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Óscares: 6 atores nomeados ao prémio por um mesmo personagem

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Longe dos holofotes e do aplauso do público, a jornada de um ator inicia-se muito antes da estreia de um espetáculo ou filme. Meses de meticulosa preparação se desenrolam, construindo o personagem e esboçando as falas que darão vida à história. Uma imersão profunda que exige concentração e entrega total, um trabalho árduo em si mesmo.

No teatro, a remontagem de uma peça permite que diferentes atores interpretem o mesmo papel, formulando suas próprias nuances e interpretações.

Já no cinema, essa reinterpretação é menos frequente, geralmente ocorrendo em refilmagens de clássicos ou em sequelas de grandes produções.

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É nesse contexto que destacamos a conquista de atores que foram nomeados aos Óscares por interpretar o mesmo personagem.


1 – Heath Ledger e Joaquin Phoenix

O Coringa, arqui-inimigo do Batman, supera a mera figura vilanesca. Sua complexa personalidade, permeada por nuances de loucura, genialidade e caos, o torna um dos personagens mais fascinantes da cultura pop.

E quando se trata de adaptações cinematográficas, vários nomes destacam-se: Jack Nicholson, Heath Ledger, Jared Leto, Joaquin Phoenix e Barry Keoghan.

 

Entretanto, até agora, o personagem chamou a atenção da Academia somente em duas ocasiões: em “O Cavaleiro das Trevas” (2008), de Christopher Nolan, e em “Joker” (2019), de Todd Phillips.

Em “Batman: O Cavaleiro das Trevas” (2008), Ledger entrega uma performance visceral e inesquecível. Sua caracterização, marcada por uma maquiagem caótica e uma voz rouca e gutural, traduz a essência do Coringa como um agente do caos.

 

A imprevisibilidade de seus atos e a filosofia niilista que professa o colocam como um verdadeiro pesadelo para o Homem-Morcego. A atuação de Ledger foi aclamada pela crítica e rendeu-lhe o Óscar póstumo de Melhor Ator Secundário na 81ª edição.

 

Em “Joker” (2019), Phoenix apresenta uma versão mais introspectiva do personagem. A história explora a fragilidade mental de Arthur Fleck, um comediante fracassado que, após sucessivas frustrações, mergulha em um caminho de violência e loucura.

 

A atuação de Phoenix é marcada por uma profunda carga emocional, revelando a dor e a angústia que alimentam a persona do Coringa. Sua performance rendeu-lhe o Óscar de Melhor Ator na 92ª edição do prémio.

 

Embora distintos em suas abordagens, Ledger e Phoenix oferecem interpretações complementares do Coringa. Ledger personifica o caos e a anarquia, enquanto Phoenix explora a psique fragmentada do personagem.

2 – John Wayne e Jeff Bridges

Lenda do cinema norte-americano, John Wayne personificou a masculinidade e o heroísmo nos filmes B e westerns que marcaram a era de ouro de Hollywood. Seus personagens, frequentemente durões e implacáveis, refletiam o ideal americano de força e justiça, capturando a imaginação do público durante décadas.

Ao contrário de Wayne, Jeff Bridges destaca-se por sua versatilidade. Ao longo das décadas de 70, 80 e 90, ele transitou por diversos géneros cinematográficos, desde comédias e dramas até thrillers e ficção científica, consolidando-o como um dos atores mais talentosos de sua geração.

Wayne e Bridges uniram-se ao interpretar o icónico personagem Rooster Cogburn no clássico western “A Velha Raposa”. Em 1969, Wayne deu vida ao personagem na versão original de Henry Hathaway, enquanto Bridges o reinterpretou em 2010 no reboot “Indomável”, dos Irmãos Coen.

 

Contudo, embora Wayne tenha conquistado o prémio de Melhor Ator na 42ª edição dos Óscares e garantido sequências para seu personagem, Bridges não levou para casa o Óscar na mesma categoria em 2011, durante a 83ª edição.

 

3 – Cate Blanchett e Judi Dench

Blanchett é conhecida por sua versatilidade camaleônica. De rainhas majestosas (“Elizabeth”), elfas etéreas (“O Senhor dos Anéis”) a vilãs da banda desenhada (“Thor”), ela transita por diferentes géneros e épocas com desenvoltura. Sua técnica impecável e entrega profunda a cada personagem a colocam entre as atrizes mais aclamadas de sua geração.

Dench, por sua vez, emana força e magnetismo em cada papel. Sua voz poderosa e presença marcante transcendem o ecrã, criando personagens inesquecíveis. De ícones históricos (“Vitória & Abdul”), figuras complexas (“Filomena” e “Iris”) a doces (“Exótico Hotel Marigold”), ela demonstra uma capacidade ímpar de revelar a humanidade e as contradições de seus personagens.

A figura controversa da Rainha Elizabeth I já foi retratada diversas vezes no cinema, com atuações memoráveis que marcaram a história da sétima arte. No entanto, foi na 71ª edição dos Óscares que a personagem gerou um burburinho particular: quando Blanchett e Dench foram nomeadas ao prémio por interpretar a monarca no mesmo ano.

 

Cate Blanchett e Judi Dench competiram em categorias distintas. Blanchett concorria a Melhor Atriz por “Elizabeth”, de Shekhar Kapur, enquanto Dench buscava o prémio de Melhor Atriz Secundária e por “A Paixão de Shakespeare”, de John Madden. Apenas Dench levou o prémio.

 

4 – Anthony Hopkins e Frank Langella

Anthony Hopkins é um dos atores mais aclamados da história do cinema. Sua carreira é repleta de personagens marcantes, desde o icónico Hannibal Lecter em “O Silêncio dos Inocentes” até o poderoso Odin na trilogia “Thor”. Hopkins é conhecido por sua presença cênica avassaladora e por sua capacidade de dar vida a personagens complexos e multidimensionais.

Frank Langella, por sua vez, ganhou destaque tanto no teatro quanto no cinema, notabilizando-se por papéis secundários sóbrios, como em “Capitão Fantástico”, e personagens delicados, a exemplo de “Robot & Frank”.

Dar vida ao controverso presidente americano Richard Nixon é um desafio que poucos atores se atreveriam a enfrentar. Anthony Hopkins e Frank Langella, no entanto, não apenas aceitaram o desafio, como entregaram performances incríveis.

 

O que lhes assegurou uma nomeação ao Óscar de Melhor Ator: Anthony Hopkins, em 1995, por “Nixon”, e Frank Langella, em 2008, por “Frost/Nixon”.

5 – Marlon Brando e Robert De Niro

A franquia “O Padrinho” consolidou-se como um marco na história do cinema norte-americano. O personagem Vito Corleone, originalmente criado por Mario Puzzo e magistralmente interpretado por Marlon Brando e Robert De Niro, tornou-se um ícone cultural.

Em 1972, Brando dominou o ecrã com sua performance em “O Padrinho”. Com sua caracterização, voz grave e postura imponente, ele capturou a força e a hermética personalidade do chefe da máfia. Merecidamente, Brando foi agraciado com o Óscar de Melhor Ator na 45ª edição dos Óscares.

 

Dois anos depois, em “O Padrinho II”, Robert De Niro deu vida ao jovem Vito Corleone. Sua atuação revelou a ambição e a determinação que moldaram o poderoso líder que ele se tornaria.

 

De Niro conquistou o Óscar de Melhor Ator Secundário na 47ª edição, um feito inédito para o mesmo personagem interpretado por diferentes atores.

 

6 – Rita Moreno e Ariana DeBose

Inspirado na tragédia clássica de Shakespeare “Romeu e Julieta”, “West Side Story” destaca-se como um clássico do teatro e do cinema norte-americano. A história de amor entre Tony e Maria, ambientada em meio à rivalidade entre gangues de Nova York, conquistou o público em duas adaptações para as telonas: em 1961 e 2021.

Em ambas as versões, a personagem Anita, interpretada por Rita Moreno (1961) e Ariana DeBose (2021), assume um papel fundamental na narrativa.

O talento de Moreno e DeBose foi aclamado pela crítica e pelo público, e ambas as atrizes foram recompensadas com o Óscar de Melhor Atriz Secundária por seus papeis.