fallon e Jimmy Kimmel (que já foi anfitrião da cerimónia) também lamentaram através do humor, satirizando respetivamente, “Se eles realmente querem encurtar a transmissão, talvez apenas pule a parte em que alguém explica o que é um ator“, ou ainda, “resumindo para melhor ator, melhor atriz e melhor filme, e todos nós podemos começar a dormir“.
Como noticiamos, o trio formado pelas atrizes e comediantes Amy Schumer, Regina Hall e Wanda Sykes foi o escolhido para apresentar a cerimónia dos Óscares deste ano. O evento acontece em 27 de março, no Dolby Theatre, em Los Angeles.
Fora que este ano, de forma inédita, a cerimónia está ainda mais diferente. A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS) fechou uma parceria com o Twitter para abrir votação popular. O intuito é aumentar o engajamento do público com a premiação e atrair mais espectadores.
Nessa perspectiva, duas categorias serão definidas pelo público: “filme favorito” e “cena favorita”. Para votar, basta twittar a hashtag #OscarFanFavorite junto do título do filme (em inglês) ou a hashtag #OscarsCheerMoment junto com a cena favorita.