Na última sexta-feira (27/01), a agência Reuters reportou que Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS) está revisando as campanhas de nomeações aos Óscares 2023.
Segundo o veículo britânico, a revisão foi motivada após uma reportagem de Matt Belloni, do site Puck News, levantar questões sobre a nomeação surpresa da atriz britânica Andrea Riseborough por “To Leslie”.
Em comunicado, a AMPAS disse que a organização estava “conduzindo uma revisão dos procedimentos de campanha em torno dos indicados deste ano, para garantir que nenhuma diretriz fosse violada”. A nota não citou Riseborough.
A revisão também visa “nos informar se mudanças nas diretrizes podem ser necessárias em uma nova era de mídia social e comunicação digital”, disse o comunicado.
No longa de Michael Morris, Riseborough interpreta uma mãe solteira alcoólatra. A nomeação na categoria de Melhor Atriz deixou a comunidade crítica com uma pulga atrás da orelha, os especialistas não esperavam que ela estivesse no páreo. Sejamos sinceros, sem juízo de valor, a nomeação de Riseboroug barrou Viola Davis e Danielle Deadwyler, ambas atrizes negras, celebradas pelos desempenhos em “A Mulher Rei”, de Gina Prince-Bythewood e “Till”, de Chinonye Chukwu, respectivamente.
Em artigo especial para o Entre Telas, do portal brasileiro Terra, o jornalista Marcel Plasse, do Pipoca Moderna, avalia que a atriz e o longa passaram em branco na maioria das premiações da temporada, não tiveram muita repercussão na mídia nem investiram numa campanha massiva para buscar a nomeação.
Plasse destaca que tal acontecimento é algo totalmente incomum na premiação. Entretanto, o jornalista sublinha que a Academia teria percebido que os produtores do filme tomaram alguns atalhos irregulares para conseguir essa façanha.
A reportagem de Matt Belloni, acusa que McCormack foi atendida por várias estrelas de peso, como Sally Field, Liam Neeson, Jane Fonda, Laura Dern, Catherine Keener, Geena Davis e Mira Sorvino, que fizeram publicações sobre o longa nas redes sociais. Além disso, Charlize Theron, Gwyneth Paltrow, Demi Moore, Courteney Cox e Edward Norton envolveram-se em sessões especiais para votantes da Academia, convocando eleitores dos Óscares.
Sobre esse ponto, o boletim da Academia relatou que a esposa de Morris, a atriz Mary McCormack, e amigos “enviaram e-mails e ligaram para vários membros do ramo de atores da Academia, implorando-lhes que assistissem ao drama alcoólico pouco assistido e postassem online sobre a atuação marcante de Riseborough”.
Analisando o ocorrido, Plasse alerta que este tipo de campanha, com apelo direto e nominal a votantes, é proibida pela Academia, que permite apenas comunicação genérica – que custa cara – com disparos de e-mail pelos próprios servidores da entidade e via anúncios na mídia paga.
Plasse ressalta que diante da ameaça da Academia, vários artistas tem protestado contra as suspeitas e manifestado apoio à atriz. Plasse lembra que produções independentes têm muito mais dificuldade em promover seus talentos, diante das campanhas milionárias dos grandes estúdios, e a única forma de haver um mínimo de equilíbrio são táticas de guerrilha.
“Temos confiança na integridade de nossos procedimentos de nomeação e votação e apoiamos campanhas genuínas de base para desempenhos excepcionais”, disse o comunicado da Academia.
O corpo de governança da instituição vai reunir-se na próxima terça (31/1) para decidir se houve violação nas regras da cerimónia. Se comprovada a violação, o nome de Riseborough será retirado da lista de nomeados, que ficará com apenas quatro atrizes (não haverá substituição). Iremos acompanhar o desenrolar dessa história.
Confira aqui as regras para a promoção de filmes elegíveis para a 95ª edição dos Óscares.
A cerimónia da 95.ª edição dos Óscares será apresentada pelo humorista Jimmy Kimmel a 12 de março de 2023, no Dolby Theatre.